Juno (2007)

A comédia mais inteligente do ano. Juno é um exemplo de como um roteiro simples, pode transformar um filme em algo muito maior e melhor.

Todos os meses os cinemas são invadidos por comédias desnecessárias, esdrúxulas e paródias muito mal feitas. Felizmente, as raras excessões de comédias bem sucedidas ainda salvam a reputação do gênero. 'Juno' é um exemplo perfeito disto. O filme já era esperado com muita ansiedade e depois de Pequena Miss Sunshine, que saiu vencedor de 2 Oscar na cerimônia de 2007, as expectativas cresceram mais ainda. O diretor Jason Reitman, já era conhecido pela ótima comédia Obrigado por Fumar, e prometia fazer bonito em mais uma, somente seu segundo longametragem. E o resultado não poderia ter sido melhor. Interpretações excepcionais, principalmente vindas do núcleo jovem do elenco, um roteiro curioso e humilde muito bem escrito e protagonistas carismáticos levaram o filme de baixo orçamento ao posto de um dos cinco melhores filmes de 2007, sendo indicado ao Oscar 2008 de Melhor Filme, além das indicações nas categorias de Melhor Diretor para Reitman, Melhor Atriz para a profissional Ellen Page e a vitória na categoria de Melhor Roteiro Original.

O roteiro, para se falar a verdade, é muito simples. A história é muito curiosa e os seus desdobramentos mais curiosos ainda. Toda essa recém-nascida genialidade vem da ex-stripper Diablo Cody, que escreve seu primeiros roteiro, um roteiro luminoso e muito bem trabalhado. Ela, com muito pouca experiência de roteirista, deu uma verdadeira aula de como transformar um pequeno filme, em uma verdadeira obra-de-arte, rara por si só.

E ninguém sabe mais que Ellen Page, uma jovem atriz, a dar vida a uma personagem tão independente e determinada como é Juno MacGuff, uma adolescente que acaba engravidando acidentalmente de seu melhor amigo, o tímido Paulie Bleeker, interpretado pelo esforçado Michael Cera. Ela, junto com sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby), decidem que vão dar o bebê para um casal que cuide bem dele, tome conta e ame-o. O pai de Juno, interpretado por J.K. Simmons e a madastra Bren (Allison Janney), apoiam a decisão de Juno, que logo encontra o casal perfeito para a adoção. Vanessa e Mark Loring, Jennifer Garner e Jason Bateman respectivamente é aparentemente um par feliz, que não conseguem ter um filho. Os dois demonstram um grande afeto desde o início pelo filho de Juno, que se convence cada vez mais que fez a escolha certa, difícil, porém a escolha correta.

A convivência com o casal Loring leva ela a conhecer mais a fundo os desejos de cada um e dúvidas começam a invadir sua mente. O que poderia ser um bom pretexto para os clássicos clichês, não acontecem. Nada de repetido é induzido ao espectador, que aproveita os 96 minutos de originalidade sem perder o gosto, dando boas risadas e até mesmo se emocionando com as personagens.

Talvez o único problema que o roteiro principiante de Cody enfrenta é o excesso de citações de bandas norte-americanas, bandas totalmente desconhecidas para o restante do mundo, que acaba passando um pouco da dose e boas partes de cenas alongadas poderiam ter sido evitadas. A tentativa frustrada de ser "cult" demais, acabou levando o filem a cai r nas próprias pretenções. Mas é um pequeno problema que embora não atrapalhe o andamento do filme, prejudica a diversão dos mais despreocupados espectadores.

Outro grande ponto positivo do filme é justamente a sua trilha sonora. Um tema bem country e leve, fez a alegria e a bem sucedida sequência de imagens iniciais. Músicas como All I Want Is You e My Rollercoaster cairam como uma luva para a produção.

"If I was a flower growing wild and free
All I'd want is you to be my sweet honey bee.
And if I was a tree growing tall and greeen
All I'd want is you to shade me and be my leaves

All I want is you, will you be my bride
Take me by the hand and stand by my side
All I want is you, will you stay with me?
Hold me in your arms and sway me like the sea."

>> All I Want Is You

Juno é, na verdade, uma grande revelação, muito embora o elenco já tenha sido aproveitado em outras fitas, como Ellen Page estava ótima em Menina Má.Com, como Michael Cera estava muito bem também no despretencioso Confissões de uma Mente Perigosa, etc. A revelação é justamente da roteirista e o caminho do sucesso que o elenco e o diretor vão passar a trilhar, sempre atriando multidões e melhorando cada vez mais. 'Juno' tem seus problemas, assim como toda comédia de uma equipe principiante, mas conseguem driblar os clichês e os estereótipos, e isto já está de bom tamanho, por enquanto.

Nota: 8.0