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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Violência Gratuita (1997)


Para os cinéfilos, geralmente, há um pequeno empecilho ao ir assistir um clássico, ou até mesmo um filme recebido com grande estima pelo grande público, isso ocorre pelo fato de que quando este vai ver um determinado filme, fica desconfiado que a obra possa não suprir todas as suas expectativas, e aquele filme tão admirado pela massa, seja na verdade uma decepção. Violência Gratuita (Funny Games, 1997) de Michael Haneke foi um desses casos para mim, como admirador da arte; não que esse filme seja intocável em divergências opinativas com relação a sua qualidade, porém é certamente um projeto conceituado, que certamente agrada a maioria dos apreciadores do bom cinema. Infelizmente, isso não aconteceu comigo.

Violência Gratuita conta com uma trama forte, de carga pesada, feito exclusivamente para causar um impacto sem precedentes no psicológico de seu espectador, utilizando a violência, tal como seu título nacional sugere, para conferir um choque emocional no público. Não é um filme para todos, isso porque, esta obra, mesmo que contenha pouca violência gráfica, pretende através de seus artifícios revoltar e imobilizar o espectador através de tudo aquilo que está sendo apresentado. Brutal? Certamente. Entretanto, Violência Gratuita tenta a todo instante provocar a inércia de reações de seu público, que em certos momentos sua crítica social é diluída por esse instinto de transtornar-nos a todo e qualquer custo.

Violência Gratuita repassa uma mensagem interessante sobre a obscuridade da natureza humana, filmada de um ângulo curioso e até mesmo instigante. Entretanto, a relação do espectador com os personagens presentes na trama é praticamente anulada pelo mau desenvolvimento daqueles personagens; e além do mais, não há muita coisa que se extraia da reflexão que Violência Gratuita diz proporcionar que não se compare as mensagens deixadas pelo sublime Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, 1971), de Stanley Kubrick, que repassa muitas das idéias que se propagam nesse filme de Haneke, porém com uma precisão e reflexão muito mais certeiras.


A trama de Violência Gratuita consiste em narrar a trajetória de uma família, respectivamente um casal e seu filho, que viaja até uma casa de campo a beira de um lago para relaxar e refugiar-se do cansaço proporcionado pelo dia a dia. Eis que dois jovens visitam o lugar com intenções misteriosas, é então que ambos se revelam psicopatas alucinados, que submetem aquela família a jogo insano de tortura física e psicológica, sem motivo ou objetivo aparente, somente proporcionar o caos e o desespero de suas vítimas e, conseqüentemente, sua sádica diversão.

É notório que a trama que o filme desenvolve é deveras interessante, principalmente pela abertura de surpresas e reviravoltas durante o percurso de sua narrativa. E Violência Gratuita proporciona isso, situações inesperadas e eventos invertidos sem qualquer piedade. Entretanto, o ritmo que esta narrativa toma é por vezes cansativo, convertendo toda aquela trama que deveria fisgar o espectador e chocá-lo a cada reviravolta, em algo arrastado e enfadonho, características essas que dissolvem os maiores impactos que a obra poderia providenciar.

Por fim, todo aquele brilho e chamariz que atraia de longe, foi na verdade algo de muito desapontador para as expectativas que havia estabelecido. Violência Gratuita é bem menor do que as suposições. Na verdade, o que temos aqui é um suspense corriqueiro, que conta em seus atributos com uma trama interessante e uma mensagem chamativa, de resto, os maiores predicados que poderia concretizar à seu próprio prol, são eclipsados por algo incrivelmente arrastado, de desenvolvimento extremamente cansativo e interminável. A tentativa foi válida, é verdade, porém suas boas intenções não salvam seu resultado.

Nota: 5.0

3 comentários:

  1. Gosto bastante de Violência Gratuita. É simples e cheio de imprevistos, o que deixou o filme mais dinâmico. Mas sou um pouco suspeito para falar, adoro de coração o cinema de Haneke.

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  2. Realmente impactante, me deixou completamente estupefato ao seu final.

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  3. Já tinha lido seu texto antes. Vc quase compartilha da mesma opinião que a minha. Acho o filme ruim mesmo.

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