Depois de dar a volta na cidade
tentando chegar a um cinema com cópias legendadas do filme (tenho que conhecer
melhor a cidade, o cinema fica perto da minha casa), finalmente vi o esperado
filme. Eu estava mais do que ansioso para vê-lo, e, logo depois que eu vi, saí
da sala com um enorme sorriso que ia de uma orelha a outra. Creio que esse
pequeno resumo do meu dia explique se as minhas expectativas foram atingidas ou
não.
Devo admitir que nunca gostei de
nada que viesse explicar aquilo que não precisava de explicação. Algumas coisas
funcionam pela falta de explicação, e “Alien” é uma delas. Porém fui
surpreendido com o roteiro desse filme, que dá a explicação para alguns
acontecimentos no início de Alien (não irei entrar em detalhes para não estragar
a experiência de quem não viu) e cria alegorias e simbolismo fortes sobre
existencialismo (que também não irei entrar em detalhes, mas não é nada mais aprofundado, ainda que traga indagações interessantes), mas nunca “explica de
mais”, continuando a deixar aquele espírito de “perdido em algum lugar do
espaço” presente no primeiro filme.
Este filme não tem “Alien”
no título porque não é um “Alien”, não há a personagem título, porém, em sua
estrutura, clima e qualidade, é sim o filme mais próximo de “Alien, O oitavo
passageiro”. A tensão no filme é construída de maneira planejada e contínua. Ele
balanceia essa construção de clima de maneira magnífica, indo do seu início
lento, mas sempre com um ar de solidão envolvente, ao aumento da ação, sempre
trazendo cenas e situações cada vez mais desesperantes e que causam apreensão
incrível em quem assiste (fazia tempo que não me pegava sentado na ponta de uma
cadeira desesperado pelos rumos de um filme).
O elenco não trás atuações grandiosas.
Na verdade, ele traz a naturalidade presente no primeiro filme (Scott sabe qual
a linha das atuações para a série), mas, infelizmente, já no nível das
personagens, nem todas brilham; um ou outra ficando apenas como uma imagem nem
sempre interessante- culpa da grande quantidade de gente no filme (agora são 17
personagens), então, enquanto algumas são excelentemente bem desenvolvidas
(principalmente as personagens de Noomi Rapace e Michael Fassbender) e outras
são interessantes, algumas estão mais para figurantes com falas. Vale atentar
para Noomi Rapace, que faz quase uma nova “tenente Ripley”, até tendo certa
semelhança física com Sigourney Weaver, mas, ainda assim, tendo uma
personalidade própria (e a personagem do Fassbender também não deixa de ser
interessante, entrando no velho caminho do robô em estado de humanização- seja
isso bom ou ruim para as outras personagens).
E, batendo num ponto que todo já sabia que
seria impecável, o lado técnico do filme é perfeito. Scott sempre teve um
apreço técnico e com os seus diretores de arte que exalam, e, dentro do
universo, a estética dele combina lindamente (não querendo desmerecer o
Cameron, que fez um filme divertido, ainda que dentro de dentro da zona do “comum”
para o gênero). Maquiagem, direção de arte, som, fotografia e efeitos
especiais, tudo remete ao primeiro filme e, ainda assim, estão “atualizados”
(um grandioso trabalho de todos para da direção de arte para dar esse efeito).
O som, mais uma vez na série, tem papel essencial
no filme, utilizando de sons ambientes para maximizar a apreensão do público,
e, por fim, os efeitos especiais mais do que magníficos. O filme foi rodado com
um orçamento de cerca de 120 a 130 milhões, ainda que um filme caro, longe da
marca acima dos 200 milhões atingidas por vários filmes ultimamente. Porém, tanto em
uso quanto em cuidado com as tomadas de efeito especiais, esse filme supera. É,
talvez, o melhor trabalho utilizando computação gráfica já visto, nunca ficando claro qual a técnica usada e, mesmo eu que odeio CGI em filmes de “terror”,
nesse filme tudo é tão bem integrado e interage tão bem que a CGI nunca fica deslocada ou parece falsa.
Mas nem tudo são flores. O roteiro tem umas grandes forçadas (só assistindo para entender);
algumas coisas, se analisadas com o primeiro filme- com o qual ele faz ligação-
ficam meio desconexas (a continuação deverá resolver resolver
essas coisas que mereciam melhor explicações) e não há uma noção do número de personagens que vão
morrendo. São exatamente essas que me fez não achá-lo superior ao primeiro “Alien”,
elas ofuscam um pouco o brilho restante (você não fica apenas se perguntando
sobre a tensão “criador x criatura”, assim como procura algum sentido para as
ligações com o primeiro filme da série), mas, quando esquecemos esses momentos,
temos um filme, no mínimo, tão bom e eficiente quanto aquele que deu origem a
série.
É um grande elenco, mas realmente não espero grandes actuações.
ResponderExcluirClaramente o filme está a dividir opiniões, mas parece certo que é um filme original. Mal posso esperar para ver.
Cumprimentos.
concordo com a generalidade da tua análise, mas achei as interpretações da Noomi Rapace e do Michael Fassbender bastante boas. A Charlize Theron também aparece bem, mas um pouco mais discreta. Na sua globalidade, é um filme interessante, ligeiramente abaixo do primeiro da série (já nem o comparo com o segundo, que é, para mim, de uma liga completamente diferente).
ResponderExcluirCumprimentos :)
http://matinee-portuense.blogspot.com
Antônio, na verdade eu achei ambas atuações boas, também, por isso atentei a elas, mas as achei longe de serem magníficas.
ExcluirP.S.: quanto ao outro comentário excluído, a msg era essa mesmo, foi apenas um problema técnico aqui.
Acabei de ler teu texto. Vi o trailer neste dias e não gostei. Mas, confesso que teu texto tem uma pitada de curiosidade. Irei conferí-loa... Um abraço...
ResponderExcluirJá eu acho que falha em estabelecer uma conexão entre o espectador e seu universo (mundo, história, personagens, etc) e tem várias cenas de tensão ali absolutamente clichês e óbvias. No mais, concordo com o resto do seu texto, é uma ótima experiência audiovisual mesmo que imperfeita, apesar de eu não ter gostado no geral - sim, a expectativa atrapalhou. Ainda prefiro Aliens - O Resgate (:
ResponderExcluirAbraço!
http://cinefiloeusou.blogspot.com.br/
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirE você aqui, Vinícius! Bem, isso vai a questão de gosto, mas ainda prefiro o Cameron no canto dele dirigindo T2 (o filme dele que mais gosto).
ResponderExcluirBom, eu achar Aliens OP é mais pessoal mesmo, a primeira vez que vi esse filme foi mais marcante pra mim do que quando vi Titanic por exemplo - Cameron conduz estereótipos como ninguém. E Prometheus poderia alcançar O Oitavo Passageiro se tivesse cuidado ou interesse em desenvolver MESMO suas ideias e qualidades além de só se importar com o climão e o visual e apenas jogar o resto na nossa cara. Por isso não gostei. E T2 também é filmaço: http://cineplayers.com/lista.php?id=11552
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