Ainda existe quem acredite que cinema é fórmula. Soma daqui, diminui daqui e multiplica e divide os resultados. O Cinema para crianças já fez um grande sucesso dessa forma. A sequência de acontecimentos turbulentos que levava a redenção e o reencontro do protagonista aos valores mais caros ao ser humano era repetida ao extremo, mudando apenas os personagens e o argumento. Funcionou. Foi importante. Duas ou três gerações aprenderam muito assim, mas esse tempo já passou. A Pixar e Studio Ghibli são dois estúdios que demonstram que as estórias para crianças podem ter um pontapé diferenciado, agradando adultos e crianças, tratando os dois grupos de forma madura, mas não menos mágica ou lúdica, por assim dizer.
É uma pena que a essa altura lançamentos como Pinguins do Papai ainda estejam nos cinemas, contando com argumentos fracos e uma cartilha em forma de roteiro transposta na tela para arrecadar alguns trocados. Desperdicio de verba e talento de alguns idealizadores numa trama que, além de absurda, é também risivel. Não se trata de diversão descerebrada, mas de falta de diversão mesmo. Piadas já batidas e rebatidas se repetem em gags visuais mais do que previsiveis para o público, jovem ou não, que acompanhou muitas e muitas produções do gênero. Muito melhor em O Grinch, Carey aqui se mostra esgotado atuando na fórmula caricata que o consagrou como comediante.
O roteiro assinado pelo inexpressivo Mark Waters, baseando-se em um conto de 1938 (!!!), traz uma estória de evolução espiritual totalmente grosseira e mal lapidada que levada em última instância determina que os adultos devem abandonar todas as suas responsabilidades para viver suas eloucubrações disfarçadas de sonhos. Pode parecer bonitinho para as crianças ver aquele exemplo exdrúxulo de um homem que precisa largar tudo para cuidar de uns pinguins, mas a lógica que se apresenta ali é imatura e pouco saudável. No inicio do filme, contraditoriamente, encontramos uma relação que se desenvolvia de forma sadia entre o protagonista e seu pai, mas que no final tenta imbuir na cabeça das crianças do século XXI, que já estão mais do que familiarizados com as imposições de uma sociedade moderna, que enquanto seus pais não estiverem casados! (sim, a separação é tabu no filme, questão maltratadissima pelo roteiro) e presentes o tempo inteiro para satisfazer suas vontandes, ninguém poderá ser feliz.
Não há para onde fugir. O elenco de apoio também é também desnecessário, sem graça e caricato, salvando-se apenas a adorável senhora que interpreta uma dona de um restaurante tradicional da cidade e os pinguins, bem introduzidos e tendo suas participações bem realizadas tecnicamente. Os conflitos são os mesmos: ausência dos pais, tristeza pela separação do casal, trabalho excessivo...e blablablá. Não se sabe até onde esta lógica vai durar. Enquanto esses filmes se somam, o Cinema só diminui em qualidade e essa é a única lógica matemática que consigo visualizar assistindo a esse tipo de produção dita cinematográfica.
Estou curiosa relativamente a este filme. Tem o Jim C. e isso já é uma garantia de entretenimento. Digamos que ele é o melhor dos melhores no género de comédia, para não falar que as suas apostas no drama também foram muito bem conseguidas. Por isso, mesmo que não saia nada do outro mundo, alguma qualidade há-de ter certamente.
ResponderExcluirCumprimentos,
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