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domingo, 1 de maio de 2011

O Gabinete do Dr. Caligari (1920)


O cinema mudo sempre exerceu um grande fascínio sobre mim – e pra ser sincero, nem sei o porquê. Talvez seja o fato de que, em meio aos filmes barulhentos que bombardeiam os cinemas na Hollywood de hoje, os filmes mudos nos proporcionam uma experiência unicamente de imagem e som. De certa forma, são filmes que exigem uma atenção redobrada, já que para conseguir mergulhar no filme, é preciso vidrar nas expressões dos atores e apurar os ouvidos para a trilha sonora, único tipo de som usado nos filmes deste tipo.

Num pequeno vilarejo da fronteira holandesa, um misterioso hipnotizador, Dr. Caligari (Krauss), chega acompanhado do sonâmbulo Cesare (Veidit) que, supostamente, estaria adormecido por 23 anos. À noite, Cesare perambula pela cidade, concretizando as previsões funestas do seu mestre, o Dr. Caligari.

O Gabinete do Dr. Caligari traz mais do que uma simples experiência muda. Lançado em 1920, o filme foi dirigido pelo alemão Robert Wiene, que com este filme, inaugurou a época do Expressionismo Alemão, que se tornou um movimento popular em sua década, e influenciou muitas obras lançadas posteriormente. Para os que não sabem, o Expressionismo Alemão caracteriza-se pela expressão dos sentimentos e emoções do autor, que incluem uma profunda aproximação ao gótico, ao sombrio (e isto pode ser atestado nos cenários originais e criativos do filme), além das critícas ao racionalismo.

E mesmo com quase um século de existência, O Gabinete do Dr. Caligari mantém sua relevância para o cinema, sendo não apenas um produto de curiosidade, mas um programa absolutamente obrigatório aos que se consideram verdadeiros cinéfilos. O que não quer dizer que existam problemas, é claro.


O filme possui várias versões pelo mundo afora, e a mais conhecida é a que possui 51 minutos (embora exista uma versão francesa de 78 minutos). E mesmo com menos de 1 hora de duração, o filme alcança um nível de qualidade poderoso, seja pelo roteiro brilhante roteiro, pelas atuações marcantes ou pela direção precisa de Wiene.

O mais interessante é mesmo o roteiro, que inclui reviravoltas, flashbacks e aquele que é considerado o primeiro final surpresa do cinema (não à toa, também é considerado o primeiro filme de terror a ser feito). Tudo é muito bem trabalhado e calibrado, desenvolvido de forma que o espectador consiga imergir profundamente na história.

As interpretações são fenomenais, caricatas na medida certa. Particularmente, Conrad Veidt está impecável como o bizarro Cesare. Mas não é apenas as expressões exageradas que fazem o filme, elas vem acompanhada de uma trilha sonora absurdamente sinistra, que se não manteve o mesmo impacto de outrora, ainda consegue gerar alguns arrepios.

O grande problema de O Gabinete do Dr. Caligari é a pouca importância que ele apresenta para o cinema atual. Isto não diminui a obra em importância, de forma alguma, apenas já não possui tanta influência quanto em sua época. Mas em nenhum momento isto gera algum desinteresse, pois a história que marca a trajetória do filme, já é suficiente para torná-lo um programa obrigatório, especialmente para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre a história do cinema.

Nota: 8.0

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