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domingo, 29 de maio de 2011

O Amor Acontece (2009)


É sempre perigoso quando se decide comentar sobre uma comédia romântica. Assim como o próprio gênero hoje em dia, você corre o risco de cair na mesmice, deixando seu discurso pessoal sobre o filme tão enfadonho quanto o mesmo. Mas vez ou outra, surge algum exemplar do gênero que traz algo novo a ser discutido, seja para o bem ou para o mal, e O Amor Acontece é mais um destes exemplos. Não, não traz absolutamente nada de novo, e o que há de mais interessante a ser discutido sobre ele é sua tentativa descarada de ser um programa de auto-ajuda.

Burke Ryan (Aaron Eckhart) é um escritor viúvo, guru da auto-ajuda, que viaja pelos Estados Unidos autografando sua obra e ministrando workshops sobre como superar a perda de entes queridos. Burke está no auge e é disputado por inúmeras grandes empresas que querem comercializar produtos com o seu nome. Ao conhecer a florista Eloise (Jennifer Aniston), percebe que não está tão seguro da sua recuperação e que nunca conseguiu processar a morte da esposa.

Por muitas vezes, vi o crítico Thiago Macêdo Correa, do site Cine Players, intitular alguns filmes de feel good movie. Creio que O Amor Acontece também mereça ter essa classificação. É daqueles filmes em que o personagem pode estar muito além do fundo do poço, mas lá pelas tantas, surge algo ou alguém que mudará completamente sua vida, ou seja, tudo isso é para fazer o espectador se sentir bem, e ao término do filme, ficar com aquela sensação de que todos os conflitos que acabou de presenciar foram resolvidos.


Não que eu esteja dizendo o cinema não pode trazer lições de moral, pelo contrário, é obrigatório que,  a cada filme, você tente tirar algo de valho para sua vida. Mas é preciso que todos saibam que cinema não é apenas exemplos de vida, lições de moral ou qualquer outro tipo de apelo emocional. Cinema é arte, é beleza, é sutileza, e O Amor Acontece pouco (ou nada) tem de tudo isto.

Além do desnecessário tom moralista, o diretor estreante Brandon Camp (que também assinou o roteiro) peca pela maneira contida com que conduz o filme, exibindo timidez no desenvolvimento de assuntos muito mais relevantes. Burke e Eloise, por exemplo, são pessoas que amparam suas felicidades nos outros ao redor: no caso dele, dos leitores, e no caso dela, das pessoas que compram cartões de amor e flores em sua loja. São típicos cidadãos comuns, mas que lá no fundo, buscam por meio de seus empregos, construir um mundo que os esconda da realidade trágica que atinge cada um de nós. Este é um argumento interessantissimo, que poderia ter rendido algo muito mais positivo, caso Camp não tivesse deixado esta abordagem em segundo plano, optando por uma produção, como já dita, moralista, embalada por um romance sem sal.

As interpretações, entretanto, não são de todo ruins. Aaron Eckhart (de Batman – O Cavaleiro das Trevas) prova que é um ator competente, com uma atuação natural, contida, mas que por isso mesmo cai como uma luva para Burke Ryan. Jennifer Aniston, em contraponto, não traz nada de novo em relação a sua interpretação, com seus costumeiros trejeitos e tiques. Mas agradavelmente, sua química com Eckhart é eficiente, e mesmo com toda a previsibilidade e didatismo da narrativa, conseguem conquistar o espectador, convencendo como casal, e nos fazendo torcer levemente para que tudo acabe bem.


Outro aspecto que merece destaque são os quesitos técnicos, que geralmente também permanecem em segundo plano numa produção como esta. Tanto a direção de arte quanto a fotografia fogem do convencional, assim como alguns interessantes posicionamentos de câmera (com destaque para o momento em que Burke e Eloise assistem a um concerto de rock do alto, literalmente), e mais uma trilha sonora bastante agradável aos ouvidos.

Mesmo com todos os seus erros, O Amor Acontece alcança um resultado mediano, já que no final das contas, consegue seu objetivo de fazer o espectador se sentir bem, e nos faz ficar com um leve sorriso no rosto. Mas isto não seria possível sem a presença de Aaron Eckhart e Jennifer Aniston, já que é um filme exageradamente terapêutico, que devido a toda essa pretensiosidade, termina como um produto descartável e irritante.

Nota: 5.0



2 comentários:

  1. Achei o filme fraquinho.

    E como vc disse, escrever sobre esses filmes não é nada fácil quando queremos escrever algo diferente, sendo que o próprio filme não é diferente de nada hehe.

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  2. Acabei de assistir ao filme na Sessão da tarde. No final acabei chorando porque toca o coração de pessoas sensíveis ou que já passaram por algo parecido. Muitas pesoas perdem seus entes queridos e por um motivo ou outro acabam se culpando por toda uma vida. Sua resenha foi detalhada, porém, muito particular, ou seja, muito subjetiva. Partindo-se desse princípio eu daria nota 8. O filme era para ser do jeito que foi. Sem estrelismos, sem exageros e cenas muito chocantes. Apenas sentimentos retratados de maneira real. Sentimentos são assim. Cansativos. Seu resumo foi excelente. Amei o filme.
    Solange Cavalcante

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