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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Muita Calma Nessa Hora (2010)

" Engraçada é essa empresa de rir "


O cinema nacional cresceu. Novas produções foram viabilizadas nos últimos tempos e algumas delas resultaram em sucesso de crítica e público. É o caso de Cidade de Deus, e dos recentes Meu Nome não é Jhonny, Os Dois Filhos de Franscisco, Chico Xavier, As Melhores Coisas do Mundo, Tropa de Elite, entre outros. Devido a evolução do cinema nacional, produções como Os Normais - o Filme, Se Eu Fosse Você, A Mulher Invisivel começaram a ser lançadas a fim de atrair o público brasileiro para as opções mais comerciais e divertidas do circuito nacional. A fórmula tem dado certo (Selton Mello que o diga, esteve presente em várias produções cinematográficas do gênero em 2008/2009). Está comprovado que o cinema-pipoca-nacional também é capaz de atrair multidões de espectadores para os cinemas. Muitas vezes já cansado das piadas formuláicas de Hollywood, tudo que o público espera é ver nas telas um humor de fácil identificação, leve e descontraído, muito semelhante aquele visto no teatro brasileiro, que revelou novos comediantes de talento nos últimos anos como Bruno Mazzeo, Luis Miranda e Marcelo Adnet, que participam deste longa e comemoraram a marca de um milhão de espectadores. Diante deste panorâma, pode-se afirmar que com alguma certeza a safra de filmes de Daniel Filho (Se eu Fosse Você) já não é a única coisa que o cinema brasileiro tem a oferecer para seus espectadores.

Dito isso, enquadro "Muita Calma Nessa Hora" nessa leva do novo cinema-pipoca nacional. Trata-se de um filme inofensivo e divertido em alguns momentos que conta com um elenco eclético que reúne vários rostos conhecidos da TV e apresenta a história de três amigas, interpretadas por Fernanda Souza, Giane Albertoni e Andréia Horta, que decidem viajar para Búzios, a fim de se aventurar em novas experiências e encontrar uma renovação em suas vidas. A principio, pode-se pensar que trata-se de um "road movie", mas não é exatamente isso. A estrutura do longa é baseada na velha fórmula de unir vários personagens jovens esteriótipados em busca de enlouquecer e por meio de um conjunto de situações e com a ajuda de um punhado coadjuvantes, viabilizar algumas piadas e fazer humor.

Não deve-se esperar, portanto, um aprofundamento das personagens. A montagem, inclusive, não ajuda nesse aspecto e é o ponto mais fraco do filme, que apresenta uma estrutura televisiva (que conta até com tenebrosas propagandas inseridas de forma nada sutil durante toda a exibição do filme). Possivelmente, devido ao fato de Bruno Mazzeo ser co-roteirista do filme e por explorar diversas sub-tramas paralelas ao mesmo tempo, sem dar preponderância a nenhuma delas, temos quase uma versão cinematográfica do seu programa "Cilada" exibido no canal Multishow. Em certos momentos, inclusive, a história perde o sentido e a graça, levando o filme a desfechos apáticos, como se vê em todo o arco da história da hippie (Débora Lamm, a melhor em cena) que desde a cena inicial começa uma busca por reencontrar seu pai, mas termina o filme encontrando nas novas amigas que lhe deram uma simples carona o que ela chama de "nova familia" (!). No final das contas, não há um arco dramático que justifique, nem de longe, a viagem para Búzios e nem a imensa felicidade e o sentido de renovação experimentado pelas personagens em suas cenas finais. A ação se desenrola sem que o público se conecte com os anseios dos personagens, muito diferente do interessante "Ódiquê?", um filme menor, mas bem mais elaborado do diretor e roteirista Felipe Joffily, que lá retratou os jovens de um modo bem mais fiel do que neste Muita Calma Nessa Hora, apesar de não ter alcançado um grau tão grande de empatia com o público, como conseguiu com a crítica especializada.

Em contra-partida, temos de bom a possibilidade de nos deslumbrar com as belissimas locações de Búzios e acompanhar os enquadramentos inteligentes do diretor, que parece se inspirar no drama "Á Deriva" de Heitor Dalila para realizar suas externas, sendo dinâmico ao utilizar closes, filmando com câmera na mãos e fazendo enquadramentos bem bacanas mesmo. Já na direção de elenco, o diretor não se sai tão bem. O trio principal não possui grande destaque nas atuações e é apenas a beleza das três atrizes é que fica evidenciada pelo uso da câmera lenta durante a projeção. Entre os demais atores do núcleo principal, temos Dudu Azevedo fazendo o tipico surfista pelo qual as garotas se apaixonam e Nelson Freitas interpretando um simpático argentino, o mais natural em cena. Já dentre o extenso elenco de coadjutantes que fazem curtissimas aparições, destaca-se o versátil Marcelo Adnet que participa de algumas das cenas mais engraçadas, utilizando da sua capacidade de imitar sotaques com facilidade. Ao seu lado, Luis Miranda, que interpreta uma dona de bar que também alcança algum êxito.



Para além das críticas que podem ser feitas, temos momentos legais proporcionados pelo próprio carisma do conhecido elenco e da aura cool que permeia as locações. A trilha sonora assinada por André Matos contribui para deixar o filme ainda mais leve e permite ao espectador entender a proposta do filme e não sair decepcionado da experiência, mas desde logo, fica o aviso que o sucesso da projeção dependerá da boa vontade do espectador para funcionar, por isso, se você está esperando o melhor filme nacional de comédia por conta do poderoso elenco...muita calma nessa hora.

Nota: 5.0



Um comentário:

  1. Parabéns a todos que participaram do filme Muita Calma Nessa Hora é consertesa o melhor filme não só de comédia mais o melhor filme brasileiro que já vi.

    Parabéns.

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