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sexta-feira, 23 de março de 2012

TOP 10 Cineastas Caídos em Desgraça - Parte 1

Hollywood é construída sobre histórias de superação; sobre pessoas que vieram do nada e, com o próprio talento e determinação, chegaram ao estrelato. O glamour que cerca as estrelas de cinema é hoje o maior símbolo do sonho americano: todos queremos um pedaço desse paraíso de fama, fortuna e glória.

Ok, agora vamos cair na real: não só os casos de super-estrelas são exceções como quem chega ao topo quase nunca permanece nele. E a parte mais triste destas histórias não é a dos grandes atores e atrizes esquecidos; são de seus diretores. Não são poucos os casos de grandes criadores que subiram muito depressa e caíram mais depressa ainda. Alguns encontraram justiça com o tempo enquanto outros simplesmente terminaram na miséria e no esquecimento.

Esta é uma lista com os dez casos mais notórios de diretores que atingiram o luxo... e voltaram ao lixo.


10. Orson Welles


Seu nome é venerado até por aqueles que não se simpatizam com seus filmes. Procure em qualquer lista de maiores diretores de todos os tempos: Orson Welles seguramente estará nas 10 primeiras posições. Mas o diretor encontrou o devido reconhecimento apenas em seus últimos anos – praticamente depois de morrer. Sua vida profissional consistiu em intermináveis brigas de cabo-de-guerra com as produtoras, frias (e injustas) recepções pela crítica e desinteresse do grande público.

Todos os revezes que Welles enfrentou na vida vieram – que irônico! – de sua obra-prima “Cidadão Kane”: ao alfinetar a vida do magnata Randolph Hearst e desmascarar a hipocrisia da mídia americana na época, Welles fez um filme bastante incômodo para muitos figurões, ganhando imediata antipatia dos grandes estúdios. O próprio Hearst ofereceu 100.000 dólares para que o filme não fosse exibido aos cinemas. Some-se a isso o fato de que “Cidadão Kane” não foi um sucesso de bilheteria (poucos de seus filmes seriam) e Welles caiu para as últimas posições na lista de preferências das produtoras.

Praguejado pela pecha de nunca conseguir repetir a mesma grandeza de seu primeiro filme (em grande parte por causa das restrições criativas impostas pelos estúdios), suas obras eram constantemente esnobadas pela crítica. Era um desprezo tão constante que ficou conhecido como “Síndrome de Welles”: quando um autor realiza uma grande obra e nunca mais consegue repetir a façanha.

Justiça seja feita, há uma razão para Welles estar em último lugar nesta lista: hoje, ele é um gênio. Seu nome é sinônimo de cinema. Seus filmes, antes desprezados, agora são aclamados como clássicos à altura de sua magnum opus (“Soberba”, “A Marca da Maldade”, “Verdades e Mentiras”...). A história trouxe o reconhecimento que a vida lhe desprezou; ainda assim, não é suficiente para apagar o fato de que sua situação já foi tão precária que ele se reduziu a papéis como dublador de séries de TV (ele era o Megatron da série animada dos “Transformers”).


9. Zack Snyder


Ok, ok: ele talvez seja muito novinho para entrar nesta lista. E, sim, sua obra “máxima” (“300”) não é prova de genialidade alguma. Mas a carreira de Zack Snyder enfrenta uma torrente de podridão tão grande que a palavra “zebra” já é a que melhor se encaixa para descrevê-la.

Este aficionado por efeitos digitais e slow motion começou a carreira com o remake de “Madrugada dos Mortos”, que tinha mais apelo ao público do que qualidade artística. O sucesso lhe botou na direção de “300”; daí para frente, ele foi coroado como o diretor mais quente de Hollywood. Sua próxima obra, a adaptação do venerado “Watchmen”, trazia a descrição nos pôsteres: “Do visionário diretor de ‘300’”. E foi aí que tudo degringolou.

“Watchmen”, à exceção de uma cena ou outra (os dez minutos iniciais são PERFEITOS), era uma obra mais-do-mesmo; comparada ao material em que se inspirou, uma vergonha. Nas bilheterias, fracasso. Os estúdios apostavam em Snyder não como um diretor de Oscars, mas como a nova máquina de blockbusters. Acabaram descobrindo que ele não era nem um nem outro.

A próxima tentativa do diretor foi “A Lenda dos Guardiões”, que revelou o quão forçadas e clichês eram as suas escolhas artísticas (o excesso de slow motion e de dramalhões pseudo-épicos). Foi um dos maiores fracassos financeiros de seu ano. O fundo do poço foi atingido com “Sucker Punch”, mais uma adaptação de quadrinhos que terminou na lista de piores filmes de muitos críticos (incluindo a do cineasta Quentin Tarantino).

Mas há esperança para Snyder, que hoje trabalha no reboot da franquia do Superman – e conta com a parceria dos irmãos Nolan, que providenciaram a produção e o roteiro. Ainda assim, um caso típico de um diretor que foi aclamado cedo demais e sem grande justificativa.


8. Ed Wood


Embora o ponto alto da carreira do Sr. Wood tenha sido de sucesso moderado (puxado pelo público underground), o “pior diretor de todos os tempos” era insistente e, sem dúvida, um grande marqueteiro, conseguindo financiamento para bombas nonsenses como “Glen ou Glenda” e “Plano 9 do Espaço Sideral”.

Não demorou muito tempo, porém, para que as pessoas não o enxergassem nem como uma piada; elas simplesmente não o enxergavam. Wood saiu do mapa após seu “Plano 9”, fazendo filmes (ainda) menores e afundando em depressão, dívidas e alcoolismo. Seu fim de carreira foi marcado pela direção de filmes pornô e por uma reputação inexistente – nem mesmo a de um diretor medíocre.

Ironicamente, dois anos após sua morte, o best-seller “The Golden Turkey Awards”, dedicado a filmes notoriamente ruins, foi publicado.Foi ele que trouxe a primeira descrição de Wood como o “pior diretor de todos os tempos”, renovando o interesse da mídia por suas obras. Hoje, Ed Wood é visto como um “gênio às avessas”, um homem de “anti-talento” inimitável; suas obras são mais vistas do que muitos ganhadores de Oscars e inspiraram cineastas como Tim Burton (que lhe homenageou com uma excelente cinebiografia). Um destino meio sádico para uma das carreiras mais trágicas do cinema.





Que raios aconteceu com Fracis Ford Coppola, o cineasta mais imponente dos anos 70 e patriarca de uma notável dinastia hollywoodiana (Sofia Coppola hoje carrega o cetro da família)?! Digo... trata-se do homem que dirigiu e escreveu “O Poderoso Chefão”, “A Conversação”, “Apocalypse Now” e criou (como roteirista) o filme “Patton”. Do homem que conseguiu a proeza de concorrer contra si mesmo em uma mesma edição do Oscar (“O Poderoso Chefão - Parte II” e “A Conversação”, ambos para Melhor Filme)? Em dez anos, desde 1970, suas produções (dirigidas ou apenas escritas) somaram 21 Oscars (de espetaculares 44 indicações) e o tornaram a mais brilhante estrela entre os “Film Brats” (“carinhas do cinema”: turma de cineastas precoces que despontaram na década de 70, incluindo Martin Scorsese , Steven Spielberg e George Lucas).  Então... o que aconteceu?!

Para os que respondem “nada”, a pergunta: qual foi a última grande produção assinada por Coppola? Em minha opinião, “Drácula”, de 1992. Só. E ela foi uma exceção em um mar de filmes bons ou grandiosos, mas esquecidos (''Vidas sem Rumo'', ''Seu Passado a Espera''...) e prejuízos colossais (''One For the Heart'', ''O Selvagem da Motocicleta'', ''The Cotton Club'', ''Jardins de Pedra''...) que o diretor angariava até então, o que o distanciava cada vez mais das grandes produtoras. Buscando financiamentos privados ou com a ajuda de sua American Zoetrope, Coppola afundou em dívidas e assinou declarações de falência ao longo dos anos 80 e 90, seguindo caminho parecido com o de seu sobrinho Nicholas Cage (cujos gastos eram por excentricidades típicas de um garoto mal-acostumado com a riqueza súbita). Na virada do milênio, o mestre renegou Hollywood e adotou o gênero indie (infelizmente, mais por incapacidade de atrair grandes produtoras do que por vontade própria), com resultados frustrantes, para dizer o mínimo. Hoje, Coppola é mais bem sucedido como produtor de vinhos, paixão que ele cultivava desde a adolescência, e a ausência de grandes projetos para o futuro faz com que o retorno deste gênio seja cada vez mais improvável.


7. Roberto Benigni


Se você se emocionou com “A Vida é Bela” (é provável que sim), pode creditar essa grande obra a Roberto Benigni, que levou o Oscar por Melhor Filme Estrangeiro e foi catapultado ao status de “Pedro Almodóvar” no quesito “cineastas não-americanos”. Tudo para estraçalhar sua carreira arriscando-se em comédias pastelonas – no mal sentido do termo: “Asterix e Obelix contra César” (1999) e o supra-sumo da podridão “Pinóquio” (2002), hoje considerado como um dos piores filmes já feitos.

Não que sua carreira e talento tenham sido soterrados: Benigni ainda é figura certa em festivais europeus e seus trabalhos recentes vêm-lhe angariando prêmios e menções de honra. Entretanto, o seu estrelato já está bem enterrado e decomposto.


6. Terry Gilliam


Ex-Monty Python (e também diretor de dois filmes do grupo), autor de “Brazil” e “12 Macacos”, a carreira errática de Gilliam é marcada por alguns altos e inúmeros baixos. À exceção de seu envolvimento com os Python, Gilliam nunca conseguiu uma grande bilheteria; seu nome foi riscado permanentemente dos grandes estúdios após o mega-fracasso “As Aventuras do Barão Munchausen” – ainda um dos maiores rombos financeiros da história.

Um diretor em constante crise de identidade, ele foi capaz de dar ao mundo maravilhas como “Brazil” e porcarias como “Os Irmãos Grimm”. Recentemente, ele fez graça de sua situação ao aparecer em uma conferência vestido de mendigo e portanto uma placa de papelão com os dizeres: “Dirijo filmes por comida”. Na verdade, doações independentes são a única forma com que ele mantém a carreira e fizeram dele um freqüente crítico dos grandes estúdios – o que não ajuda nem um pouco a sua situação.


5. Os Irmãos Wachowski


Sucesso de bilheteria, fenômeno cultural, aclamação crítica e estudo filosófico e social. “Matrix” continua sendo um dos filmes mais icônicos do cinema, tendo transformado os seus criadores, os irmãos Andy e Larry Wachowski, em estrelas da mais alta grandeza. Misteriosos, reservados e esquisitões: era impossível não ficar tentado a rotulá-los de “gênios”, e foi isso que revistas como “Empire” e “Time” fizeram.

Até que vieram as seqüências “Matrix Reloaded” e “Matrix Revolutions”, carregadas de excentricidades, clichês e bobagens nonsenses. De certa forma, o mundo se sentiu traído; as seqüências pareciam piadas comparadas ao original. Para os fãs mais ferrenhos, “Matrix” nunca ganhou continuação e deve ser considerado como um filme solitário, tendo os outros dois como meros “spin-offs”.

Mas a maré de decepção não para por aí; não bastou que os irmãos Wachowski se desentendessem com a crítica; eles fizeram questão de coroar a carreira com um dos dez maiores rombos de bilheteria de Hollywood: “Speed Racer”, uma adaptação desastrada e esquizofrênica (assista e entenderá) de uma série de TV morta há décadas.

Como prêmio de consolação, eles se saíram melhor como produtores, trazendo pequenas pérolas como “V de Vingança” e “Animatrix”. Seu próximo projeto, “Cloud Atlas”, é cercado por desconfiança e indiferença – e, dada a situação de suas carreiras, será um filme decisivo para o futuro da dupla.

4 comentários:

  1. Zack Snyder, um dos cineastas mais incompreendidos dos últimos anos...

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  2. E tenho certeza que M. Night Shyamalan, outro extremamente injustiçado, vai estar na próxima lista, hahaha.

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  3. É verdade, nem lembrava mais dos irmãos Wachowski, uma pena mesmo.

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  4. lista bacana, mas recito o mesmo que o Rafael: Zack Snyder é realmente um dos cineastas mais incompreendidos dos últimos anos.

    300 é bacana, e Watchmen ficou melhor do que eu esperava. Só os dois últimos filmes do diretor que eu acho que foram falha, mesmo...

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