Segundo
Kirby Ferguson, autor da série de vídeos “Everything is a Remix”, existem, além
dos gêneros convencionais como drama, comédia, terror, diversos subgêneros que
podem ser combinados, distorcidos, transfomados na realização fílmica. Um deles
é o subgênero chamado “Sorry About Colonialism” (ou “Desculpe pelo
Colonialismo”), do qual fazem parte filmes como Dança com Lobos (1991), OÚltimo Samurai (2004) e tantos outros que tratam de uma certa imersão
norte-americana em uma cultura “estranha” que, aos poucos, se torna familiar ao
protagonista antes arredio com os integrantes desta cultura.
Gran Torino (idem, 2008, Clint Eastwood) bebe
bastante desta fonte ao contar a história de Walt Kowalski, veterano da Guerra
da Coréia que, após a morte de sua esposa, recebe como novos vizinhos uma
família de coreanos que tem problemas com uma gangue de delinqüentes. Estes
almejam levar o caçula da família, Thao, para o mundo do crime, enquanto o
rapaz de 14 anos ainda está à procura de
si mesmo. Os mundos ocidental e oriental se unem quando o rapaz, como um ritual
de iniciação à gangue, recebe a missão de roubar o Gran Torino que preenche a
garagem de Kowalski, que impede o furto e ainda consegue ameaçar os vândalos que
importunam a rotina do jovem Thao. A partir disso, a família começa a se
aproximar de Walt, que, mesmo a contragosto, começa a se transformar com o
tradicionalismo e a generosidade orientais frente ao individualismo e a
truculência do seu americanismo exacerbado.
Eastwood,
por mais que trabalhe bem com o roteiro de Nick Schenk, não consegue surpreender
muito, já que segue uma linha bem cartesiana de seu trabalho, repetindo até
mesmo seus próprios clichês: o diretor, mais uma vez, interpreta um sujeito
durão, rancoroso que não almeja se relacionar com as pessoas ao seu redor e
muda ao longo da narrativa (de forma praticamente idêntica a Menina de Ouro),
encontrando sua redenção ao final. Os coadjuvantes são competentes e ganham
bastante espaço na narrativa, o que oferece um ar fresco à narrativa que
poderia se concentrar somente na figura turrona de Eastwood disparando
grosserias a esmo. Os enquadramentos, montagem, fotografia e trilha sonora
estão coesos com a proposta do diretor, mas, repito, não são difíceis de acertar
pois atendem a uma fórmula que o diretor tende a manter nos seus trabalhos mais
recentes.
Embora esbanje competência em todos os passos de seu trabalho, Eastwood ousa muito pouco - o que fica mais explícito sem uma presença marcante como a de uma Hilary Swank ou um Morgan Freeman - ao realizar um drama à moda antiga que tenta se retratar de uma culpa estadunidense
diante das desgraças infringidas sobre outros povos, como manda os ‘ditames’ do
“Sorry About Colonialism”.
Nota: 7,0
Não conhecia este nome criativo de subgênero, mas não deixa de ter sentido.
ResponderExcluirO roteiro apesar de não ser ousado, é competente ao mostrar em parte os problemas dos imigrantes na atualidade.
Clint faz sempre e bem o mesmo personagem, um sujeito durão com passado complicado ou mesmo sem passado, no caso dos westerns.
Abraço
Não concordo com seu ponto de vista, mas respeito. Acho GRAN TORINO uma pequena joia, repleta de sentimentalismos delicados. A figura falsa-grosseira de Walter Kowalski serve como um contraponto com o publico, o q torna a interação maior ainda. E o epilogo, acho q ninguem esperava aquilo. Abs!
ResponderExcluirOlá, Hugo e Celo. Obg pelo coment. Realmente, é sempre bacana encontrar pessoas com pontos de vista diferentes dos nossos.
ResponderExcluirAbs
Não sei o que tanta gente enxerga em "Gran Torino", que é um filme que desenvolve o protagonista de forma previsível. Trabalho decepcionante do Clint...
ResponderExcluirÉ, Matheus. Antes de assistir, sempre via excelentes comentários e ele em tops de melhores do ano. Mas, quando assisti, não vi realmente muita coisa para fazer alarde. Acontece, hehe. Abs
ResponderExcluirGrande filme e grande atuação de Clint Eastwood;
ResponderExcluirConcordo com vc no sentido de Eastwood nao ter ousado na história. Alias, ser uma pessoa rancorosa com magoas do passado é bem cliche já em seus filmes.
ResponderExcluirDe qq forma, eu gostei mto desse filme. Acho o final interessante. Apesar de tragico como muitos outros do diretor, ele passa uma mensagem interessante e - pelo menos no meu caso - foge do óbvio...
Abs
Preciso ver mais filmes de Clint Eastwood!
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