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quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Ilusionista (2006)


O Ilusionista surgiu, em 2006, como uma das maiores surpresas daquele ano. Feito com baixíssimo orçamento e divulgação modesta nos cinemas, o longa de estréia do diretor Neil Burger (do recente Sem Limites, estrelado por Bradley Coopler e Robert DeNiro) recebeu a devida atenção quando lançado no circuito de DVD, revelando-se como um divertido exercício de estilo, com roteiro inteligente (ainda que com seus tropeços) e um trabalho técnico impecável.

O filme conta a história de Edward (Edward Norton), filho de camponeses que se apaixona por Sophie (Jessica Biel) quando jovem. Porém, devido ao nível da classe da família da moça, o casal vê-se obrigado a separar-se, devido às suas diferenças sociais. Edward, com o passar dos anos, desenvolve seu talento nato para a mágica, e assombra a cidade de Viena com seus espetáculos de ilusionismo, desta vez conhecido apenas como Eisenhein. A atenção recebida por Edward acaba despertando a curiosidade de Príncipe Leopold (Rufus Sewell), que no exato momento, está noivo de Sophie, a antiga amada de Edward. Sophie é constantemente vigiada por Uhl (Paul Giamatti), segurança de confiança de Leopold. É quando Sophie reencontra-se com Edward, e colocam-se em perigo ao retomarem seu antigo romance, desta vez escondidos dos olhos de Leopold.

Não enganem-se pela sinopse, O Ilusionista vai muito além do romance básico que sua trama sugere. Na verdade, o romance é apenas o pano de fundo para uma trama repleta de mistérios, intrigas e conspirações, tudo muito clichê, é verdade, mas bem desenvolvido pelo roteiro, também assinado por Neil Burger. Mesmo com sua curta experiência no ramo cinematográfico, Burger constrói uma trama bem trabalhada, de narrativa consistente e bastante envolvente. Claro, existem alguns tropeços aqui e ali (como algumas passagens extremamente piegas entre o casal principal), mas no geral, tudo é feito na medida certa, com estes pequenos erros pouco prejudicando o longa.

 
Um dos maiores destaques de O Ilusionista é sua recriação do século XX. A direção de arte é primorosa, e dá vida a uma Viena sombria, lúgrube, tomada por iluminação sépia, quase sem vida, mas sempre cativante aos olhos. Os efeitos especiais, apesar de denunciarem a produção modesta do filme, são, em sua maioria, convincentes e trazem ainda mais beleza ao longa. Para complementar, a trilha sonora de Philip Glass aposta em melodias suaves e envolventes, um tanto quanto depressivas, mas que tornam o filme ainda mais cativante em sua parte técnica. Assim, o filme realiza um belo conjunto entre sons e imagens, tornando-o não apenas mais atraente, mas também uma experiência visual marcante.

O roteiro é outro ponto que merece ser analisado. Os personagens são interessantes, donos de personalidades bastante curiosas. Edward, por exemplo, possui uma peculiar aura de mistério e sedução, como se escondesse mais segredos do que o filme realmente revela. O problema é que pouco é desenvolvido acerca destes personagens, e apesar de contar com o carisma do elenco, fica a impressão de uma abordagem superficial acerca dos mesmos. Mas Burger monta um roteiro bem amarrado, costurando bem as pontas soltas até chegar ao desfecho que, apesar de possuir certa previsibilidade, não deixa de ser aceitável.

O elenco, repleto de grandes nomes, apenas acentua o grande espetáculo que é O Ilusionista. Edward Norton, mais uma vez, prova sua versatilidade, ao encarnar um protagonista misterioso e intrigante. O ator encontra o tom certo para o personagem, transformando Edward Eisenheim em uma figura marcante. Igualmente, Rufus Seweel adota o tom severo ideal para Leopold, traduzindo toda a periculosidade proporcionada pelo vilão. Paul Giamatti dispensa elogios, e apesar de ter pego o costume de desempenhar papéis coadjuvantes (inclusive foi indicado ao Oscar por seu trabalho em A Luta Esperança), ainda se mostra um ator fantástico, sempre muito à vontade de cena, e dono de uma simpatia invejável. E Jessica Biel, o grande nome feminino do elenco, desvencilha-se com inteligência da tarefa de apenas exibir sua beleza e seus dotes físicos.

Revelando-se uma grata surpresa de seu gênero, O Ilusionista é uma ótima produção, divertida, criativa e dono de uma técnica exemplar. Não será lembrado como nenhum grande clássico, mas certamente vale o tempo gasto, já que Neil Burger, com este pequeno filme, conseguiu se destacar em meio a tantas produções descartáveis de seu ano. Recomendo! 

Nota: 8.0

2 comentários:

  1. Também sinto a mesma admiração que você por esse filme. É engenhoso, atmosférico, lindamente produzido e surpreendente.

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  2. Assisti a este filme na época do lançamento porque achei a capa muito bonita. É sério! Mas é muito mais do que isso, o filme conta com atuações ótimas, uma trama surpreendente e técnica impecável.

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