Quem Quer Ser um Milionário? (2008)

Esperava-se muito, mas muito mesmo, de um filme que alcançou o prêmio mais cobiçado do mundo do cinema e que de quebra conseguiu arrebatar crítica e público. Mas se tratando de uma obra de Danny Boyle, um diretor pouco memorável, já era de se esperar que tudo não passe de pura propaganda. Pobre na maioria dos quesitos técnicos e com uma história arrastada e superficial, Quem Quer Ser um Milionário está mais para novela mexicana.

Para quem não assistiu (e não perderam nada), a história é sobre o pobre menino indiano Jamal Malik que tem uma chance de se dar bem na vida ao participar de um programa de auditório com o objetivo de ganhar um milhão. Baseando-se em suas experiências de vida, Jamal vai respondendo as tais perguntas milionárias.

A história é totalmente inverossímil, considerando-se que é praticamente impossível ganhar tanto dinheiro apenas na base de conhecimento popular. Também não funciona na hora de tentar comover ao mostrar a sofrida vida do protagonista. O romance também não pega velocidade em momento algum, de tão raso e sem conteúdo. O que realmente chama a atenção no filme é a parte cultural, onde podemos ver algo diferente das paisagens ocidentais que sempre ocupam espaço na maioria dos filmes.

O diretor usou e abusou do diferencial para disfarçar a total falta de conteúdo da historia. Para os espectadores mais desatentos, o filme pode parecer bonitinho por causa disso. Parece mais uma produção independente e mal feita ao tratar assuntos profundos, como a discriminação, de forma tão leviana.

E o mais incrível é saber que há muitas produções indianas bem melhores do que essa, que sabem retratar como ninguém a vida no Oriente. Para quem quer se impressionar com realidades desses países, é muito mais recomendável filmes como "Viagem a Darjeeling" (Darjeeling Limited, The, 2007). Boyle foi incompetente ao tentar mostrar uma realidade muito diferente da sua sem se aprofundar no assunto, de modo que fica claro que a obra é dirigida por um norte americano sem noção nenhuma do que está mostrando.

Saber que esse filme desbancou "O Curioso Caso de Benjamin Button" (The Curious Case of Benjamin Button, 2008) e "Frost/Nixon" (Frost/Nixon, 2008) na cerimônia do Oscar, causa grande decepção. O fato dele ter recebido uma indicação ao Oscar já era mais do que o suficiente.

Portanto, fica o aviso a respeito desse filme. Ele não é tudo isso, e nem merece destaque. Seu vestígio de originalidade é completamente apagado pelos erros grotescos que comete. Sendo assim, ele não passa de um filme esquecível, que concorre grandemente ao cargo de futuro filme da Sessão da Tarde.

Nota: 3.0