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sexta-feira, 23 de março de 2012

Quadrilha de Sádicos (1977)


Se hoje em dia Wes Craven tornou-se um diretor inexpressivo e inseguro (ok, talvez seja exagero, mas é fato que o nível de suas produções caíram), algo muito diferente pode ser dito do início de sua carreira, onde seu nome tornou-se respeitado entre o gênero de horror, servindo até como referência e inspiração. Após uma estreia ousada e violenta com Aniversário Macabro (que ganhou uma ótima nova versão em 2009), Craven catapultou seu nome de vez ao estrelato com Quadrilha de Sádicos, filme de orçamento baixíssimo e produção pobre, mas que devido ao seu extremo realismo assustou e aterrorizou plateias na década de 70.

Mas deve-se pensar: será que esta história sobre uma família de canibais vitimas de experiências radioativas que atacam uma inocente família no meio do deserto conseguiu preservar o mesmo impacto de outrora? A resposta mais palpável é: não.  Numa época em que filmes como Jogos Mortais, O Albergue, Premonição e seus derivados preenchem as salas de cinema com litros de sangue e cenas de morte e tortura cada vez mais impensáveis, seria difícil (ou até mesmo impossível) que Quadrilha de Sádicos alcançasse o mesmo feito de O Exorcista, por exemplo: manter o mesmo nível de impacto com o passar dos anos.

Porém, não foi somente através de tripas de fora e mortes horrendas que Craven construiu sua respeitada carreira durante as décadas de 70, 80 e 90. A chave para o sucesso de seus filmes se devia ao realismo alcançado, se devia a veracidade que suas histórias horrendas e macabras conseguiam atingir. Nada de fantasmas ou aliens perseguindo personagens desavisados: o ser humano é o pior dos monstros, e é nisso que reside não somente o maior acerto do filme, mas da própria carreira de Craven.

E por mais que não cause o mesmo choque que causou no público na época de seu lançamento, Quadrilha de Sádicos ainda manteve sua capacidade de surpreender, já que pegar um orçamento tão baixo e realizar algo tão verossímil não é para qualquer um. Reservando a primeira metade para a construção do clima e apresentação dos personagens, Craven deixa todo o banho de sangue para os minutos finais, que explodem violência e crueldade na tela. E mesmo os admiradores do gênero poderão se sentir ofendidos com a explicidade do filme, afinal, ver uma garota ser violentada por uma criatura completamente deformada não é para qualquer um.

Mas se o filme consegue ser tão repugnante (no bom sentido), como pode ser dito que o mesmo nível de impacto não foi mantido? Simples: tudo se torna facilmente esquecível ao subir dos créditos. É sim, um filme que merece respeito pela sua ousadia em ser tão violento e por jogar na cara do espectador o pior lado do ser humano, mas em nenhum momento se torna memorável ou apresenta algum momento verdadeiramente marcante, o que me faz refletir se seu status de clássico trash é merecido ou não.

Indiferenças à parte, o fato é que Quadrilha de Sádicos consegue ser mais funcional que a maioria dos exemplares do gênero lançados anualmente. Não é marcante, mas merece ser lembrado não somente por sua importância dentro do gênero, mas por representar o que Wes Craven possuía de melhor dentro de sua carreira.

Nota: 7.0



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