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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004)


Como fã, é difícil para mim falar sobre Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, terceiro filme da série Harry Potter, baseados nos livros de J.K. Rowling. Como cinema, é um dos melhores da série, pelo fato de apresentar uma grande evolução em relação aos seus antecessores. Porém, como adaptação, é bastante decepcionante, devido a pouca fidelidade do filme com a obra que originou. Mas como sabemos que Literatura e Cinema são duas linguagens completamente diferentes, analisemos o filme sob o ponto de vista cinematográfico.

Chris Columbus, diretor das duas aventuras anteriores, desta vez assume apenas o cargo de produtor, devido ao desgaste após tanto trabalho. Assim sendo, foi chamado para comandar esta terceira aventura o diretor mexicano Alfonso Cuarón, mais conhecido pelo filme E Sua Mãe Também. Logo de cara, era possível perceber que seria um trabalho difícil para o diretor, já que o terceiro livro é um dos mais complexos e desafiadores da série, não apenas por sua trama mais madura, mas porque é neste aqui que os personagens começam a lidar mais intensamente com seus sentimentos de adolescentes. Felizmente, Cuáron superou todos estes obstáculos, e criou um dos melhores filmes da série, mais divertido e sombrio.

Harry Potter está no terceiro ano da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Quando está a voltar de férias, um perigoso bruxo, Sirius Black, foge da prisão Azkaban (uma espécie de prisão de segurança mais do que máxima). E justamente Sirius era um grande amigo de "você-sabe-quem", e está de volta para terminar o que "você-sabe-quem" começou: matar Harry Potter.

Apesar de trabalhar com a mesma equipe dos anteriores, Cuarón faz a produção evoluir em muitos quesitos, a começar pelo visual. Enquanto que nos primeiros filmes os figurinos, apesar de criativos, soaram um pouco repetitivos, o diretor fez uma acertada escolha ao permitir que os protagonistas usassem roupas próprias, e esta opção funciona perfeitamente, uma vez que sentimos que os atores estão mais à vontade em seus papéis. Isso deixa o filme com um visual mais moderno, além de causar maior identificação com a maioria dos fãs adolescentes.

E se existe uma coisa que Cuarón faz bem, é inserir sua marca no filme, mas sem deixá-lo soar autoral. Utilizando sua câmera com mais intensidade que Columbus, o diretor opta por closes e movimentos criativos, além da utilização de planos mais abertos, que traduzem toda a beleza e imponência dos cenários de Hogwarts. O diretor enfatiza no clima vazio e sombrio das paisagens, sempre nublados, que ajudam a criar o tom sombrio ideal.

Cuarón também confere um ritmo delicioso ao filme, tornando-o bem menos enfadonho que os dois primeiros. A costumeira abertura na casa dos Dursley, por exemplo, é rápida, mas define bem o que Potter é agora, um sujeito que está crescendo, que está começando a adquirir características de adolescente (reparem como ele quase sempre está irritado), em suma, está começando a amadurecer.

Os novos elementos inseridos também tornar o filme muito mais atraente. Desta vez, as criaturas mágicas surgem em maior quantidade, e vão desde Hipogrifos (uma espécie de mistura entre um cavalo e uma águia), passando por bichos-papões, e chegando até aos Dementadores, seres que sugal a alma das pessoas. Estes, aliás, se mostram criaturas pouco originais (quantos filmes já mostraram seres sugadores de almas?), e donos de um design que lembram muito os Espectros do Anel, criaturas da trilogia O Senhor dos Anéis.

Novamente, o filme chama atenção pela quantidade de nomes conhecidos do cinema e do teatro britânico. Enquanto Maggie Smith e Alan Rickman dispensam elogios, algumas novidades surgem, como Michael Gambon, que substitui o falecido Richard Harris na pele de Albus Dumbledore. Gambon traz um ar muito mais ativo ao personagem, apagando a imagem lenta que Harris havia construído para o personagem. David Thewlis interpreta Remus Lupin com muita simpatia, enquanto que Gary Oldman constrói uma composição fantástica para Sirius Black, o prisionerio do titulo.

E como já foi dito, Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson surgem bem mais à vontade em seus papéis, especialmente Radcliffe, que aqui começou a apresentar seu talento dramático, ao encarnar bem todas as angustias e medos do bruxinho. Mas me incomodou o fato de Rupert Grint e seu personagem não terem recebido mais atenção, e a impressão que acaba ficando é de que Rony Weasley foi completamente descartável para a trama, assumindo apenas a função cômica.

E mesmo com sua considerável queda de ritmo nos últimos 20 minutos, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban é sim, um dos grandes filmes da série, e que sempre será lembrado pela nova cara que trouxe para ela.

Nota: 8.0




2 comentários:

  1. É de se pensar, que esse talvez seja o melhor da franquia.

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  2. Acho esse o mais equilibrado da franquia, e o mais sofisticado em termos de visão, uma obra plenamente cinematográfica. Gosto da parte da dobra temporal, e a cena do patrono é magnífica...

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