Existem certos gêneros em Hollywood que, por mais que seja feito um esforço, são facilmente suscetíveis a cair no uso dos clichês. Filmes sobre pessoas viciadas em drogas já não é nenhuma novidade no meio cinematográfico, sendo que após Trainspotting – Sem Limites, de Danny Boyle, este tipo de abordagem passou a ser analisada com um olhar mais severo e rigoroso pelos críticos.
Baseado numa obra escrita por Luke Davies, também responsável pelo roteiro, Candy tinha tudo para ser apenas mais um entre milhares de exemplares que já haviam desgastado a abordagem sobre dependentes químicos, já que numa análise básica, não passa de um drama convencional e estereotipado. Mas é o olhar sensível do diretor Neil Armfield, junto com as atuações intensas dos protagonistas, que distancia esta produção da característica mesmice que permeia outras realizações similares. Não que exista algo de novo aqui: de fato, muitas situações e conflitos podem ser facilmente previstos pelo espectador, mas é a direção firme e delicada de Armfield que transforma este filme em uma experiência recompensadora.
Candy conta a história de Candance, ou carinhosamente chamada de Candy (Abbie Cornish), o protótipo de uma jovem bonita que esbanja talento em suas pinturas que acaba conhecendo Dan (Heath Ledger), um jovem saudável e promissor. Vivendo o auge da sua juventude, eles se apaixonam assim que se conhecem, passando a dividir também a dependência por heroína. De início, Candy e Dan sentem viver no paraíso, mas o vício passa a causar grandes mudanças em suas vidas. A falta de dinheiro faz com que eles retornem à realidade e Candy torna-se prostituta, com o consentimento de Dan. Para afirmar sua união, eles decidem se casar, mas a dependência das drogas afeta suas vidas e satura Candy, que opta por se internar e tratar o seu vício, enquanto a vida de Dan sofre mais alterações com a distância entre os dois.
Apesar do título se referir diretamente a personagem de Abbie Cornish, o filme é, na verdade, uma história sobre a dificuldade de um casal em encontrar um rumo certo para suas vidas, já que a dependência química destrói, aos poucos, a vida conjugal de ambos. O roteiro de Luke Davies, autor da obra original, vai trabalhando a degradação da vida do casal com precisão, desenvolvendo tanto os conflitos compartilhados como os pessoais. Não que Davies consiga fugir da previsibilidade, longe disso. Tudo está lá, o envolvimento familiar, as amizades que impedem os personagens de livrarem-se do vício, a resistência em internarem-se imediatamente e a imprudência no uso da droga em momentos inapropriados. Mas o filme ganha pontos ao pontuar muito bem a jornada dos personagens rumo ao fundo do poço, e o olhar sempre preciso de Armfield consegue levar o espectador à reflexão.
Candy e Dan, aliás, corriam o risco de tornarem-se extremamente antipáticos com o público, já que a teimosia de ambos em permanecer no erro pode parecer, por vezes, irritante. Mas a escalação do falecido Heath Ledger e Abbie Cornish como os intérpretes principais se mostra extremamente feliz, já que além do talento de ambos em transmitir a vulnerabilidade do jovem casal diante da situação, ainda esbanjam carisma, conquistando a simpatia do espectador e, inevitavelmente, a torcida para que os dois consigam sair desse buraco. Ledger, em especial, deixa fluir perfeitamente bem toda a confusão emocional e psicológica de Dan, que se sente culpado por introduzir Candy no meio de seu mundo, que inevitavelmente, só se encontra a desgraça. Mas Abbie Cornish também não fica atrás, apresentando uma surpreendente maturidade para uma atriz que ainda está no começo de sua carreira. E Geoffrey Rush, apesar do pouco destaque, completa o ciclo das boas atuações.
Tecnicamente, Candy também é um filme belíssimo. Armfield é extremamente bem sucedido em seus enquadramentos de câmera, que trazem um toque mais intimista ao filme. E a fotografia Garry Phillips, com uma paleta de cores levemente dessaturada, traz uma aura ainda mais bela e dramática ao filme, enxertando uma beleza invejável nos enquadramentos. A direção de arte não se dá ao mesmo luxo, investindo em cenários sujos e decadentes que transmitem o modo de vida decadente dos personagens.
Indo um pouco além sobre a abordagem das drogas, Candy é também uma história de amor, e sobre até onde este sentimento pode tornar-se influenciável. É clichê, de fato, porém relevante e também uma ótima opção aos que apreciam um drama denso e bem articulado. Ao final, você pode sentir-se tão debilitado emocionalmente quanto os personagens. E isto é a prova de que, de fato, o filme funciona.
Baseado numa obra escrita por Luke Davies, também responsável pelo roteiro, Candy tinha tudo para ser apenas mais um entre milhares de exemplares que já haviam desgastado a abordagem sobre dependentes químicos, já que numa análise básica, não passa de um drama convencional e estereotipado. Mas é o olhar sensível do diretor Neil Armfield, junto com as atuações intensas dos protagonistas, que distancia esta produção da característica mesmice que permeia outras realizações similares. Não que exista algo de novo aqui: de fato, muitas situações e conflitos podem ser facilmente previstos pelo espectador, mas é a direção firme e delicada de Armfield que transforma este filme em uma experiência recompensadora.
Candy conta a história de Candance, ou carinhosamente chamada de Candy (Abbie Cornish), o protótipo de uma jovem bonita que esbanja talento em suas pinturas que acaba conhecendo Dan (Heath Ledger), um jovem saudável e promissor. Vivendo o auge da sua juventude, eles se apaixonam assim que se conhecem, passando a dividir também a dependência por heroína. De início, Candy e Dan sentem viver no paraíso, mas o vício passa a causar grandes mudanças em suas vidas. A falta de dinheiro faz com que eles retornem à realidade e Candy torna-se prostituta, com o consentimento de Dan. Para afirmar sua união, eles decidem se casar, mas a dependência das drogas afeta suas vidas e satura Candy, que opta por se internar e tratar o seu vício, enquanto a vida de Dan sofre mais alterações com a distância entre os dois.
Apesar do título se referir diretamente a personagem de Abbie Cornish, o filme é, na verdade, uma história sobre a dificuldade de um casal em encontrar um rumo certo para suas vidas, já que a dependência química destrói, aos poucos, a vida conjugal de ambos. O roteiro de Luke Davies, autor da obra original, vai trabalhando a degradação da vida do casal com precisão, desenvolvendo tanto os conflitos compartilhados como os pessoais. Não que Davies consiga fugir da previsibilidade, longe disso. Tudo está lá, o envolvimento familiar, as amizades que impedem os personagens de livrarem-se do vício, a resistência em internarem-se imediatamente e a imprudência no uso da droga em momentos inapropriados. Mas o filme ganha pontos ao pontuar muito bem a jornada dos personagens rumo ao fundo do poço, e o olhar sempre preciso de Armfield consegue levar o espectador à reflexão.
Candy e Dan, aliás, corriam o risco de tornarem-se extremamente antipáticos com o público, já que a teimosia de ambos em permanecer no erro pode parecer, por vezes, irritante. Mas a escalação do falecido Heath Ledger e Abbie Cornish como os intérpretes principais se mostra extremamente feliz, já que além do talento de ambos em transmitir a vulnerabilidade do jovem casal diante da situação, ainda esbanjam carisma, conquistando a simpatia do espectador e, inevitavelmente, a torcida para que os dois consigam sair desse buraco. Ledger, em especial, deixa fluir perfeitamente bem toda a confusão emocional e psicológica de Dan, que se sente culpado por introduzir Candy no meio de seu mundo, que inevitavelmente, só se encontra a desgraça. Mas Abbie Cornish também não fica atrás, apresentando uma surpreendente maturidade para uma atriz que ainda está no começo de sua carreira. E Geoffrey Rush, apesar do pouco destaque, completa o ciclo das boas atuações.
Tecnicamente, Candy também é um filme belíssimo. Armfield é extremamente bem sucedido em seus enquadramentos de câmera, que trazem um toque mais intimista ao filme. E a fotografia Garry Phillips, com uma paleta de cores levemente dessaturada, traz uma aura ainda mais bela e dramática ao filme, enxertando uma beleza invejável nos enquadramentos. A direção de arte não se dá ao mesmo luxo, investindo em cenários sujos e decadentes que transmitem o modo de vida decadente dos personagens.
Indo um pouco além sobre a abordagem das drogas, Candy é também uma história de amor, e sobre até onde este sentimento pode tornar-se influenciável. É clichê, de fato, porém relevante e também uma ótima opção aos que apreciam um drama denso e bem articulado. Ao final, você pode sentir-se tão debilitado emocionalmente quanto os personagens. E isto é a prova de que, de fato, o filme funciona.
Nota: 7.0
Nenhum comentário:
Postar um comentário