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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 (2011)


Foi contraditório. Há alguns dias, eu estava extremamente ansioso para assistir o grande capítulo que marcaria o fim da série de uma geração inteira. Entretanto, quando as luzes do cinema se acenderam, senti falta dos momentos de ansiedade, da expectativa e alegria que era saber que estávamos próximos da chegada do próximo filme da série Harry Potter. Aliás, até esse momento, minha vida foi sempre ficar esperando a chegada do próximo filme da franquia e, neste momento, fico feliz que a última espera valeu muito a pena.

Se contraponto com a primeira parte, agora o filme começa a caminhar de uma forma mais rápida para que um sentimento de urgência e antecipação comece a ser desenvolvido profundamente em cada espectador. David Yates, diretor da franquia desde A Ordem da Fênix, começa a interferir mais na condução do filme sendo que, aparentemente, está disposto à tentar técnicas diferenciadas para que não caia nos velhos recursos desgastados e óbvios que o público costuma esperar para um desfecho.


Dessa vez, não se trata de um filme sombrio. Existem momentos onde a fotografia adquire uma palheta mais obscura justamente para caracterizar os momentos de suspense e terror, mas também a claridade em várias situações para dar noção não de felicidade, mas de algo revelador, inclusive, percebe-se que há um forte contraste demasiadamente polarizado entre a escolha das cores, ou seja, não é à toa que Eduardo Serra conseguiu oferecer, ao lado de Bruno Delbonnel que cinematografou O Enigma do Príncipe, as melhores imagens da série.

Ainda mantendo-se em questão da parte estética, os efeitos visuais conseguem ser muito bem feitos e, realmente, cumprindo a função mais importante que é se aproximar de um grau de realidade que nos faça sentir ainda mais integrados com o ambiente propiciado pela belíssima perícia técnica da equipe de produção.

Interessante notar que o ambiente grandioso de Hogwarts que vimos durante todos esses anos parece diminuído e centralizado, mesmo que em diversas situações somos levados à regiões já conhecidas por nós que não voltaram à ser vista há anos e a fidelidade do visual deste último capítulo para com os seus antecessores é louvável e que o a produção de design comandada por Stuart Craig consegue oferecer ainda mais nostalgia ao nos trazer de volta à esses ambientes "empoeirados".


Curioso notar que, por ser o menor filme da série, ainda há tempo para que Yates confira em momentos mais pausados chegando ao desfecho do filme, mas, mesmo assim, com o posicionamento das revelações justamente nesses momentos mais lentos consegue transformar o último longa em uma esponja de envolvimento e que toda a correria não ocorre de forma atropelada e inorgânica, mas sim como um fator que compreende que, mesmo se tratando do filme que fecha a série, ainda é uma parte de um filme como todo.

Tratando-se sobre interpretações é perceptível que há um melhoramento generalizado em todo elenco. Ficar reclamando que as interpretações do trio principal são insossas já é tentar achar pelo em ovo porque chegando ao final é notável que há uma conscientização que o quadro atual se trata de um ponto decisivo. Daniel Radcliffe entrega uma atuação mais que decente e toda a sua aparente insegurança e timidez desaparece. Emma Watson e Rupert Grint também estão igualmente entrosados em seus papéis, mesmo que os holofotes estejam mirados em direção ao protagonista. E eu também posso elogiar Maggie Smith, Julie Walters, John Hurt e muitos outros. Porém, é Alan Rickman que entrega sua melhor atuação da série. Desde o início da série, ele veio sendo o mais aclamado e conseguindo tornar o Professor Snape na figura mais complexa e fascinante da série e, justamente neste ponto em que as revelações começam a aparecer, Rickman demonstra toda sua habilidade. Dessa vez, acredito que, se não for indicado ao Oscar, uma injustiça tremenda será feita.

É um tanto estranho falar isso, mas o filme possui alívios cômicos que podem ser considerados como os mais hilários da série, mas justamente pelo fato dessa noção de final que merece uma atenção especial em todos os aspectos, até naqueles que podem ser considerados como os mais desnecessários para com o andamento da trama, mas ainda sim é admirável o equilíbrio dessas situações de comédia durante o filme.


Uma característica que realmente merece ser bastante elogiada é a inteligência do roteiro fazer desvios de aprofundamento em outros personagens e fazendo-nos perceber que a intenção da história não é venerar Harry como um herói. Durante a tão comentada Batalha de Hogwarts noto um carinho especial em mostrar que não existe indiferença para com os personagens, pois, apesar, do trio principal ser mais querido por nós, eles não foram os únicos que cresceram ao nosso lado e Rowling, ao longo da série, demonstrar isso, sendo ainda mais gratificante a atenção de Yates para com tal aspecto.

Bem, é difícil de conseguir falar o que realmente pude sentir com o desfecho e com todos os sentimentos mistos que perambulam dentro de mim fazendo com que eu tenha realmente descoberto a verdadeira essência que antes era desconhecida. No final das contas, não somente a nostalgia e as memórias ficam, mas também uma marca na história do cinema. Deixo aqui meu triste, mas sempre vivo adeus.

Se há uma lição que eu aprendi e que posso levar para o resto da minha vida com uma série que aparentava ser somente um lazer para crianças e que, infelizmente, para muitos é definido como uma história superficial, é o fato de eu me sentir abençoado por ter me apaixonado por uma franquia que deixou uma marca registrada de forma tão contundente para a Sétima e ouço dizer também à Sexta Arte. Sem dúvidas, Harry e seus amigos(e inimigos também) farão falta pelo fato de sabermos que o sentimento de saber que um novo filme da série seria lançado e que a vibração do público durante uma noite de pré-estréia não serão mais as mesmas. Nas palavras do grande crítico Pablo Villaça, "(...)
saber que o Expresso de Hogwarts deixou a plataforma 9 3/4 pela última vez não deixa, portanto, de representar um sentimento profundamente agridoce."

Obrigado, J.K. Rowling. Obrigado, David Yates; Chris Columbus; Mike Newell e Alfonso Cuarón. Obrigado, Steve Kloves e Michael Goldenberg. Obrigado, Harry.

"A vida me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração." - Charles Chaplin

Nota: 10.0

2 comentários:

  1. O ruivo do cabelo da pequena Lilian Ficou lindo em contraste com o cenario verde

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  2. Uma excelente observação. A fotografia do Serra estava fantástica.

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