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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Direito de Amar (2009)


A homossexualidade sempre foi um tabu na mídia, o assunto nunca foi falado tão abertamente quanto esta sendo, desde antigamente essa temática está presente em vários filmes, mas de maneira subtendida, quase imperceptível. Isso porque muito embora tenha se tornado mais aberto, o tema ainda (querendo ou não) gera controversas, isso porque há quem respeite, e infelizmente há quem não. Em 2005, fomos apresentados a uma singela e bonita história de amor entre dois homens, repassada de uma maneira bem natural, sem pregar moralismo ou tentar abrir debates sobre. Não. O filme, assim como tantos outros, só queria contar uma história.

Partindo desta temática, o estilista norte americano Tom Ford dedicou-se a um projeto cinematográfico sem propósitos ou propostas parecidas que se imagina para o tema. Não. Através de sua câmera, Ford quis construir o retrato da infelicidade de um homem que não superou a perda de seu companheiro, e vive agora recluso em uma dor inigualável. A homossexualidade foi um complemento para Ford engrenar sua trama e personagens, isso pode ser percebido, pois o filme foca-se basicamente na solidão de um homem (vide o título original) e a tristeza transmitida pelo protagonista faz o público esquecer-se da sexualidade do mesmo.

Conta a triste história de George, que vive recluso em seu sofrimento após a trágica morte de seu parceiro, mas para isso o mesmo tem de manter as aparências e mostrar-se aos outros como um homem firme, conseqüentemente escondendo sua sexualidade. Então o professor universitário vive no dilema de enfrentar cada dia de seu cotidiano solitário, e viver sua vida agora no vazio.

Para ilustrar a história temos uma fotografia lindíssima e uma estética deslumbrante, isso mediante a cada emoção do protagonista. Esse talvez (junto com o elenco) seja o maior aspecto positivo da produção. A parte técnica foi montada de forma lindíssima para acompanhar a jornada de George por sua agonia e aflição. A cenografia é um primor, deleite para os olhos do público, e nisso o estreante na direção acertou em cheio por propô-la assim.


O elenco é equilibrado. A causa disso é que a estrela de Colin Firth é a mais brilhante, o ator encarna em seu personagem as emoções mais extremas, e remete sua dor ao público, percebemos então que sua intensa atuação que mereceu cada troféu ou indicação que recebeu (perceba o momento que ele recebe a notícia do falecimento de seu parceiro). Julianne Moore entra como coadjuvante, mas ainda sim desempenha um papel sofisticado numa atuação esclarecedora e firme, não é seu melhor papel, mas ainda sim é um grande exemplo de seu talento.

Indo em contrapartida com os méritos citados, existe o ritmo por vezes irregular, fazendo a história chatear em alguns momentos, isso devido ao uso da câmera lenta em algumas seqüências e da narrativa arrastada. Parcela destes problemas deve-se a direção amadora de Ford, que deseja transmitir todas as sensações do protagonista, porém o pessimismo e a forma negativa como tudo é exposto tornam o trabalho ainda mais melancolicamente desgastante, não é demérito do roteiro, e sim falha do cineasta.

Não se deixe enganar, pois o argumento de Direito de Amar permitia a ele projeções muito maiores que as alcançadas, e se essa partida fosse posta nas mãos de um diretor mais experiente teríamos a verdadeira força deste trabalho. Tom Ford preocupa-se demais com sua estética e põe seu conteúdo interno em plano inferior, deixando as emoções e o sentimento entregues somente nas mãos de Firth.

Analisando seus ângulos, Direito de Amar acerta mais que falha. Os méritos quanto a isso são praticamente advindos de seu elenco e estética. Porém além de agregar seu público a uma história realmente intensa, foi preferido deixar anônimo as maiores projeções do roteiro e mostrar sobre isso suas qualidades externas. Esse foi o resultado que Tom Ford conseguiu, um filme de meios e não de extremos.

Nota: 6.0

2 comentários:

  1. Um dos melhores de 2009. Estética perfeita e linda.

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  2. Me senti tão dilacerado quanto o personagem principal. Trágico e ao mesmo tempo poético, um dos mais belos de 2009.

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