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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Réquiem Para um Sonho (2000)


O que diferencia filmes de temáticas semelhantes é a ótica particular tanto daquele que assina o roteiro quanto do que guia a câmera, seja sobre qualquer gênero cinematográfico o que irá distanciar um projeto de outro é o modo como quem o conduz enxerga o material que possui em mãos. Dito isso, custa-me crer que ainda existam cineastas que caem na antiga armadilha de achar que estão realizando algo de original, quando na verdade estão seguindo nada mais que uma cartilha preestabelecida de tudo que será apresentado. Esse é o caso de Darren Aronofsky e seu Réquiem Para um Sonho (Requiem For a Dream, 2000), filme no qual o diretor em questão pretende apresentar ao público seu prisma sobre os devastadores efeitos das drogas.

No entanto, toda a idéia que certamente mostrava-se efetiva no papel soa infantil na execução cinematográfica, devido ao próprio cineasta transformar a tragédia de seus personagens em nada mais que um conto moralista, e toda a publicidade de uma suposta “visão definitiva sobre as drogas” seja, no fim das contas, nada mais que um programa didático sobre o assunto. Chega a ser desapontador observar que Aronofsky escolhe sempre a estrada mais fácil para conduzir seu projeto, fazendo com que o fiasco em que se encontra a vida dos quatro protagonistas pareça apenas mais um simplório sinal de advertência. E daí que alguns recursos visuais do filme (imagens distorcidas, sons deformados, etc...) sejam para simular os efeitos audiovisuais dos entorpecentes? Isso em momento algum enriquece a narrativa de qualquer maneira, ao contrário soa até mesmo como um singelo subterfúgio para camuflar a pobreza da história.

Chega a surpreender ao menos o fato de que mesmo com a unidimensionalidade da trama, os atores se saiam admiravelmente bem ao encarnarem naquelas miseráveis criaturas, cada qual em uma grande performance, mesmo que o fundo do poço que aguarda aqueles personagens seja, na realidade, apenas um instrumento para instruir o público a um aviso digno de panfletos médicos e propagandas televisivas (“drogas são ruins! Não usem!”). Muito embora seja um alerta pertinente, essa idéia já fora tão trabalhada, tão discutida, tão esgotada, e Aronofsky nada mais faz que simplesmente entregar seu filme a um esquema pré-definido, optando sempre pela previsibilidade, para que desse modo a mensagem (já bastante clara) de seu filme fique ainda mais resplandecente.

Não fosse pelo muro que o cineasta constrói para barrar reflexões que não tenham sua própria interferência, Réquiem Para um Sonho certamente seria um filme bem melhor, como não foi o caso, Aronofsky preferiu se valer de todos os artifícios que tinha direito para tornar os propósitos de seu filme evidentes desde o início, perdendo-se rapidamente na superficialidade, na exaustão e na pretensão; um quesito que jamais tem reflexo com tamanhas limitações.

Nota: 5.5

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