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sexta-feira, 17 de junho de 2011

A Garota da Capa Vermelha (2011)


Há uma diferença significativa entre um “filme para adolescentes” e um “filme-adolescente”, e este paralelo se dá pela maneira em como é narrada, lapidada e desenvolvida uma determinada obra cinematográfica que visa adentrar no mundo jovem, sendo que essa distinção de métodos que cada cineasta utiliza que se torna a consequência para que seu filme seja rotulado por uma dessas nomeações. Um “filme para adolescentes” é aquele que já possui sua platéia específica, e, portanto, procura abranger assuntos e tópicos contemporâneos, ou até mesmo implantar a ótica de um jovem sobre as situações em que se encontra; algo que, de certa forma, compreende uma identificação com seu público-alvo. Já o dito “filme-adolescente” não necessariamente precisa ter haver com o universo jovem, quer dizer, trata-se de um tipo de filme que simplesmente não possui uma suficiente maturidade, no caso aqui, aplica-se a uma produção que parece mais interessada em entreter seu público através dos subterfúgios (rostos bonitos, romances mais que pegajosos...) mais levianos que se pode ter ciência.

A Garota da Capa Vermelha (Red Riding Rod, 2011) é assim. Um filme que apela para todas as fórmulas mais rasteiras e pobres de se fazer Cinema, utilizando toda a sua trama e cenário apenas como vitrine de manequins (interpretações mais que inexpressivas), onde em momento algum parece dizer a que veio e o que pretende com tudo aquilo. Todos parecem perdidos dentro do próprio filme, uma vez que nem os atores sabem o que estão fazendo ali, e muito menos os realizadores tem o mínimo de noção ao que estão dando cria. Fica nítido que o que a cineasta Catherine Hardwicke pretende é se auto-plagiar, construindo um “irmão-gêmeo” para Crepúsculo (Twilight, 2008), quando, basicamente, remonta a mesma direção e abordagem que fizera no primeiro capítulo daquela saga, assumindo neste A Garota da Capa Vermelha, até mesmo, as características mais predominantes daquele filme, sendo o triângulo amoroso desse, uma leitura descarada do polígono romântico entre Edward, Jacob e Bella.

A proposta de se realizar um conto de fadas de horror não foi cumprida, sendo que a famigerada história dos irmãos Grimm serve apenas como um papel em branco no qual o roteirista pinta e borda os mais diversos adornos, para ilustrar a fábula com paletas mais ‘pop’. Chapeuzinho Vermelho aqui é a jovem Valerie (Amanda Seyfried), que está prometida ao ferreiro Henry, embora deseje ser única e exclusivamente de Peter, seu amor de infância. Durante uma promessa de fuga com o amado, a jovem é impedida em decorrência do brutal assassinato de sua irmã, vítima do lobisomem que assombra aquela isolada vila. A fera sanguinária e ameaçadora atrai a atenção do excêntrico Padre Solomon (Gary Oldman), que constata que a criatura vive naquele meio, entre aquelas pessoas, podendo ser qualquer uma delas.


Nem por um milésimo de segundo o filme parece ter qualquer respeito por quem o está assistindo, tendo em vista que durante toda a projeção, tanto a diretora quanto o roteirista parecem estar rindo de nossa cara, sendo que os elementos empregados são tão absurdos e idiotas, que ao que se parece, querem que levemos toda aquela bobagem a sério, quando eles mesmos nem isso fazem. Não há nada de original, de criativo, de inédito. Absolutamente nada. Os realizadores mastigaram todas as fórmulas já usadas e abusadas por incontáveis filmes, ruminando e cuspindo-as em tela sem qualquer pudor, pretendendo com isso que nós, espectadores, digiramos toda aquela porcaria. O pior disso é que o filme tenta de tudo para entreter o público, implantando-se vergonhosamente, dessa forma, no horror, no drama, no romance, no suspense... sendo, porém, que o único saldo que consegue com tudo isso é ser uma comédia, e das mais involuntárias possíveis.

Qualquer lampejo de chance para se fazer algo certo é completamente atirado ao lixo, onde temos como prova maior, a interessante cenografia, que poderia tornar-se eficaz na construção de uma boa história. ‘Não!’ Essa é resposta dada pelos criadores para cada pequeno anúncio de algo que venha a prestar, e o mesmo pode ser dito de alguns atores desta produção, que sujam de lama seus currículos ao se prestarem a participar de algo tão ordinário e medíocre. Decepcionante não seria a palavra mais adequada para se classificar algo assim, isso porque, a julgar pelos realizadores e pela própria divulgação do projeto, seria claro que não teríamos uma obra-prima chegando ao circuito, ainda sim não deixa de ser frustrante pensar que nosso precioso tempo é gasto para presenciarmos nada mais que o vazio.

A Garota da Capa Vermelha é uma espécie de filme que surge do nada e, no fim de toda sua apresentação, regressa a seu local de origem, não registrando coisa alguma na mente de sua platéia. É incrível analisar como nada funciona aqui. Nada. Nem sequer o mistério por trás da identidade da fera consegue fisgar o espectador, o roteirista nem ao menos demonstrou um pingo de competência para administrar o enigma que tinha em mãos, jogando a trama numa investigação infantil, que reflete numa “revelação” (entre aspas mesmo) absolutamente previsível e pueril. Prova mais que concreta que, para fazerem com que a obra engrenasse, os criadores usaram de todas as armas possíveis e assim atiraram para todos os lados, mas mesmo dessa forma, no fim de tanta idiotice, nós é que acabamos alvejados.

Nota: 1.0

2 comentários:

  1. Li tantas boas críticas sobre tal película, mas meu gosto cinematográfico sempre coincide com o do "Cine Lupinha", então acho que vou passar longe disso aí.

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  2. Passe longe mesmo. Por coincidência, assisti este filme hoje, e achei bastante ordinário, um filme que apenas visa sub-aproveitar o sucesso de Crepúsculo, mas consegue ser tão ruim quanto.

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