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domingo, 15 de maio de 2011

Onde os Fracos Não Têm Vez (2008)


Prova nítida que os Irmãos Coen, mais em forma do que nunca, são capazes de fazer verdadeiras obras-de-arte.

Não que isso um dia foi posto em dúvida. Muito pelo contrário. Ethan e Joel Coen sempre foram muito felizes e competentes em todos os seus trabalhos. Como exemplo citamos O Homem Que Não Estava Lá, E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?. Grandes filmes liderados por uma garra inigualável dos diretores, que são foram capazes de ir além do que o usual, e transformaram um dos livros mais tensos dos últimos anos em uma superprodução, vencedora de 4 Oscar.

Adaptando do livro "Onde os Velhos Não têm Vez", de Cormac McCarthy, Ethan e Joel Coen comandam uma história forte e muito bem ambientada. Em um elenco riquíssimo, observamos o ator Josh Brolin interpretar Llewelyn Moss, um homem pouco esperto que encontra, dentro de uma picape cheia de cadáveres, uma quantidade considerável de heroína e uma valise com muito dinheiro. Mesmo sabendo que alguém iria atrás do dinheiro, Moss resolve pegara valise para si. É quando entra na sua vida um perigoso assassino psicótico, aqui interpretado maravilhosamente pelo espanhol Javier Bardem, que cria um personagem impiedoso e cruel. Seu nome é Anton Chigurh, que resolve o destino de uma determinada pessoa em um jogo de cara-ou-coroa, um jogo de pura sorte. Obviamente, é dada a partida para uma brincadeira de gato e rato, com Moss fugindo e Chigurh em seu encalço. Recheado de cenas eletrizantes, Onde os Fracos Não Têm Vez é perfeito nas sequências de tais cenas, cujo aproveitamento para a cena seguinte não poderia ser melhor.


Para dar mais tensão e suspense às cenas, uma competente fotografia, comandada pelo experiente Roger Deakins, dá a nítida sensação de algo de muito extraordinário está prestes a acontecer, assim como faz na cena em que Moss se esconde em um quarto de motel, com a suspeita de que Anton está do lado de fora do aposento, ele se posiciona com uma arma em direção à porta. Alguns segundos que parecem uma eternidade de puro suspense servem como deixa para o que vem a seguir.

Tal brilhantismo por parte das sequências é atribuido ao competente trabalho dos irmãos Coen, que além de produzirem e dirigirem, também escrevem o roteiro. Vencedor do Oscar, a adaptação garante diálogos inteligentes e coesos, com a preocupação, já que o filme é de fato complexo, da compreensão do espectador, que a essa altura do filme, já não respira mais.

E não a nada que os Coen não possam fazer por trás das câmeras que Bardem pode fazer em frente as mesmas. Ganhando seu primeiro Oscar, o ator espanhol interpreta de maneira felomenal, em um papel de incrível complexidade, o assassino frio e sem nenhum senso de humor. Com um penteado que vai entrar para a história, Bardem consegue passar ao espectador características que não estavam previstas no roteiro. Além de demonstrar expressões perfeitas de um psicopata, a atuação de Bardem cria momentos, que embora não tenham nenhum pingo de humor, fazem o espectador rir, não em relação às falas do personagem, mas em relação aos seus gestos e expressões.


Felizmente, ele não é o único ator do elenco que vale a pena. Além de Brolin, participações de Kelly MacDonald e Tommy Lee Jones garantem o máximo aproveitamento de um elenco às vezes promissor, outras vezes experiente. Graças aos categóricos diretores, MacDonald, que antes não era vista como uma atraiz de talento, conseguiu o feito de receber uma indicação ao BAFTA de Melhor Atriz Coadjuvante. O mesmo acontece com Tommy Lee Jones, que elém do "Oscar Inglês", também foi indicado ao SAG no papel de Coadjuvante.

Deixando os destaques do elenco de lado, a ótima edição, comandada por quem? Pelos Irmãos Coen, só perderam o Oscar para as câmeras ligeiras de O Ultimato Bourne. Garantindo maior sucesso aos momentos de ação, a edição é maravilhosa principalmente nas cenas de fuga e perseguição, não deixando o espectador respirar.

É com muito orgulho que recomendo Onde os Fracos Não têm Vez a todos aqueles que adoram ver a qualidades, tanto dentro quanto fora de cena. Com uma magnitude invejável dos Coen, o longa é perfeito nas interpretações e em sequências de cenas, que por sinal, são muitíssimo bem elaboradas. Entre filmes complexos, Onde os Fracos Não têm Vez leva vantagem em um aspecto. Um filme sem um grande diretor não é nada, em questões de bom rendimento nas interpretações e nas áreas técnicas. Esse, que tem dois diretores, que fazem quatro coisas com competência e categoria durante toda a produção, não merece ser ignorado. Deve-se aplaudi-lo, aplaudi-los de pé. Um grande feito para o cinema americano e internacional, e um "renascer" digno dos Coen.


Nota: 8.0




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