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sábado, 4 de junho de 2011

Disque M Para Matar (1954)


A característica mais primordial em um suspense é construir sua tensão através do psicológico do público, jogando com a mente do espectador para que este permaneça em plena sintonia com tudo que a obra repassar. Alfred Hitchcock era um grande articulador de games psicológicos, quando a intenção era a de transformar seu público numa vítima da tensão e do mistério presentes em seus suspenses. Disque M Para Matar é mais uma prova a demonstrar a habilidade do cineasta em construir uma atmosfera totalmente apreensiva, onde aqui abre espaço para reviravoltas inteligentes e táticas surpresa.

Através de uma climatização teatral, Hitchcock conduz sua trama de maneira delicada e suave, sem movimentações bruscas, porém entrando em contraste com sua narrativa, os diálogos de Disque M Para Matar são carregados de uma grande potencia intelectual, que tornam o que parecia um suspense estático, numa engenhosa trama de caças e predadores. Todo esse trânsito de diálogos e situações extremas tem como função extrair do espectador uma constante atividade mental, para que possa absorver e participar de modo ativo a todas as situações apresentadas.

A estória de Disque M Para Matar inicia-se simples, quando um homem (Ray Milland), um tenista aposentado de sua profissão, arquiteta um plano para matar sua esposa (Grace Kelly), que esta se relacionando com outro, e dessa maneira herdar seu dinheiro, então faz um acordo com um velho conhecido pra que execute a idéia, entretanto, o que parecia perfeito perde o rumo, e o marido então deve articular um plano B para sobressair-se naquela situação.

Hitchcock presenteia seu público com mais um suspense que mantém compromisso com a inteligência e a lógica, e sobre este roteiro brilhante, o cineasta descarrega a força de todos os elementos que possui em mãos, passando pelas grandes atuações até as constantes reviravoltas surpresa. Este é de fato, um dos projetos mais cerebrais e climáticos da carreira de Hitchcock, e isso pode ser assegurado devido a já supracitada narrativa lenta, sem grandes passagens movimentadas, mas que carrega consigo um texto poderoso, que se torna o suficiente para segurar toda a sua duração de forma primorosa.


Em Disque M Para Matar, Hitchcock retorna ao tópico que estabelece presença em sua carreira, o famoso “crime perfeito”, onde os personagens acreditam encontrarem-se em um elevado patamar intelectual em construir planos que, logo a princípio, parecem impenetrável e totalmente infalíveis. Este admirável jogo com a inteligência e a perspicácia havia sido extremamente bem sucedida seis anos antes, no brilhante Festim Diabólico, e neste posterior ela parece ter sido aplicada e executada com a mesma maestria e primor de outrora, continuando a estimular o psicológico e a propagar a tensão no decorrer das cenas.

Disque M Para Matar ainda possui em sua composição, um excelente elenco escalado, que atribui admiravelmente aos seus respectivos papéis. A lindíssima Grace Kelly desempenha um papel difícil, que exige dela delicadeza e elegância ao mesmo tempo em cena, bem como a sensualidade e a vulnerabilidade, exibidos por ela através de gestos simples, e claro, de sua beleza irretocável. Porém o destaque nesta obra é a atuação espetacular de Ray Milland, que desenvolve a complexidade do maquiavélico Tony, aderindo a ele trejeitos metódicos e características peculiares (emitir uma calma desumana em momentos intensos) que tornam-no o mais bem construído e dimensional personagem da trama.

Este é de fato um autentico filme de Hitchcock, que preza o intelecto e propõe o suspense e a tensão necessários para estabelecer-se em um alto nível de relevância. Mesmo que esta obra tenha sido eclipsada pela dimensão que outras obras mais famosas do diretor possui, isso não extrair sequer um milímetro de sua qualidade textual e virtudes artísticas, tornando-se portanto, obrigatório aqueles que prezarem um primoroso suspense, que só um mestre no assunto poderia providenciar.

Nota: 9.0

2 comentários:

  1. Hitchcock é gênio, vamos concordar. E Disque M Para Matar não foge disso.
    Abraços.

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  2. Gênio mesmo. Pena que ainda não assistí esse clássico. Breve terei que ver.

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