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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cidadão Kane (1941)


Um dos filmes mais revolucionários já feitos na história do cinema, Cidadão Kane se revela em uma narrativa difícil, porém nunca uma narrativa cansativa.

É interessante o modo como o cinema foi evoluindo nos últimos anos. O filme de Orson Welles, estrelado e dirigido pelo mesmo, foi o principal responsável por uma revolução no modo de filmar. Utilizando vai-e-vens nunca antes vistos, jogadas de câmeras originais e manipuladoras, nada disso havia sido explorado mais a fundo pelo público.

Apesar de não ser, na minha opinião, uma obra-prima, chega próximo ao seu patamar. Alguns o chamam assim simplismente pelo fato de ter sido um dos mais importante ícones da história cinematográfica, porém se formos observar mais de perto, a personagem de Charles Foster Kane é um homem de características obscuras e inexpressivas. O roteiro do longa aproveita-se da manipulação feita pela edição, para transformar o filme em algo ainda maior e extraordinário, levando o espectador a ver com olhos mais iluminados todos os lances do filme.


Não que isso signifique uma avaliação muito menor de Cidadão Kane, muito pelo contrário, pois assim como qualquer outro filme, este também possui defeitos visíveis, e provavelmente, a qualquer erro cometido pela produção, levaria aos olhos do público uma vulnerável e frágil técnica ainda não aperfeiçoada. Mas o mais impressionante é que apesar de todos os riscos, essa técnica funciona perfeitamente, sem nenhum problema que incomode o espectador. A partir daí, mudanças no mundo do cinema começaram a acontecer e se não fosse Cidadão Kane, o cinema seria visto com outros olhos hoje em dia.

No roteiro, a vida de um dos homens mais conhecidos da imprensa norte-americana foi transpassada de uma maneira que deixasse clara como a ganância, o egoísmo e a ambição acabam com uma vida que estiva-se que desse tudo certo. Assim como a coragem e determinação, pois se não fosse por essas qualidades, Foster Kane não seria o homem que a quem todos se lembram agora.

Em quesitos técnicos, não existem queixas. E como poderia haver? A edição foi o marco, a que todos jamais haviam visto, a fotografia, maravilhosa, nos traz uma iluminação mais clara e ensolarada quando o roteiro demonstra a fase do ápice de Foster Kane, desde sua idolatria na imprensa até sua candidatura, em uma ingresso fracassado no mundo da política. E também nos traz uma fotografia mais escura e sombria, quando a vida de Kane vai se sobressaindo aos seus negócios, e sua infeliciadade e fúria tomam conta dos ares do filme. Essa ligação ficou absolutamente perfeita, principalmente pois usa-se somente duas cores tão simples, que são muitíssimo bem aproveitaas desta vez.


Cidadão Kane só não recebe um 10, por ser um tanto "cabeça" demais para uma história do início dos anos 40, embalada mais por uma edição inovadora e uma fotografia deslumbrante e uma trilha sonora forte, do que por um roteiro, que consegue firmar a atenção do espectador, porém na hora de mesclar, tensão com diversão, que na minha opinião é de importância essencial, peca em manter um clima mais pesado sobre uma história que aos poucos vai se optando por um final melancólico, cujo principal mistério, a última palavra falada por Foster Kane antes de morrer, "Rosebud", deixou que se mantesse aquela pergunta que nos persegue mesmo depois do final do filme.

Enfim, revolucionário, genial em partes técnicas, um roteiro que poderia ser um pouquinho mais aprimorado, não há dúvidas de que Cidadão Kane foi de fato, uma peça de vital importância para a construção do cinema, que sobreviverá ao tempo, por mais que mais e mais obras primas apareçam, o filme de Orson Welles será sempre visto como o começo de uma era que nunca terá fim.

Nota: 8.0



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