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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Bonequinha de Luxo (1961)


De feições ternas, direção encantadora e uma personagem central mais do que inesquecível, Bonequinha de Luxo talvez seja o filme mais respeitado de seu gênero. Criado pelo célebre escritor Truman Capote, esse romance tinha alguns detalhes avançados demais para a época e por isso muita coisa foi modificada até chegar na arte final do filme. De caráter bissexual, sapeca e até mesmo debochado, a personagem principal, Holly Golightly, era um tanto escandalosa demais, além do fato de ser uma garota de programa. Para que a história se encaixasse num padrão mais "adocicado", muitos detalhes do romance foram modificados, principalmente em função da atriz escalada para o papel, a delicada Audrey Hepburn. Tais mudanças feitas pelo diretor Blake Edwards e pelo roteirista George Axelrod foram severamente criticadas por Capote, mas agradaram em cheio público e crítica.

Independente das diferenças entre romance e filme, Bonequinha de Luxo é um grande marco na literatura e no cinema. Sua história simples é sobre a garota de programa Holly Golightly (Audrey Hepburn, encantadora) que sonha em um dia se casar com um homem rico que a sustente. No entanto, ao conhecer e se apaixonar por seu novo vizinho, Paul Varjak (George Peppard), ela terá de escolher entre um futuro noivado promissor e seu amor verdadeiro.

A cidade de Nova York é o local escolhido para o passar da história. E deve-se frisar que nem Woody Allen em seus momentos mais apaixonados conseguiu captar tão bem a alma dessa cidade quanto esse filme. Outro grande motivo pelo qual o filme é tão querido é o fato de captar como nenhum outro a alma feminina. Assim como muitos consideram "O Poderoso Chefão" (The Godfather, 1972) um filme obrigatório para todo homem assistir, Bonequinha de Luxo também deveria ser essencial na vida de uma mulher. Holly expressa todas as facetas dos sentimentos femininos, incluindo vontades, contradições, medos, certezas e ambições. Em cada momento do filme podemos vê-la numa situação diferente, mostrando sempre uma nova faceta, de forma que nunca conseguimos entendê-la plenamente. E é isso que dá a ela um ar tão real, mesmo num contexto romantizado e muitas vezes emotivo. Acima de tudo, Holly é uma mulher forte e batalhadora, mas sem deixar, em momento algum, de ser feminina.


O figurino foi uma das armas mais potentes e favoráveis para mostrar a personagem central como uma moça elegante e feminina, fazendo-nos esquecer em muitos momentos que se trata de uma prostituta. O "pretinho básico" usado por Holly em muitas cenas do filme (incluindo na maravilhosa cena de abertura) é considerado até hoje um dos figurinos mais elegantes de toda a história do cinema e da alta moda. Coube à igualmente chique Audrey Hepburn emprestar toda sua elegância e compostura à personagem, a fim de realçar o aspecto do luxo.

Outro ponto positivo no filme é sua linda trilha sonora. É praticamente impossível descrever com meras palavras a beleza da música Moon River, que inclusive foi premiada com o Oscar. O compositor Henry Mancini fez um trabalho de mestre em toda a composição dessa música e de toda a trilha sonora. Aliás, foram apenas nessas duas categorias que o filme levou estatuetas do Oscar, já que Audrey Hepburn não venceu na categoria de Melhor Atriz.

Todos esses elementos colocados numa adorável história romântica fizeram de Bonequinha de Luxo um clássico em todos os sentidos. O sucesso do filme foi tanto que até hoje Audrey Hepburn é praticamente um sinônimo de Holly Golightly. Apesar do grande e inegável talento da atriz em outros trabalhos, foi graças a esse papel que ela se eternizou no cinema.


Sabendo dosar com talento o drama, a comédia e o romance, Blake Edwards fez um de seus trabalhos mais diversificados, fugindo da fama de diretor de comédias de estilo pastelão. Se não fosse por Bonequinha de Luxo, talvez nunca ficasse provado o talento do diretor fora da área da comédia.

Até hoje são poucos os filmes desse estilo que conseguiram chegar tão alto como Bonequinha de Luxo. E não importa o passar dos anos, ele continua igualmente impecável, sabendo entender perfeitamente o coração de uma mulher. Talvez apenas as mulheres consigam sentir tão fortemente tudo que Holly passa através de seus olhares e sentimentos. Mas isso não impede de forma alguma que o filme atinja em cheio o público masculino, afinal, nunca é demais contemplar a beleza da querida Hepburn. Sendo assim, esse é um filme capaz de agradar a qualquer um, não só no passado, não só hoje em dia, mas todos os dias enquanto houver cinema.

Nota: 9.5

Um comentário:

  1. Clássico! Inclusive está nos meus planos fazer uma resenha da trilha desse filme, da autoria do impagável Henry Mancini!

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