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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Tomates Verdes Fritos (1991)


Com uma história encantadora, um time de atrizes de primeira categoria, uma trilha sonora comovente e uma deliciosa mistura de comédia e drama, Tomates Verdes Fritos pode ser considerado um dos filmes mais marcantes da década de 1990. Mesmo abordando temas tão intensos, como racismo e assassinato, a obra é de surpreendente leveza e delicada abordagem. Depois de anos de existência ainda continua a emocionar com a mesma intensidade, não importa quantas vezes o assista.

O filme tem uma atmosfera feminina, abordando quase sempre os sentimentos das mulheres em relação ao amor, casamento e amizade. Ele também se passa em duas épocas, uma em tempo real (no caso, década de 1990) e outra nas décadas de 1920 e 1930. Começamos a ver tudo pela história atual, quando a tímida Evelyn Couch (Kathy Bates) vai visitar a tia de seu marido numa casa para idosos e acaba conhecendo a adorável velhinha Ninny Threadgoode (Jessica Tandy). Rapidamente as duas encontram muitas afinidades e Ninny passa a contar à Evelyn a história de vida de duas mulheres, Idgie (Mary Stuart Masterson) e Ruth (Mary-Louise Parker). Evelyn passa então a visitar Ninny frequentemente, ansiosa em ouvir as continuações dessa história. Sem se aperceber, Evelyn começa a mudar de vida, baseando-se nas experiências de vida da corajosa Idgie.

A amizade é um tema muito bem tratado durante todo o filme. De um lado conhecemos a história de amizade entre Idgie e Ruth, e do outro presenciamos o nascimento de uma amizade entre Evelyn e Ninny. É tão adorável a forma como a personagem de Bates se apega à personagem de Tandy, que o espectador se vê incluído nesse terno sentimento. Dessa forma, a amizades dessas duas se encarrega de emocionar, principalmente diante de uma berrante diferença de idade. Já a amizade entre Idgie e Ruth é mais complicada, cheia de obstáculos, dramática e aventureira. Idgie é rebelde, independente, enquanto Ruth é mais careta, certinha e feminina. Por meio delas, o filme mostra a força da amizade diante de dificuldades, ao contrário da leveza da amizade entre Ninny e Evelyn.


Outro ponto alto da trama é a forma como a personagem de Bates evolui ao aprender a se valorizar. A história de vida de Idgie exerce uma forte influência sobre ela, ensinando-a a aumentar a auto-estima, emagrecer e trazer mais gás a seu casamento. Ruth, por outro lado, é a personagem com que Evelyn se identifica, mas que também consegue mudar com a ajuda de Idgie.

O fundo histórico de uma parte da história é digno de nota. Além de uma ótima recriação de época, o filme aborda temas fortes, como o racismo nos Estados Unidos do início do século XX, com direito a cenas bem reais sobre a ação da organização Ku Klux Klan. Também não há hesitação em mostrar a difícil vida das mulheres da época, além de mostrar bem a rotina das pessoas que viviam na parte sul dos EUA.

Jon Avnet dirige seu primeiro trabalho no cinema com essa obra, depois se consolidar na carreira televisiva. O resultado foi bom, pois é uma direção digna de nota, equilibrada e sabiamente esquivada do melodrama. Mesmo sendo um filme feminino, até mesmo feminista, Jon o dirigiu com exatidão e imparcialidade. Soube dosar bem o drama e a comédia, além de dar toda a leveza necessária para a trama não desandar em clichês.


Indicado a dois Oscar, incluindo o de atriz coadjuvante para a veterana Jessica Tandy, Tomates Verdes Fritos acabou não levando nenhum, mas impôs respeito e reconhecimento. Caiu nas graças da crítica americana, e até hoje é referência no gênero.

O mais interessante é notar que o título do filme, uma receita muito conhecida da região sul dos EUA, foi muito bem escolhido. Afinal, os tomates verdes fritos são o único elemento em comum nas duas épocas do filme. Além do mais, é um título totalmente original e que desperta grande curiosidade.

Sendo assim, não há mais nada a dizer, exceto pelo conselho de assistir sempre que possível esse belo trabalho, que com certeza terá êxito na tarefa de emocionar e divertir.

Nota: 9.0



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