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domingo, 1 de maio de 2011

Detenção (2010)


Sutileza. Um filme urge por sutilezas e o espectador ama descobri-lás pelo caminho. Para apresentar uma reflexão num filme é preciso muita sutileza, desde quando o diretor ou roteirista opta pelas nuances narrativas ou visuais até quando opta-se pela violência exacerbada. O cuidado na trasmissão da mensagem é essencial. O recente "Detenção" (2010) peca exatamente nisto. A premissa é conhecida: homens comuns que precisam de dinheiro são colocados em cárcere, vivendo situações-limites dque incitam a violência e o lado feroz do ser humano, forçando-os a ir de encontro ao Estado Natural ("Olho por olho e dente por dente") durante duas semanas.

A premissa é bastante batida, mas sempre se mostra convidativa. O que preocupa, porém, é a falta de inovação e a coincidência com a cartilha seguida por muitos filmes B parecidos com este. O tempo de "O Senhor das Moscas", sobre o qual escreverei em breve aqui, passou pelo visto...A discussão acalourada sobre os limites do controle e do poder passa longe de "Detenção" e termina frustrando tanto o espectador em busca de uma diversão passageira como aquele que procura um bom filme independente.

A narrativa pouco fluída de "Detenção" é responsável por piorar ainda mais o quadro já apresentado. O que se salva realmente é o fascinio que a temática ainda consegue despertar, pois é natural e esperado que o espectador coloque-se no lugar dos personagens e busque exercitar sua própria auto-critica na medida em que sugestionam saídas e novos dogmas para conviver forçadamente em harmonia com tantos estranhos morais.


O trabalho dos atores é bom, nunca ótimo, certamente por falta de direção e pelo roteiro que não contribui para o sucesso da empreitada cinematográfica. Adrien Brody, cujo trabalho admiro muito, está apenas correto ao lado do também oscarizado Forrest Whitaker, que por sua vez, já mostra maior versatilidade, uma vez que interpretou em "Fora do Controle" uma personalidade quase oposta a apresentada neste longa. Cita-se também o bom trabalho de ambientação e caracterização dos atores assim como o trabalho de continuidade feito para retratar a passagem dos dias na prisão.

Num outro giro, há de se falar das questões morais que nunca deixam a desejar quando se trata desse tema, sempre e sempre encantam e encantarão. Até onde o homem pode ir sem partir para a lei dos mais fortes? Até aonde os freios inibitórios da ética e da justiça dos dogmas do Direito podem segurar a fúria do animal humano? Neste sentido, destaca-se uma cena em que os prisioneiros do longa agem como macacos, se pendurando nas celas e grunindo como bichos que são (?), talvez a melhor cena do fraco longa de boas intenções que não soube se desenvolver como deveria as mais persistentes questões a respeito da natureza humana.

Passando por conclusões importantes ("Somos melhores que os macacos porque ainda temos jeito"), aos trancos, barrancos e deixando pelo caminho questões mal resolvidas (Como e por que o personagem do Forrest tornou-se um lider implacável na prisão?) ou dispensavéis (como a esquecivel namorada do número 77), o longa do diretor do seriado Prision Break promove discussões boas, sim, mas perde na comparação com outras obras que tratam do tema. É uma pena, faltou ousadia e sobrou convencionalismo.

Nota: 4.5

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