Que Tim Burton tem um grande fascínio pelo bizarro, não é novidade. Os elementos não convencionais encontrados em seu cinema, fazem parte tanto da personalidade do cineasta, quanto das fórmulas que ele aplica em cada obra que realiza. Em Peixe Grande, as características do trabalho de Burton encontram-se de forma nítida, onde através das experiências narradas pelo protagonista, podemos adentrar numa realidade paralela a nossa, onde a imaginação cria os próprios limites e os contos criam suas próprias dimensões.
Poucas vezes a junção feita por Tim Burton entre o real e o imaginário ficou tão irresistível, isso porque, além de estarmos diante de um dos mais belos trabalhos cinematográficos do diretor, a jornada a qual o filme nos transporta é por vezes bela e instigante; porém, mesmo contando com um mundo fantástico como pano de fundo, o alvo de Peixe Grande encontra-se justamente na relação pai e filho, como um viu o outro durante toda a vida, e como em decorrência dessas histórias extraordinárias a relação deles se fragilizou, mas ao mesmo tempo se concretizará.
A narrativa principal se dá em função da relação de Will Bloom (Billy Crudup) com seu pai Edward Bloom (Albert Finney); após passarem anos sem se falarem, o jovem precisa vir até sua cidade para encontrar seu pai, que está muito doente. O relacionamento dos dois foi sendo aos poucos abalado em decorrência das histórias e “causos” inacreditáveis que Ed sempre narrou durante toda a sua vida, quando criança Will amava os contos de seu pai, e por tal o admirava muito, mas com o passar dos anos o garoto foi crescendo e vendo que aquelas histórias já não faziam mais qualquer sentido, e foi criando uma mágoa com seu pai, por achar que tudo aquilo que este contou (e conta) não passam de mentiras, e por isso teme o fato de nunca ter realmente conhecido seu pai.
Apesar do filme “passear” por outras realidades, seu foco está sempre relacionado na trama principal entre Will e seu pai, mas em nenhum momento o filme se converte a moralismos ou propagandas artificiais. Absolutamente. Todos os sentimentos presentes em Peixe Grande só enriquecem e afloram sua mensagem, por esse motivo, o filme é tão orgânico e verossímil em sua trajetória. Temos aqui Tim Burton explorando todos os méritos do filme com um grau de sensibilidade máxima, onde encontram-se uma atmosfera e uma ambientação que muito lembra a obra prima do cineasta, Edward Mãos de Tesoura. Esse fatores técnicos que enaltecem a evidência de Burton atrás das câmeras, são os mesmos que culminam no charme que o filme exala com sua estética lindíssima, pois é crível que Tim Burton é sim, um cineasta que preza pela beleza cenográfica de suas obras.
Falando em estética, essa sim é uma qualidade nítida, que serve para criar uma ilustração perfeita para uma história igualmente linda. É impossível não se deslumbrar por cada lugar que Edward Bloom atravessa em sua longa jornada, bem como com os bizarros personagens com os quais se depara, passando por um gigante de bom coração a uma bruxa que vive num pântano. Cada experiência vivida e ultrapassada serve não apenas para concluir as histórias na bagagem de Ed, mas também para transformar Peixe Grande numa aventura colossal sobre situações impossíveis e contos improváveis, mas sempre recheados de carisma e narrados da forma mais bela possível.
Como esperado, Peixe Grande contém uma camada sombria ao seu redor (mais propriamente em seu campo estético), artifício que é típico dos trabalhos do diretor, mas que, de certa forma, engrandece não apenas os aspectos visuais de suas obras, mas também, principalmente, torna seu cinema mais personalizado e autoral, e com Peixe Grande não é diferente, pois, conhecendo muito ou pouco da filmografia do cineasta, qualquer um é capaz de notar que este é um trabalho de Tim Burton, e isso é um mérito digno de poucos cineastas.
No geral, Peixe Grande é realmente um grande filme - com perdão do trocadilho. Temos aqui uma adição de virtudes onde salientam-se uma direção sublime, atuações fantásticas e uma estética espetacular. Este é o cinema de Burton, puro, autoral e personalizado, características que além de fazer o filme em questão uma obra-prima, enaltecem também o grande talento de seu realizador.
Nota: 9.0
Filme emocionante. Um dos melhores do Burton!
ResponderExcluirAbs,
osmeuscigarros.blogspot.com
Um dos grandes trabalhos de Burton (são vários), com uma história sensível e emocionante.
ResponderExcluirGrande atuação do veterano Albert Finney.
Abraço
Bela análise. Não me perdoo por ainda não ter visto, adoro entrar nesse universo nada convencional de Burton.
ResponderExcluirAbraços.
"Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas" é um belo filme, completamente poético e uma das melhores obras do Tim Burton, ao mesmo tempo em que é uma das mais subestimadas de sua ótima filmografia!
ResponderExcluirMaravilhosa obra intimista do instável Tim Burton,
ResponderExcluirum dos meus preferidos do diretor.
Muito legal seu espaço.
Vlw
http://umanoem365filmes.blogspot.com/
Acho esse um dos menos bons do Burton. Achei melodramático demais. Talvez a história não tenha funcionado tanto comigo. Talvez numa revisada eu mude de opinião.
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