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terça-feira, 10 de maio de 2011

Estrada Para Perdição (2002)


Depois que um diretor faz de sua estréia nas telas um fenômeno, tanto de público quanto de crítica, obviamente, seu projeto seguinte será revestido sobre altas expectativas e muito aguardo. Sam Mendes foi mais do que simplesmente certeiro em seu primeiro trabalho no cinema, pois com além de estabelecer um confronte a sua própria sociedade, Beleza America (American Beauty [1999]) conseguiu destruir as máscaras que tapavam o verdadeiro modo de vida das famílias norte americanas, despindo o ambiente urbano daquele fajuto “véu de perfeição” que o cobria. O sucesso dessa obra foi tão arrebatador, que além de números comerciais, este filme rendeu a Mendes, logo de cara, um Oscar de Melhor diretor, além outros inúmeros prêmios que adquiriu junto com sua realização.

Como não poderia deixar de ser, Mendes realizava um projeto que, ainda que fugisse dos elementos formados por Beleza Americana, enfocava-se no mesmo ponto que tanto se propaga em sua carreira como diretor: as relações familiares. Eis que Estrada Para Perdição nascia revestido sobre um papel chamativo, pois o que víamos ali era um filme sobre a máfia, feito a moda antiga, trazendo os elementos mais primordiais nesse gênero cinematográfico. Entretanto, esta obra se distancia do que sugere a princípio, pois além de se estabelecer somente como um filme a apresentar os bastidores dessa organização criminosa, Estrada Para Perdição revela o amadurecimento emocionante da relação entre um pai e seu filho, e durante a jornada daqueles dois seres, a máfia torna-se apenas um palco para demonstrar que mesmo sobre as mais difíceis situações, o vínculo afetivo mantém-se sempre firme e intacto.

Estrada Para Perdição tem seu roteiro baseado em um famoso HQ, e consiste em narrar a trama de Michael Sullivan (Tom Hanks), que durante os tempos difíceis da Grande Depressão Americana, trabalha para John Rooney (Paul Newman), um grande chefão da máfia, tendo este como um pai. Essa relação causa os ciúmes do filho verdadeiro de John, Coonor, que utiliza o fato do filho de Michael acidentalmente ter presenciado um dos “serviços” que seu pai executou. Dessa maneira, Coonor manda executar toda a família de Sullivan, matando sua esposa e seu filho caçula. Então, Sullivan enfrenta uma jornada para proteger seu filho, fazendo com que essa relação vá desenvolvendo-se aos poucos, nutrindo os laços de ambos, da mesma forma que o instinto de vingança ainda permanece aceso no coração daquele mafioso profissional.


Diferente de Beleza Americana, que contava com uma estética que destacava cada cor naquele cenário urbano, Estrada Para Perdição contém uma cenografia sombria, escura, em que todo a sua ilustração cenográfica rima com a melancólica história que conta. A atmosfera do filme é densa, carregada de negatividade, ainda que traga consigo uma reflexão bela sobre as relações familiares, e os bons frutos que estas trazem quando há a união entre seus componentes. Michael e Michael Sullivan Jr. Protagonizam a mensagem do quão significativa, absoluta e plena pode ser a relação de um pai com seu filho.

Mendes narra a trama que possui em mãos de forma poética, como se estivesse recitando cada fato ali presente. Essa leveza em sua narrativa impede que o filme seja desagradável ou desafiador ao ser visto, mesmo que contenha sua carga negativa, como já supracitado. A beleza gráfica desta obra é algo realmente sobressaltante, algo que mesmo que espectador se encontre indiferente a trama que lhe for apresentada, jamais poderá deixar em segundo plano o apuro técnico que cabe a este filme, que se constrói como uma linda experiência visual.

Estrada Para Perdição é um filme belo, em sentidos externos e internos, pois além de providenciar um deleite para nossas pupilas, faz com que sua singela e honesta mensagem ecoe por entre o público, proporcionando a reflexão de seu espectador logo após os créditos finais se despedirem da tela. Realmente, o cineasta acertou neste segundo passo de sua carreira, e ainda que não tenha sido tão glorioso quanto o primeiro (que no caso é sua obra-prima máxima), esta realização faz-nos acreditar que são nomes como o de Sam Mendes que impulsionam a qualidade cinematográfica atual apenas para a frente.

Nota: 8.0

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