Sobre Meninos e Lobos é mais um daqueles filmes que surpreendem o espectador, tanto pela sua capacidade de prender a atenção do mesmo até o final, quanto por acabar se revelando um dos mais dramáticos filmes do século XXI. Não eram essas, a princípio, minhas expectativas em relação ao até então, mais novo trabalho do diretor americano Clint Eastwood. Um filme, elogiado pela crítica, elogiado pelo público, é um típico longametragem que chama a atenção de um espectador curioso, em busca de um cinema melhor.
A história do filme é basicamente mística, como o próprio nome original do longa "Mystic River". Na sua primeira parte, aparecem três crianças, três meninos que gostam de fazer travessuras nas ruas. Um dia, um suposto policial aborda-os e leva um deles dentro de seu carro, com o pretexto de levá-lo para a casa de seus pais, denunciá-lo. Entretanto, o tempo passa, e o espectador logo percebe que não foi bem essa a intenção daquele homem. Dave (agora já crescido e interpretado por Tim Robbins), foi levado pelo homem e passou dias, sendo abusado sexualmente. Cresceu com esse trauma, e atualmente, seria casado com Celeste (Marcia Gay Harden). Um de seus amigos de infância, Sean (Kevin Bacon), cresceu e virou um competente detetive. O terceiro do grupo (Sean Penn), é sem dúvida, o mais encreiqueiro de todos, seu nome é Jimmy fora preso e é dono de uma pequena máfia, instalada na cidade onde a história se desenvolve. O tempo afastou esses amigos, e essa experiência traumática com certeza ajudou a afastá-los ainda mais. Porém, algo misterioso e inexplicável acontece, a filha de Jimmy, Katie é encontrada morta. Ele, com seus impulsos nervosos, decide procurar por si próprio o assassino de sua filha, enquanto a policia (liderada pelo detetive Sean) faz o seu trabalho. Depois de bastante investigar, de um jeito ou de outro, Jimmy chega ao ex-amigo Dave. A partir daí, a história passa a ficar mais e mais interessante, uma vez que surpresas e decpções vão acontecer, mais cedo ou mais tarde.
Eastwood comanda com mãoes de ferro essa poderosa narrativa, e assim como faz com todo o restante da produção, exige sempre o melhor de seu elenco. Claro que o ótimo resultado de tanto esforço salta à vista. Sean Penn tem, pelo papel de Jimmy Markum, a melhor atuação de sua carreira, e merecidamente, saiu vencedor do Oscar de Melhor Ator. Quem também saiu cim uma estatueta nas mãos foi o veterano Tim Robbins pelo papel de coadjuvante. Embora Marcia Gay Harden fora indicada, perdeu para Renée Zellweger de Cold Mountain, porém sua interpretação estava bastante convicente. Quem também detêm uma ótima atuação é o ator Kevin Bacon, que junto com Robbins, fazem uma fantástica dupla de coadjuvantes. O elenco, em geral está magnífico, inclusive as breves passagens de Laura Linney, como a mulher de Jimmy, são muito boas.
Sobre Meninos e Lobos tem ótimas passagens e com certeza, alcança seu objetivo principal, que é atingir o espectador, suas emoções e deixá-lo pensar após o término da projeção. Mas, talvez essa questão possa ser a que mais me decepcionou no filme, surpreendentemente. Ao terminar de assistir, o espectador pode ficar com sentimentos tristes, comuns depois de um filme tão forte.
Apesar de ser muito bem, em termos de roteiro, elenco e direção, ficou aquela sensação de estar faltando algo, ou um final mais otimista, ou qualquer outra tipo de demonstração de esperança, coisa que não mostra em momento algum do longa, somente desesperança.
Sobre Meninos e Lobos é um bom filme, muito bem interpretado e com aquele toque de genialidade de Eastwood. Recomendo, embora nem todos irão gostar da forma como ele é introduzida na mente do espectador.
Nota: 7.0
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