Gigantes de Aço e o abismo ao outro...
Pensar o desenvolvimento tecnológico
implica pensar em mudanças comportamentais geradas pelas distâncias espaciais e
temporais cada vez menores. Se, até certo tempo, o correio era um dos meios de
comunicação mais empregados, hoje, as respostas praticamente imediatas do
e-mail e do chat tornam-se imprescindíveis no mundo hiper-veloz e fluido da
contemporaneidade. Entretanto, em meio a tanto aprimoramento nas tecnologias,
as relações humanas continuam oscilando entre dilemas cada vez mais complexos,
mas que, ao mesmo tempo, remetem a contextos anteriores.
Guardando grandes semelhanças com Falcão – O Campeão dos Campeões e a
cinessérie Rocky, Gigantes de Aço (Real Steel, 2011,
Shawn Levy) versa sobre Charlie Kenton, um treinador de robôs de luta que, na
vida familiar, ganha mais pontos por sua irresponsabilidade do que por sua
competência. Quando sua ex-esposa falece, ele precisa decidir se seu filho Max
possa permanecer sob sua custódia ou da sua cunhada, Debra. A pedido do esposo
de Debra e com uma grande quantia de dinheiro envolvida, Charlie aceita
permanecer com o menino por duas semanas, enquanto o casal viaja de férias por
algum lugar paradisíaco. A princípio, seguindo a cartilha “pai e filho que não
se bicam”, o robô lutador torna-se elemento essencial para a reparação dos
erros e culpas do passado, servindo para a condução do relacionamento a um
equilíbrio.
Contando com um dos clichês mais batidos
da história do cinema, o roteiro e a direção do longa ganham pontos somente
pelo modo como conduzem os elementos fantásticos da narrativa: a ficção
científica torna-se mais próxima da realidade. Os ringues e rodeios em que os
robôs lutam de modo algum se distanciam das vaquejadas ou dos UFCs que
acompanhamos semanalmente na TV, fazendo-nos perceber o quanto estamos próximos
da nossa visão do futuro, à medida que estamos mais distantes uns dos outros.
Quanto ao elenco, Jackman não se furta das grosserias à la Wolverine, assim
como Evangeline Lily também carrega ecos de sua Kate, mas ambos funcionam em
cena. Quanto ao restante do elenco, trabalham corretamente para o tipo de longa
que jamais lhes pediria para fazer mais do que o necessário para não torná-lo
insuportável.
Mesmo com efeitos especiais excelentes, as desnecessárias duas horas para um
mote tão simplório terminam atendendo somente às expectativas de quem
procura diversão descompromissada, o que torna a experiência entediante em alguns momentos.
Nota: 5,0
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