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sexta-feira, 8 de julho de 2011

O Bem Amado (2009)


Quando surgiu na televisão brasileira essa obra do grande dramaturgo Dias Gomes, na década de 1970, O Bem-Amado foi definitivo e modificou para sempre as novelas da história do Brasil. Na década de 1980 houve uma adaptação para uma série de TV, e desde então há inúmeras adaptações para o teatro. Seguindo essa linha de raciocínio, era de se esperar que uma hora ou outra nos deparássemos com uma versão cinematográfica da obra. A adaptação ficou por conta do diretor Guel Arrares, o mesmo de "O Auto da Compadecida" (2000), que foi certeiro em seu trabalho.

A famosa história do prefeito Odorico Paraguaçu, que constrói um cemitério extraordinário na cidadezinha de Sucupira, é simplesmente irresistível. Usando sempre de extrema demagogia, esse pilantra usa todo o tipo de dinheiro sujo para suas campanhas, além de enrolar o povo com seus diálogos pra lá de amalucados, onde usar o português de forma correta não é sua maior preocupação. Mas agora que o "magnífico" cemitério foi inaugurado, surge um pequeno problema, praticamente mero detalhe: ninguém na cidade faz o favor de morrer para inaugurar o tal cemitério! Começa então uma divertidíssima trama em busca de um morto pela cidade, onde poderemos conferir as participações de personagens inesquecíveis, como o Zeca Diabo, o Dirceu Borboleta e as irmãs Cajazeiras.

Como toda grande comédia, O Bem Amado tem uma mensagem a passar. Nesse caso é uma grande sátira à política brasileira. Na obra original, era bem retratada essa sátira ao mostrar o coronelismo nas cidades do nordeste. No caso do filme houve uma adaptação para os governos atuais, mas sem mudar a época em que a história se passa (década de 1960). Em escorregadias referências ao governo petista, nos deparamos com o típico político espertalhão, lotado de carisma e mau caráter. Sem pestanejar, o filme mostra de forma divertida, porém ácida, atitudes muito conhecidas por nós brasileiros no que diz respeito aos destinos que levam as verbas públicas. Propinas e subornos também estão presentes no decorrer da história, sempre mostradas de forma cômica e irônica, fazendo os espectadores mais atentos pararem para pensar.


Talvez o filme não atinja com totalidade a profundidade da obra original, por isso fica devendo em alguns aspectos para aqueles que já leram o livro, ou que tiveram a oportunidade de assistir a novela no passado. Mas independente disso, é um trabalho muito bem feito. As atuações de Marco Nanini, José Wilker e Matheus Nachtergaele são impecáveis e não deixam a desejar em relação às atuações originais dos grandes Paulo Gracindo, Lima Duarte e Emiliano Queiroz. Zezé Polessa, Andréa Beltrão e Drica Moraes também estão ótimas como as inesquecíveis irmãs Cajazeiras.

Por mais divertido e satírico que seja, esse filme também nos incentiva de forma discreta a procurar mudanças em nossa política. Sempre com uma mensagem de alerta latente, nos mostra que o Brasil é um país de grande potencial, mas que fica pra trás quando o assunto é política e estrutura social. Por se tratar de uma obra brasileira, o filme soube se esquivar bem dos tão comuns clichês que parecem impregnados nas produções nacionais. De uma forma geral podemos dizer que o resultado final é bem positivo, bastante agradável e de grande conteúdo. Há anos que o Brasil não fazia um filme com esses predicados, por isso O Bem Amado é altamente recomendável, garantindo a mistura perfeita de risadas e reflexões.

Nota: 7.0



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