Primeiramente é preciso entender as origens do grande vilão dos X-Men, Magneto. Depois de passar inúmeros traumas em um campo de concentração na Alemanha nazista, o pequeno Erik acabou descobrindo seu poder de controlar com sua mente qualquer objeto metálico e, para isso, teve que ver sua mãe sendo morta pelo terrível cientista Sebastian Shaw, que também realizou infinitos experimentos em seu corpo. Na outra ponta temos a infância feliz e livre de complicações do telepata Charles Xavier, que ainda jovem fez amizade com a órfã Raven Darkholme (Mística). O destino desses dois homens opostos se cruzará durante os momentos de tensão silenciosa da Guerra Fria, em que os mutantes exercem uma grande relevância nesse filme. Unidos para impedir um grande desastre nuclear e ao mesmo tempo recrutar e auxiliar outros mutantes, Charles e Erik se mostrarão inseparáveis, até o momento em que suas ideologias e opiniões começarem a se divergir e se transformar numa inesperada rivalidade.
O que há de mais interessante nesse meio todo é a humanização que os personagens ganharam, agora inseridos em contextos históricos de suma importância para a humanidade. Os mutantes não são retratados como seres abomináveis e longe de nossa compreensão. Pelo contrário, possuem os mesmo sentimentos que todos nós e estão agora assustados diante de uma ameaça nuclear. Movidos por ideologias e por indignações perante a sociedade, seus poderes serão apenas uma forma de extravasar suas frustrações perante seus problemas. Agora não se trata de quem tem o poder "mais legal", mas sim de quem possui as motivações corretas para agir dentro de uma sociedade dividida. Magneto é impulsionado pelo ódio que nutriu em seu coração desde a infância e pela vontade de se vingar do Dr. Shaw, tendo em mente que os mutantes devem dominar a raça humana para não serem excluídos e dominados pelas autoridades. Charles, por outro lado, deseja recrutar mutantes para ajudá-los a lidar com as complicações de serem diferentes e para inseri-los na sociedade como pessoas comuns, que podem conviver normalmente com outras pessoas. Ou seja, enquanto Charles deseja romper as barreiras entre mutantes e humanos comuns, Magneto visa justamente as impor.
Abordando temas tão interessantes e com personagens tão bem compostos, podemos dizer que X-Men: Primeira Classe não se vale de seu gênero para fazer sucesso. Ele é bom por conta própria e as mutações de seus personagens não são o grande motivo para isso, tratam-se apenas de detalhes enriquecedores. Assim como Christopher Nolan inovou ao transformar o universo gótico de Batman em um mundo muito mais próximo ao nosso, Vaughn fez dos mutantes mais queridos do cinema algo muito mais do que seres fantasiosos. Trata-se de uma obra definitiva, ousada, corajosa e muito bem executada, que deu um novo fôlego à franquia e que, melhor de tudo, deixou uma enorme sensação de "quero-mais" para fãs e para indiferentes. Excelente!
Nota: 8.0
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