Um dos piores defeitos do ser humano é a vaidade, a ambição, o desejo de ter o que não pode ter. O que você faria se pudesse, de uma hora para outra, realizar seus desejos com um simples estalo de dedos? Você agarraria a oportunidade e sacearia sua vontade material, ou procuraria recusar para, logo depois, sentir um amargo arrependimento? Creio que seria impossíl dizer não, afinal, somos seres humanos, e como tais, temos nossas fraquezas, e somos suscetíveis a elas. É sobre este desejo ao material que trata O Advogado do Diabo.
Kevin Lomax é um advogado interiorano que nunca perdeu um caso. Quando é contratado por John Milton, dono do maior escritório de advocacia de Nova Iorque, sua vida parece que irá dar uma guinada. Só que diversas aparições demoníacas começam a atormentar a vida de sua linda esposa...
O Advogado do Diabo é daqueles filmes que, se não ganham nada com o tempo, tão pouco perde alguma de suas virtudes. Mesmo nos dias de hoje, o debate proposto pelo filme se mostra atual: o que fariamos se tivéssemos, diante de nós, a chance de ter o poder para realizar tudo o que queremos? Dinheiro, poder, tudo isto traz a perfeição, e é quase impossivel recusar isto, afinal, todos nós temos nossas ambições e sonhos para serem preenchidos.
Particularmente, isto já faz do filme um clássico para mim. Exagero? Talvez, mas o fato é que este é uma experiência única, daquelas que conseguem mexer profundamente com nossos sentimentos. Mérito do diretor Taylor Hackford, que soube trabalhar muito bem com o material que tinha em mãos. Existem exageros, de fato (o discurso final soa um tanto moralista demais), mas tanto roteiro quando direção conseguiram atingir seus objetivos.
Não apenas isto, o filme traz uma das melhores atuações de Al Pacino, ator imortalizado pelo papel de Michael Corleone na trilogia O Poderoso Chefão. Hoje em dia, não vemos mais Pacino se divertir tanto num papel quanto neste aqui. Em um papel de dificil incorporação, Pacino se mostra muito à vontade, sendo que seu momento máximo no filme é quando dubla uma canção.Grandiosidade maior, impossível!
Em contraponto, Keanu Reeves (que mais tarde, viria a explodir com o sucesso de Matrix) faz o que pode como o protagonista Kevin, mas sem jamais chegar ao mindinho do pé de Pacino. Já a sempre bela Charlize Teron realiza um trabalho destacável, inclusive protagonizando uma cena de sexo quentissima.
A trilha sonora é muito bem impregada, e surge sempre nas horas corretas, traduzindo muito bem o clima de suspense de algumas cenas (particularmente, ela alcança seu ponto alto no clímax). Destaque também para a exuberante fotografia, que exala um tom sombrio que algumas cenas não conseguiriam transmitir sozinhas. Uma indicação ao Oscar para este quesito não teria sido de todo ruim.
Realizando um excepcional estudo sobre até onde o ser humano pode chegar com sua ambição, O Advogado do Diabo não é nenhuma obra-prima (e nem se propõe a isso), mas consegue ser marcante ao seu modo. Consegue levar a reflexão, mas necessita ser assistido mais de uma vez para ser completamente entendido. E isso é um mérito.
Nota: 8.0
Nenhum comentário:
Postar um comentário