Em minha lista de “10
Cineastas Caídos em Desgraça”, Ed Wood (“Será que você nunca ouviu falar em suspensão da descrença?!”)
apareceu na oitava posição. Esse foi o único nome pesadamente contestado pelos
leitores, que se indagavam como é que alguém que nunca teve fama conheceu a
desgraça. Bom, não é tão verdade: Wood teve
alguma glória após seu “Plano 9 do Espaço Sideral”, e sua queda foi muito mais
trágica do que pessoas normais poderiam suportar (alcoólatra, solitário e
dirigindo filmes-pornô para sobreviver). Ainda assim, sua fama real só veio
após a morte, o que não conta na lista.
Enfim, decidi substituí-lo quando
olhei para a carreira de um dos meus diretores favoritos. Como alguém outrora
tão grande e hoje tão desprezado pôde escapar da minha lista enquanto eu a
escrevia, não sei dizer. Enfim, segue-se abaixo, com um aperto no coração, o
cineasta verdadeiramente caído em desgraça:
8. Francis Ford Coppola
Que raios aconteceu com Fracis Ford
Coppola, o cineasta mais imponente dos anos 70 e patriarca de uma notável
dinastia hollywoodiana (Sofia Coppola hoje carrega o cetro da família)?!
Digo... trata-se do homem que dirigiu e escreveu “O Poderoso Chefão”, “A
Conversação”, “Apocalypse Now” e criou (como roteirista) o filme “Patton”. Do
homem que conseguiu a proeza de concorrer contra si mesmo em uma mesma edição
do Oscar (“O Poderoso Chefão - Parte II” e “A Conversação”, ambos para Melhor Filme)?
Em dez anos, desde 1970, suas produções (dirigidas ou apenas escritas) somaram 21 Oscars (de espetaculares 44 indicações) e o tornaram a mais brilhante
estrela entre os “Film Brats”
(“carinhas do cinema”: turma de cineastas precoces que despontaram na década de
70, incluindo Martin Scorsese , Steven Spielberg e George Lucas). Então... o que aconteceu?!
Para os que respondem “nada”, a
pergunta: qual foi a última grande produção assinada por Coppola? Em minha
opinião, “Drácula”, de 1992. Só. E ela foi uma exceção em um mar de filmes bons
ou grandiosos, mas esquecidos (''Vidas sem Rumo'', ''Seu Passado a Espera''...)
e prejuízos colossais (''One For the
Heart'', ''O Selvagem da Motocicleta'', ''The Cotton Club'', ''Jardins de Pedra''...) que o diretor angariava até
então, o que o distanciava cada vez mais das grandes produtoras. Buscando
financiamentos privados ou com a ajuda de sua American Zoetrope, Coppola
afundou em dívidas e assinou declarações de falência ao longo dos anos 80 e 90,
seguindo caminho parecido com o de seu sobrinho Nicholas Cage (cujos gastos
eram por excentricidades típicas de um garoto mal-acostumado com a riqueza
súbita). Na virada do milênio, o mestre renegou Hollywood e adotou o gênero
indie (infelizmente, mais por incapacidade de atrair grandes produtoras do que
por vontade própria), com resultados frustrantes, para dizer o mínimo. Hoje,
Coppola é mais bem sucedido como produtor de vinhos, paixão que ele cultivava
desde a adolescência, e a ausência de grandes projetos para o futuro faz com
que o retorno deste gênio seja cada vez mais improvável.
Não importa as desgraças que ele possa estar fazendo agora (não vi nenhum filme recente dele), o cara fez a maior trilogia do Cinema e foi responsável pelo colosso chamado Apocalypse Now. Só por isso ele já merece respeito, não merecendo estar nessa lista.
ResponderExcluirhttp://avozdocinefilo.blogspot.com.br/
Cada caso é uma situação diferente. Se tiver oportunidade, procure ler "Como a Geração do Sexo, Drogas & Rock'n Roll Salvou Hollywood". Você descobrirá que o ego gigantesco de Coppola é o culpado por seus fracassos e provavelmente por ter se afastado dos grandes estúdios.
ResponderExcluirO livro também dedica boa parte ao maluco Michael Cimino, este com certeza uma caso único no cinema. Já escrevi no blog sobre "O Portal do Paraíso", que é um bom filme, mas foi um produção megalomaníaca do sujeito.
Abraço
Valeu pela indicação. Eu já estava com a vontade de comprar este livro faz tempo.
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