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domingo, 9 de janeiro de 2011

Alice no País das Maravilhas (2010)


Todas as obras realizadas por Tim Burton possuem um elemento imprescindível de sua personalidade. As características sombrias que são sempre marca registrada do cineasta se fazem presentes em cada uma de suas películas, desde quase imperceptíveis em alguns (Planeta dos Macacos) até ampliadas em outros (Edward Mãos de Tesoura). Este é um dos elementos-chave pelo qual Burton é tão famoso no meio cinematográfico.

Sobre sua carreira, o mesmo realizou no ano que se passou um projeto peculiar, que dividiu completamente opiniões e firmou-se com um dos mais controversos trabalhos do diretor. Ilustrado com paisagens belíssimas e uma estética primorosa encontra-se Alice no País das Maravilhas, o filme mais comercial e talvez o mais audacioso da filmografia do diretor. Neste, Burton destila suas excentricidades e as maquia com uma cenografia extremamente bela e um departamento técnico apurado.

Nesta nova versão, as duas clássicas obras literárias de Lewis Carroll são usadas para fazer estrutura ao roteiro, conta a história de Alice, mas dessa vez a mesma retorna ao País das Maravilhas, agora com 19 anos, fugindo de um casamento arrumado, ela vai segue o coelho branco e retorna ao local. Lá é recepcionada pelas conhecidas figuras do local, e a partir disso lhe é designada a missão de destronar e acabar com o opressivo império da rainha vermelha.

Ao elenco, foram designados aos papeis nomes de grande presença na carreira do diretor. Primeiramente, seu parceiro de longa data Johnny Depp vive o Chapeleiro Louco, um personagem neurótico e divertido a qual Depp teve que submeter-se a uma mudança considerável em seu visual (no filme, é claro). Na pele das rainhas, foram encarnadas os nomes de Anne Hathaway (Rainha Branca), e Helena Bonham Carter (Rainha Vermelha), esta última roubando a cena numa atuação grandiosa.

Para viver a protagonista da trama, foi escolhida uma atriz não muito conhecida no meio cinematográfico, e essa ganhou o papel principal em meio a vários nomes de destaque. Pode-se dizer que Mia Wasikowska atua de forma positiva neste, e ainda que não lhe caiba o talento dos demais em cena (Helena Bonham Carter), ela cumpre bem o que lhe foi pedido.

foto de Alice no País das Maravilhas

Tim Burton resolveu inovar o rumo da história original, pondo a protagonista agora como uma jovem, e mixando as duas obras de Lewis Carroll num conjunto de elementos divertidos e carismáticos. Para alguns, é neste ponto que se encontra a falha-mor de Alice, em Burton mesclar as histórias de Carroll, e imprimi-las a sua ótica particular. Apesar de qualquer “porém” mencionado, esta nova versão para Alice é arrojada, e propriamente não foi feita para seguir a risca os passos de sua inspiração original.

O maior problema deste encontra-se no desenvolvimento de sua narrativa, pois como estamos falando do trabalho mais comercial do cineasta, então este Alice possui elementos que o fazem perder a força, pois tendo em vista a história original de Carroll, o livro Alice no País das Maravilhas é dotado de mensagens soturnas e metáforas, Burton empregou uma narrativa que de certa forma infantiliza a obra original, por não conter nesta versão os tons verdadeiramente obscuros do texto literário.

Percebe-se uma falta de aproveitamento do material cedido, os livros de Carroll não foram usufruídos como deveriam, mas mesmo assim a interligação dos mundos do escritos e do cineasta já valem a experiência.

Embora encontre problemas perceptíveis para o desenvolvimento dos personagens (roteiro idem), esta nova versão de Alice no País das Maravilhas tem muito mais criatividade e originalidade que muitos exemplares (comerciais) que se encontra atualmente. E mesmo tendo enfraquecido pelo comercialismo presente, continua de pé pela experiência visual ímpar e pela interessante conexão dos universos de Burton e Carrol. No fim, o resultado que Tim Burton conseguiu com esta adaptação foi bastante positivo, pois Alice possui a energia e o carisma necessário para firmar-se como um entretenimento de boa qualidade.

Nota: 6.0



Um comentário:

  1. Estou com você, Júnior. Alice não é o que a maioria diz ser. O visual encanta, mas o filme também apresenta momentos divertidos, e Helena Bonham Carter já faz valer a projeção.

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