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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Fargo - Uma Comédia de Erros (1996)


Quando vamos fazer algo, é quase que automático tentar fazer o nosso melhor para o que nós estamos realizando seja de qualidade. Não é sempre que conseguimos, infelizmente, mas a vontade de fazer o melhor é intrínseco aos seres humanos. Quando o que estamos realizando é mais complexo, o risco de sair não tão bom é maior, mas o bom mesmo é quando temos que fazer algo não tão complicado e nós conseguimos fazê-lo muito bem e com qualidade. É isso o que acontece com Fargo – Uma Comédia de Erros.

Analisando bem a base da história de Fargo, veremos que esta não é tão complexa: trata-se da história de Jerry Lundegaard (William H. Macy), gerente da loja de veículos de seu sogro. Jerry está passando por dificuldades financeiras. Então, para resolver a sua situação, planeja o sequestro da própria esposa. Seu plano era perfeito, ele combina com os realizadores do golpe que o sogro pagaria o resgate e metade ficaria com eles e o resto com Jerry. Essa parece uma típica premissa de um filme de suspense comum que passa na televisão de Sábados – típico “filme de Supercine”.

Então, Fargo é um filme extremamente comum e simplório? Não, tinha tudo para ser, mas não é isso que acontece. “Comum” é uma palavra que jamais deveria ser usada para adjetivar este filme. Há um detalhe que não se pode esquecer. O filme foi dirigido e escrito pelos irmãos Coen. Portanto, espere uma alta dose de humor negro e uma abordagem um tanto quanto peculiar para um filme desse tipo.


O humor negro e a peculiaridade estão incrustados em grande parte das cenas do filme. Em momentos do filme os irmãos Coen criam uma imagem estereotipada dos personagens, mas depois, para ironizar, quebram com a imagem criada. Isso é o que acontece com Marge (Frances McDormand), uma policial que parece ser frágil e que está grávida, mas ela é a que consegue ir mais a fundo na investigação do caso. E também os sequestradores que são reconhecidos como “mais engraçados do que o normal”, justamente eles que não deveriam ter nada de cômico, são os que mais conferem humor ao filme.

É importante observar que o humor irônico e sarcástico do filme se dá por conta dos fatos que ocorrem durante a situação em que todos estão metidos, e também o fato de dar tudo errado no plano de Jerry. O roteiro foi muitíssimo bem feito por conseguir dar alguma graça a uma situação tão mórbida, mesclando momentos leves com momentos violentos.

Fargo foi baseado em uma história real que se passa na cidade homônima ao filme. Uma cidadezinha americana que na época dos acontecimentos estava sendo castigada pela neve e pelo frio, o que nada ajuda nas investigações. Além disso, toda essa neve dá um tom sombrio na fotografia do filme e de certa forma representa a frieza dos sequestradores e até mesmo de Jerry que não pensou que tudo poderia ter dado errado.

Por ser uma história real com personagens e história, de certa forma, simples, a abordagem seca dos Coen se torna mais marcante, fazendo de um filme curto como Fargo (pouco mais de uma hora e meia) uma obra-prima do humor negro. Pode não ser o melhor filme dos irmãos Coen, mas foi o que definiu o estilo deles e, portanto, merece respeito.

Nota: 9,0

Um comentário:

  1. Um bom filme, cheio de humor negro e um roteiro convencional que muda graças aos ótimos diretores. E seu texto está ótimo!
    Abraços.

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