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terça-feira, 23 de agosto de 2011

O Pequeno Nicolau (2009)


Baseado na série de histórias em quadrinhos francesa criada por René Goscinny e ilustrada por Jean-Jacques Sempé, O Pequeno Nicolau traz uma nova roupagem aos filmes infantis que abordam temas adultos. Em um tempo onde as animações da Pixar, apesar de serem direcionadas ao público infantil, abordam temas avançados demais para os pequenos, esta pequena produção dirigida por Laurent Tirard (As Aventuras de Molière, Um Irreverente e Adorável Sedutor) surge como uma interessante opção para os que buscam uma discussão mais leve e pueril da coisa.

O garoto Nicolas (Maxime Godart) leva uma vida tranqüila. É muito amado por seus pais, tem uma turma de amigos com quem se diverte bastante. Para ele, nada precisa mudar. Mas um dia, Nicolas surpreende uma conversa entre seus pais que o faz achar que a mãe está grávida. O menino entra em pânico e já imagina o pior: tão logo nasça um irmão, seus pais deixarão de lhe dar atenção e vão êndona-lo na floresta como as histórias do Pequeno Poucet, de Perrault.

A chave para acompanhar toda a simplicidade e bom humor de O Pequeno Nicolau é deixar-se levar pelo espírito infantil e inocente do longa. O roteiro de Alain Chabat e Grégoire Vigneron em conjunto com Tirard e Goscinny desperta nos mais saudosistas muitos dos sentimentos que enfrentamos quando crianças, como o humor inocente e uma forte ligação entre os amigos. No meio de uma proposta completamente infantil, o filme toca em nossos sentimentos mais profundos, por vezes menosprezados, mas que lá no fundo ainda se fazem presentes.


A pureza das crianças, aliás, é utilizada de maneira inteligente por Tirard para desenvolver os temores e dúvidas que tomam conta dos pequenos nesta idade. Ao escutarem a história do Pequeno Polegar que foi abandonado na floresta, o medo da rejeição dos pais se torna o principal medo dos garotos. Crianças necessitam de atenção, de carinho, e ao imaginarem que podem não ter mais isso de seus pais, as crianças começam a armar seus planos para evitar o abandono, o que permite que Tirard ao mesmo tempo em que desenvolve as incertezas dos garotos, investe em momentos de humor puramente inocente, simples, mas inspirado e que garante a diversão para os mais velhos.

Aliás, a visão narrativa de Tirard é repleta de imaginação e deliciosas invencionices. Seguindo pelo ponto de vista de Nicolau na maior parte da projeção, o cineasta usa e abusa das incertezas do garoto e dá vida a momentos verdadeiramente hilários, com piadas despretensiosas, e por isso mesmo, facilmente degustáveis para todos os públicos. As crianças se identificarão com os conflitos de Nicolau e seus amigos, enquanto que os mais velhos se deliciarão com a linguagem estilizada da narrativa.

É interessante ressaltar, aliás, o valor nostálgico que O Pequeno Nicolau traz consigo, não apenas por trazer à tona muitos dos sentimentos de nossa infância, mas por ter feito parte da vida de muitas crianças, hoje adultas, na década de 60 até os anos 80. E é visível que a produção é voltada, especialmente, para este público veterano, que ganharam uma adaptação bonita, divertida e cativante, exatamente como deveria ser. Uma produção infantil, mas com um olhar adulto, sem deixar de lado o bom humor e a simpatia, garantida pelo carisma exalado pelos pequenos. Recomendo para todos aqueles que desejam voltar à sua infância, e reviver os gloriosos tempos da inocência. 

Nota: 8.0



Um comentário:

  1. Gosto bastante desse estilo, pois é visivelmente muito bem cuidado pela produção. Ainda não vi o filme, mas já o tenho e talvez até me faça companhia hoje nesse frio da tarde, hehe.

    Abraço!

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