A história central é difícil de definir. A princípio nos deparamos com Dan Burns (Steve Carell), um pai solteiro e deprimido que não conseguiu acompanhar o crescimento de suas filhas, tornando-se um verdadeiro careta para elas. Essa é a premissa da história principal quando o filme começa, já que o título original dá a entender que tudo se trata da vida de um pai solteiro com dificuldade de encarar sua situação (pois o título original seria “Dan na Vida Real”). Mas eis que surge outra história principal no meio da primeira história principal (prometo que paro por aqui de usar a expressão "história principal"), quando Dan acaba se apaixonando pela bela e madura Marie (Juliette Binoche), uma mulher que conheceu numa livraria, que mais tarde ele descobrirá se tratar da nova namorada Mitch, seu irmão caçula. Agora o filme tem dois rumos a tomar, um mais dramático ao tratar das dificuldades de um pai solteiro e outro mais romântico e cômico ao mostrar as situações constrangedoras entre Dan, Marie e Mitch. Nada contra uma história ter dois assuntos ao mesmo tempo, mas a questão é que ambas as partes tem importâncias iguais.
Em meio a tanta indecisão do diretor e do roteiro em achar um foco para a trama, acabamos por nos sentir atraídos por outros aspectos mais definitivos, como a inspirada e linda trilha sonora assinada pelo jovem e talentoso Sondre Lerche. Sempre suave e deliciosa, a trilha denuncia o verdadeiro objetivo do filme: mostrar dramas familiares de uma forma leve e por vezes engraçada. O tema "família" acaba englobando todos os núcleos numa só história. Isso se dá pelo fato de quase todo o filme se passar no período de um fim de semana em família na casa dos pais de Dan, onde ocorrem inúmeras atividades entres os membros da família Burns.
Steve Carell acabou surpreendendo positivamente ao conseguir trazer toda a carga dramática para o personagem. Isso não foi tão difícil, já que a direção do filme não prioriza grandes cenas dramáticas, e sim equilibradas doses de emoção e comédia. Com um enredo de gênero dramático, mas abordado com leveza e sutileza, Carell soube achar um papel que se encaixasse dentro de seus limites. No caso de Binoche a coisa toda foi fácil, já que é uma atriz acostumada com esses tipos de filme, onde sempre interpreta uma personagem complexa em atitudes e beleza. Só ficou um pouco fora dos padrões a escalação de Dianne Wiest para um papel tão pequeno.
Ignorem o título nacional desse filme e não procurem achar um ponto de partida fixo, assim é possível se entreter com Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada. Afinal de contas, entre trancos e barrancos, o filme acabou se tornando diferente de uma forma inusitada, porém especial. Para quem procura uma história totalmente fora dos padrões básicos, é uma opção certeira.
Nota: 8.0
O Telecine sempre reprisa este filme e eu sempre deixo para outra dia.
ResponderExcluirPreciso conferir.
Abraço
quero ver por causa da binoche. ela é uma fofa. e carrel eh bom comediante
ResponderExcluirUm dos filmes mais adoráveis que Juliette Binoche já fez!
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