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quinta-feira, 5 de maio de 2011

O Albergue (2005)


Logo no começo dos anos 60, o diretor Alfred Hitchcock aterrorizou platéias do mundo todo com aquele que ainda é considerado a obra-prima do suspense, Psicose. Se foi preciso baldes e mais baldes de sangue para gerar essa reação no público? Não, apenas um grande nível de tensão e cenas psicologicamente pertubadoras (como a clássica cena do esfaqueamento no chuveiro) fizeram a fama deste grande clássico do cinema.

Hoje, a coisa é diferente. Com o esgotamento de idéias que Hollywood vem sofrendo desde muito tempo, a única solução encontrada para manter a atenção no gênero é apostar em um grande número de sangue e mutilações na tela. Em alguns casos, deu certo (O Albergue), mas em outros, tudo saiu completamente errado (e os exemplos são tantos que nem vale mencioná-los aqui). O Albergue, dirigido por Eli Roth (Cabana do Inferno), consegue ficar em cima do muro neste quesito.

Paxton (Jay Hernandez) e Josh (Derek Richardson) são dois mochileiros americanos, saindo pela Europa em busca da diversão de sempre, sexo, drogas e tudo mais o que puderem ter. No meio da jornada, ambos se juntam a um mochileiro islandês, Oli (Eythor Gudjonsson), para vivenciar a farra de suas vidas. Juntos eles, por intermédio de um "amigo", vão parar na Eslováquia, onde lhes foi dito que iriam achar as melhores mulheres da Europa. Ao chegar no albergue recomendado, os três conhecem Natalya e Svetlana (Barbara Nadelyakova e Jana Kaderabkova, respectivamente), duas belas moças que se apresentam dispostas para qualquer fantasia que tenham. Mas, no ápice dessa viagem, Oli desaparece. Quando os amigos tentam ir embora, eles se veem numa terrível armadilha mortal para estrangeiros.

Um dos melhores toques do roteiro (também escrito pelo diretor) é apresentar os personagens como jovens comums, descompromissados com a vida, que buscam apenas sexo e muita diversão. Inclusive, a primeira meia hora de filme possui uma narrativa que flerta com American Pie, com muita sacanagem e mulheres nuas. Portanto, é um choque tremendo quando o filme assume, definitivamente, sem tom de horror. De repente, aqueles três personagens comuns sem vêem diante de uma situação que envolvem suas próprias vidas. E a partir disso, Roth vai atenuando o clima de tensão, que consegue prender o espectador como poucos do gênero o fazem hoje em dia.


Interessante também notar a ironia com que Roth trata os temais mais delicados da trama: até onde vai o desejo do ser humano por sangue? O sadismo pode ser considerado um meio de aliviar a excitação? É correto machucar os outros apenas por prazer e dinheiro? É o ser humano usado como produto, e Roth não mostra pudores ao evidenciar isso por meio de cenas absolutamente nojentas, repletas de um sadismo absolutamente psicótico.

Mas quando o filme termina, é inevitável se perguntar: e ai? Pra que serviu tudo aquilo? Por acaso Roth achava que ver pessoas sendo toruradas e mutiladas é algo realmente divertido? Para os que curtem o gênero, talvez sim. Mas no fundo, O Albergue não passa de um produto completamente banal e gratuito. Se tem tensão? Sim, e bastante, mas nada a ponto de torná-lo marcante. Não traz nada de inovador, nada que outros filmes já não tenham mostrado. E aqui, vemos a junção do resultado negativo e positivo de um terror que aposta somente nos baldes de sangue.

Mas O Albergue possui méritos suficiente para torná-lo assistível, por mais ilógico que possa parecer. Além de manter um bom nível de tensão psicológica, as locações exóticas e sombrias da Eslováquia magnetizam o espectador, não apenas por sua beleza, mas também por ser um dos principais fatores da instauração do clima do filme.

Mas como já foi dito, o filme não passa de um programa banal, que até aborda temas interessantes acerca dos limites do ser humano, mas infelizmente, não os leva adiante. Mesmo sendo um filme descompromissado, não seria pedir um estudo melhor sobre o tema. Bom? Sim, mas descartável logo em seguida.

Nota: 6.0

5 comentários:

  1. É um filme bastante pesado, de conteúdo demasiado gráfico, mas não deixa de ser assistível, como dizes.

    Sarah
    http://depoisdocinema.blogspot.com

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  2. Não vi este "Albergue", pois a proposta que o mesmo propõe definitivamente não me interessou.

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  3. O filme cumpre sua proposta, mas prefiro 'O Albergue 2'!

    http://filme-do-dia.blogspot.com/

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  4. Um filme muito bom. Exploitation de primeira. Faz uma excelente utilização do Gore como poucos na atualidade para regar a atmosfera macabra. Um banho de sangue com sentido. A imagem de Lucio Fulci no cinema atual.

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  5. Não consigo gostar desse filme. As doses de humor que eles tentam implantar durante a história é muito forçada, assim como as tais "cenas fortes" que existem nele.

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