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sábado, 14 de janeiro de 2012

OSCAR 2012 - Tudo Pelo Poder (2011)


A desconstrução de um personagem no cinema é algo realmente complicado, pois exige muito do roteiro, da direção e, principalmente, do ator e a força de sua atuação. Tudo Pelo Poder (The Ides of March, 2011) é um ótimo exemplo desse tipo de filme, pois mostra a desconstrução de Stephen Myers (Ryan Gosling) e como este passou por um processo de reconstrução que o mudou completamente.
Para tanto, a história de Stephen, que é um assessor de imprensa que divulga a campanha do candidato à presidência dos Estados Unidos, Mike Morris (George Clooney), é explorada. No filme, todo o jogo político americano é dissecado e no meio disso tudo está Stephen, competente, eufórico e esperançoso, pois acredita que o candidato democrata (inspirado por Barack Obama) que está divulgando mudará drasticamente e para melhor a situação do país. Ele é um alvo fácil para ser afetado pelos estratagemas políticos do adversário e, até mesmo, do seu candidato.
Conforme vai descobrindo toda a sujeira e a corrupção que o ronda, Stephen se torna fruto desse meio e se torna frio, calculista, extremamente arisco. Ele representa toda a nação, esperançosa com um novo nome na política, mas conforme vai conhecendo e descobrindo a verdade em torno do microcosmo político, se torna insatisfeita e descontente.
O filme é brilhante no que se refere ao estudo do personagem de Gosling e a sua comparação com os cidadãos americanos (e não só estes afinal, quantas pessoas no mundo se sentem insatisfeitos com a política?), entretanto, a obra vai além e aborda questões bastante atuais que merecem ser discutidas, como o relacionamento homossexual, a pena de morte e o aborto e a relação disso com o estado apresentando visões liberais sobre tais. Além de ser um estudo de como o poder corrompe (ou revela?) o caráter.
Como foi dito, é complicado para um ator ter seu personagem desconstruído e moldado novamente com outras características, pois é preciso captar ambas as essências e saber dosá-las ao longo da mudança, até que o processo esteja completo. Ryan Gosling consegue este feito, para confirmar isso, basta comparar a cena inicial com a final. As mudanças no seu olhar e expressões são nítidas. Além disso, todas as atuações são ótimas. Clooney, que também dirige o filme, soube dar espaço aos seus melhores atores e estes souberam captar as verdades e mentiras de seus personagens.
O filme não se destaca pelos seus aspectos técnicos – estes são o suficiente para a produção, apesar de alguns cenários serem interessantíssimos – nem cria uma nova forma de narrativa; foi criado para contar uma boa história, e consegue isso, graças a um roteiro ágil e direção que não perde o ritmo, eficiente trilha sonora e atuações primorosas. E o melhor de tudo, é um filme americano sobre política que apresenta uma visão pessimista e desidealizada (porém, verdadeira) sobre este panorama no país. Uma argumentação simples, mas muito bem desenvolvida e amarrada.
9/10

2 comentários:

  1. Achei esse filme demais. Já começa com o Poster que pra mim foi o melhor do ano.

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  2. Realmente, esse poster foi muito bem pensado. Todo filme, na verdade!

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