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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada (2007)


Quando lançado esse filme, muitos acharam estranho um drama estrelado pelo comediante Steve Carell, ainda mais contracenando com a cult Juliette Binoche. De fato, foi no mínimo curioso checar a confirmação desse elenco, que ainda incluía nomes como Dianne Wiest e John Mahoney. O resultado final, por mais contraditório que pudesse parecer, foi surpreendentemente positivo. Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada (título nacional totalmente tosco) acabou se tornando um tipo raro no cinema, aquele que os elementos secundários são tão importantes que superam os primários. Trilha sonora, fotografia e personagens coadjuvantes acabaram tendo uma força tão vital para o desenvolvimento da obra, que os protagonistas, a direção e o roteiro se tornaram meras formalidades. Total inversão de prioridades. Mais incrível que tudo isso foi o fato de tal inversão curiosa ter dado certo, mesmo não sendo intencional.

A história central é difícil de definir. A princípio nos deparamos com Dan Burns (Steve Carell), um pai solteiro e deprimido que não conseguiu acompanhar o crescimento de suas filhas, tornando-se um verdadeiro careta para elas. Essa é a premissa da história principal quando o filme começa, já que o título original dá a entender que tudo se trata da vida de um pai solteiro com dificuldade de encarar sua situação (pois o título original seria “Dan na Vida Real”). Mas eis que surge outra história principal no meio da primeira história principal (prometo que paro por aqui de usar a expressão "história principal"), quando Dan acaba se apaixonando pela bela e madura Marie (Juliette Binoche), uma mulher que conheceu numa livraria, que mais tarde ele descobrirá se tratar da nova namorada Mitch, seu irmão caçula. Agora o filme tem dois rumos a tomar, um mais dramático ao tratar das dificuldades de um pai solteiro e outro mais romântico e cômico ao mostrar as situações constrangedoras entre Dan, Marie e Mitch. Nada contra uma história ter dois assuntos ao mesmo tempo, mas a questão é que ambas as partes tem importâncias iguais.

Em meio a tanta indecisão do diretor e do roteiro em achar um foco para a trama, acabamos por nos sentir atraídos por outros aspectos mais definitivos, como a inspirada e linda trilha sonora assinada pelo jovem e talentoso Sondre Lerche. Sempre suave e deliciosa, a trilha denuncia o verdadeiro objetivo do filme: mostrar dramas familiares de uma forma leve e por vezes engraçada. O tema "família" acaba englobando todos os núcleos numa só história. Isso se dá pelo fato de quase todo o filme se passar no período de um fim de semana em família na casa dos pais de Dan, onde ocorrem inúmeras atividades entres os membros da família Burns.


Apesar de toda a imprecisão do roteiro, podemos dizer que em alguns momentos ele cumpre com louvor a transmissão de sua mensagem. Desde pequenos diálogos e discretas trocas de olhares até situações realmente dramáticas, acabamos nos identificando com o personagem central e sua triste vida, torcendo para que ele acabe com todo esse sofrimento e fique com Marie no final. Marie acaba sendo uma personagem especial ao mostrar tudo aquilo que Dan sempre sonhou depois da morte de sua esposa: uma mulher madura e bela, que acerta em cheio seus mais profundos sentimentos. Nesses momentos o filme merece reconhecimento, pois expõe com verdade a difícil tarefa de lidar com filhos adolescentes e ainda arrumar tempo para conhecer alguém novo depois de tanto tempo sozinho.

Steve Carell acabou surpreendendo positivamente ao conseguir trazer toda a carga dramática para o personagem. Isso não foi tão difícil, já que a direção do filme não prioriza grandes cenas dramáticas, e sim equilibradas doses de emoção e comédia. Com um enredo de gênero dramático, mas abordado com leveza e sutileza, Carell soube achar um papel que se encaixasse dentro de seus limites. No caso de Binoche a coisa toda foi fácil, já que é uma atriz acostumada com esses tipos de filme, onde sempre interpreta uma personagem complexa em atitudes e beleza. Só ficou um pouco fora dos padrões a escalação de Dianne Wiest para um papel tão pequeno.

Ignorem o título nacional desse filme e não procurem achar um ponto de partida fixo, assim é possível se entreter com Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada. Afinal de contas, entre trancos e barrancos, o filme acabou se tornando diferente de uma forma inusitada, porém especial. Para quem procura uma história totalmente fora dos padrões básicos, é uma opção certeira.

Nota: 8.0



3 comentários:

  1. O Telecine sempre reprisa este filme e eu sempre deixo para outra dia.

    Preciso conferir.

    Abraço

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  2. quero ver por causa da binoche. ela é uma fofa. e carrel eh bom comediante

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  3. Um dos filmes mais adoráveis que Juliette Binoche já fez!

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