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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Os Famosos e os Duendes da Morte (2009)


Vez ou outra, me pego pensando: em que tipo de mundo estamos vivendo hoje? Em que tipo de ética a nossa sociedade se apoia atualmente? Com certeza, a maioria responderia que o mundo em que vivemos hoje é o mais violento que já existiu, e isso não deixa de ser verdade, a violência já faz parte do cotidiano do ser humano, tão costumeira que algumas pessoas já não mais se sentem chocadas com o que acontece ao nosso redor.

Porém, os mais “antenados” diriam que o mundo em que vivemos hoje é o mundo da globalização. Mais especificamente, o uso da internet, que aproximou pessoas de inumeros paises, culturas e crenças, por meio de sites de bate-papo e relacionamento. Mas enquanto esta agilidade de comunicação exerce seu lado positivo, também possui seu lado negativo: isto gerou uma grande isolação por parte do universo mais jovem, que deixou de lado a comunicação com a familia e amigos, permitindo que seu único contato fosse, exclusivamente, com o universo online. E a partir deste ponto, já podemos começar a analisar o filme em questão, Os Famosos e os Duendes da Morte.
O longa é baseado no romance homônimo de Ismael Caneppele, que também ficou à cargo do roteiro, e a direção é de Esmir Filho, responsável pelo sucesso sucesso no youtube Tapa na Pantera.  Juntos, eles foram responsáveis por um dos mais interessantes e significativos trabalho do cinema brasileiro dos últimos anos, e que deverá tornar-se grande referencia para as futuras produções do nosso país.

Os Famosos e os Duendes da Morte pode ser facilmente comparado com outra produção nacional recente,  As Melhores Coisas do Mundo, de Laiz Bodansky, que era especialmente voltado ao publico juvenil, e apresentava elementos de fácil identificação com seu publico alvo. Assim como Bodansky, Esmir Filho inseriu elementos que, com certeza, chamarão a atenção deste publico especifico, como o incessante acesso à internet, blogs e msn’s, e até mesmo as formas de colar na hora da prova, visual dos cabelos e roupas, enfim, é o universo jovem retratado com fidelidade e respeito.
Mas o retrato de Esmir Filho sobre essa “tribo” não é feliz, alegre e nem multicolorida como vemos por ai. O diretor segue a vida do protagonista (o qual nunca sabemos o nome verdadeiro) de forma angustiante e densa, tal como Gus Van Sant fez em Paranoid Park.

Outro fator que pode chamar a atenção dos jovens é a trilha sonora do filme, que acertadamente, foi composta unicamente por canções estrangeiras, que mesmo não conseguindo esconder a cara de filme independente da produção, demonstra o grande cuidado dos realizadores na forma de distribuir o longa para o mercado. O principal destaque nas músicas é Bob Dylan, por quem o protagonista nutre profunda admiração.
Mas Esmir Filho, como iniciante que é, acaba encontrando algumas pequenas dificuldades pelo caminho, sobretudo nos erros de continuidade do filme. Alguma sequencias se alongam mais do que deveriam (como a do carro na ponte), e parecem estar lá unicamente para esticar a duração do filme. Outro problema é a falta de “quimica” entre o trabalho de maquiagem e a fotografia, que em certos momentos, parecem completamente deslocados um do outro.

Mas o diretor trata o tema com uma beleza delicada, mas longe de ser simples. Percebe-se o cuidado que o diretor teve com a lapidação do filme, deixando-o com um certo ar de modernidade, mas nunca soando irritante ou didático. As interpretações também são maravilhosas, e mostram os atores muito á vontade em cena.
Definitivamente, Os Famosos e os Duendes da Morte foi uma das mais gratas surpresas recente do nosso cinema, e é uma pena que não tenha sido selecionado para uma vaga na indicação ao Oscar (que acabou ficando com Lula – O Filho do Brasil, o qual não conseguiu ser selecionado). E nem é preciso dizer que Esmir Filho, se continuar trilhando por este mesmo caminho, será um dos grandes nomes no futuro do nosso cinema.

Nota: 8.0


Assista a Tapa na Pantera, curta de Esmir Filho:

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