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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Marte-Ataca! (1996)

Os alienígenas: ótimos desenhos, péssimo CGI.


Tim Burton é, sem sombra de dúvida, um dos diretores mais competentes do cinema moderno. Símbolo cult, principalmente nos EUA, o diretor ganhou fama pelo gótico com o qual impregna seus filmes. Entretanto, logo em 1996, quando "Independence Day" enchia os norte-americanos de patriotismo exacerbado, o diretor parece ter se enjoado um pouco com seu próprio estilo e com o sucesso do dito filme. Resultado: ele resolveu lançar "Marte Ataca!", uma sátira absurdamente escrachada sobre o militarismo estadunidense. De fato, este foi um filme que literalmente dividiu minha opinião, sendo que creio que ele tenha pontos positivos na mesma proporção que os negativos.
Pois é, os penteados dos anos 90 eram assim mesmo...


Antes de tudo, o filme não lembra em quase nada o estilo "dark" de Burton. Visuais coloridos, cenas rodadas em plena luz do dia, pessoas (quase) normais e com poucas caricaturas. Enfim, tudo ao contrário de uma obra tipicamente burtoniana. Isso não é ruim nem bom, só irá depender do ponto de vista (fãs do diretor, por exemplo, não gostarão deste "novo" Burton). Na minha opinião, foi algo bom ver este outro lado do diretor.

Guarde bem esta imagem na cabeça: uma cena assim não é muito comum no cinema...


Entretanto, se há algo que permanece do estilo do diretor é o humor negro. A invasão alienígena é um pretexto glorioso para mortes absurdas e cômicas. Os próprios alienígenas são uma representação viva desse humor: sarcásticos e zombeiros, brincam com as vidas humanas com tal diversão que ao menos um sorrido irônico será arrancado do espectador.

Mesmo assim, esse humor às vezes exagera. Por exemplo, colocar os alienígenas somente em trajes íntimos, como o que ocorre nas cenas em que eles estão em suas naves, não provoca graça e simplesmente não contribuem para formar a comicidade destes. Há uma determinada cena, por exemplo, em que o general Casey discute infantilmente com o presidente Dale, o qual perde a paciência e grita repetidamente para que o general se cale. Essa cena, assim como tantas outras, é absolutamente dispensável, além de ser monótona e constrangedora.

Sobre os atores, difícil não notar o fato de que 90% do elenco é composto por nomes de peso: temos Jack Nicholson no papel do inseguro presidente Dale e até Pierce Brosnan como o certinho professor Kessler. Bem, falar dos personagens que eles representam é difícil visto que, enquanto alguns valem a pena, outros são totalmente descartáveis (o quarteto que tenta fugir de Las Vegas é um exemplo). Destaco a atuação ora boa ora vergonhosa de Jack Nicholson. O ator, com todo o seu sorriso diabólico e personalidade sarcástica, simplesmente não se encaixou como o presidente dos Estados Unidos. Muitas de suas cenas apresentam uma atuação forçada e claramente falsa (desconfio se isso foi proposital, visto que o filme zomba de tudo e de todos). Contudo, pode-se notar cenas primordiais com ele, em destaque máximo a que ele, em um monólogo claramente clichê, tenta convencer o embaixador alienígena a declarar paz (uma cena ótima, que cria grande comicidade ao gerar uma espectativa que é, posteriormente, quebrada).

Quanto a parte técnica, os efeitos especiais do filme são ora ridículos ora "bem feitinhos". Algumas cenas são horrendamente montadas (no sentido negativo da expressão) enquanto outras chegam a convencer (os alienígenas são bem feitos e as cenas de destruição de grandes cidades são bem legais).

Visualmente, o filme é cheio de cores vivas e cenários abertos, nada muito excepcional. Entretanto, há alguns pequenos trunfos: na cena em que a Casa Branca é invadida, simplesmente me encantei com toda a confusão causada pelos perversos ET's. É simplesmente a síntese do caos! Todos correndo e gritando, tiros e luzes, explosões e mortes... enfim, uma cena magnificamente bem realizada. Já a trilha sonora é repleta de sons psicodélicos no estilo "espacial". Ela acompanha bem o ritmo do filme, sendo um ponto muito bom para essa produção.

Concluindo, "Marte Ataca" não é um clássico do humor mas também não é o desastre que os críticos dizem. De fato, creio que o filme foi massacrado nos EUA pelo simples fato de esnobar com o patriotismo e o orgulho que o país tem. É inegável que muitas partes são descartáveis e muitos personagens servem somente para encher o elenco, mas essa produção é muito superior a execráveis "Todo Mundo em Pânico" ou coisas do gênero. Mesmo sendo um dos filmes mais fracos do diretor, é uma ótima diversão sem compromisso. Enfim, uma boa tentativa de Tim Burton.



Até você, Pierce?!


NOTA: 5,5




4 comentários:

  1. Que esse filme sirva de lição para o Burton que, mesmo para fazer trashs, precisa-se de capricho...

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  2. Acho esse filme o terceiro melhor do diretor, só perde pros ótimos Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça e Ed Wood.

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  3. Será que foi a intenção do Burton fazer um filme fraco na intenção de homenagear Ed Wood?

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