É impressionante o resultado que as histórias de J. K. Rowling foram capazes de alcançar. Após o estrondoso sucesso de Harry Potter e a Pedra Filosofal nos cinemas, o nome da britânica que escrevia em bares se tornou imediatamente conhecido, alavancando de vez o sucesso da escritora e, conseqüentemente, as aventuras do bruxinho. Harry Potter e a Câmara Secreta, novamente sob a tutela de Chris Columbus, conseguiu o feito de repetir o sucesso do filme anterior, confirmando a influência de Rowling no mundo da literatura.
Tendo voltado para a casa dos tios após o primeiro ano de estudos em Hogwarts, Harry Potter mostra-se um tanto preocupado por não ter recebido nenhuma correspondência de seus amigos durante as férias. Durante uma das recriminações que o Tio Valter e a Tia Petúnia fizeram com o pequeno bruxo, surge Dobby, um elfo doméstico que tenta convencer Harry a não voltar para Hogwarts, prevendo que algo terrível está para acontecer. Depois de fazerem muito barulho e atrapalharem o jantar dos tios, Harry é trancafiado em seu quarto, com direito a grades de ferro e tudo mais. Entretanto, os irmãos Weasley chegariam logo para resgatá-lo da vida “trouxa” que leva. Descobrindo a agitada vida da casa dos Weasley, os garotos recebem os convites para retornarem a Hogwarts, mas antes, visitam o Beco Diagonal para fazer a compra do material escolar. Lá, Harry encontra Hagrid e Hermione, além de Draco e seu pai Lucio Malfoy, e o escritor Gilderoy Lockhart. Depois de perderem o trem para Hogwarts, os bruxinhos voltam à ativa, orientados por professores como a Professora Sprout, que ensina os usos das mandrágoras, e o novo professor de Defesa Contra a Arte das Trevas, o galante Gilderoy Lockhart, o mesmo encontrado no Beco Diagonal. Em um belo final de noite, Harry começa a ouvir uns estranhos sussurros e encontra uma mensagem escrita com sangue em um dos corredores do castelo, avisando que a Câmara Secreta havia sido aberta e traria sérios problemas para Hogwarts. Agora resta a Harry, Hermione e Rony desvendarem o que a Câmara esconde e tentar proteger os inocentes e os alunos da escola. Além disso, várias habilidades de Harry serão descobertas e um intenso mistério que envolve presente e passado transportam os heróis a uma aventura com direito a aranhas gigantes e cobras assustadoras.
“A Câmara Secreta” apresenta uma consistência bem melhor que seu anterior. Adota um clima mais sombrio, e mantém melhor a essência do mundo criado por Rowling. Se o objetivo do primeiro era apresentar ao mundo as aventuras do bruxinho, este aqui deixa de lado as apresentações, desenvolvendo menos os personagens e se atendo a história.
Mas nesse caminho, Columbus e seu roteirista, Steve Kloves, acabam cometendo alguns excessos. E talvez o mais visível deles seja a absurda duração do longa, por volta de 161 minutos. Foi um pecado cometido no primeiro, e que aqui se repete de modo mais grave. Harry Potter e a Câmara Secreta possui passagens ainda mais enfadonhas, e fica claro que muitos pontos poderiam ter sido deixados de lado. A impressão é que Kloves subestima a inteligência do público em certos momentos, e faz questão de deixar tudo “mastigadinho” na tela. O resultado é que pode ser duro para alguns levar o filme até o final, especialmente os não-fãs.
Mas o roteiro de Kloves possui outros pontos interessantes de se analisar, como as situações em que Potter se depara durante o filme. O filme faz questão de deixar claro que o bruxo já não é mais um garoto tão inocente. Na verdade, ele nunca foi, já que desde pequeno, foi obrigado a conviver e confrontar sua dura realidade, tornando-o alguém bem mais maduro do que uma pessoa de sua idade costuma ser. Aqui, acreditamos que Harry é alguém corajoso (mesmo que o Basilisco tenha se mostrado um tanto bobinho para apresentar perigo), capaz de tudo para proteger seus bens mais preciosos, como a amizade.
Interessante também é notar a evolução do trio mirim em suas atuações. Daniel Radcliffe aparenta estar bem mais à vontade na pele de Potter, entregando uma atuação bem mais convincente e segura. Não seria errado afirmar que o personagem se tornou um ícone do cinema graças a ele. Emma Watson brilha em cena como a inteligente e cativante Hermione, enquanto que Rupert Grint perde o tom, e acaba exagerando nos trejeitos de Rony. O elenco adulto ainda é de encher os olhos, e conta com algumas novidades, como Kenneth Brannagh (divertidíssimo como o charlatão Gilderoy Lockhart), e Jason Isaacs, como Lucio Malfoy.
Os quesitos técnicos também sofrem uma considerável evolução. Os efeitos especiais se tornam muito mais realistas, visto que os de “A Pedra Filosofal” eram um tanto decepcionantes. A fotografia ajuda na construção do clima de mistério, mas poderia ter sido mais bem aproveitada em certos momentos. A direção de arte continua um luxo, recriando com maestria o mundo criado por J.K., e repleto de detalhes riquíssimos. O único, porém é a trilha sonora de John Williams, que aqui não nos traz nada de novo, apenas repetindo os temas musicais do primeiro filme.
Ainda que apresente certo amadurecimento em muitos pontos da história, Harry Potter e a Câmara Secreta acaba sendo levemente inferior ao primeiro filme. Mais é um ótimo filme da série, com um bom clima de mistério, diversão e aventura. Uma pena que, após ser assistido umas três ou quatro vezes, ele logo começa a cansar.
Nota: 7.0
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