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sábado, 15 de janeiro de 2011

O Sonho de Cassandra (2007)


Desde muito, o diretor norte americano Woody Allen não alcança maiores proporções, seu trabalho está detido para muitos como uma montanha russa, de altos e baixos, pois sua filmografia encontra-se numa regularidade tamanha, isso porque, de tempos em tempos o mesmo realiza obras fantásticas, e relevantes aos olhos do cinema, em outras realiza obras falhas que desmerecem seu trabalho e não dizem a que vieram. Bem, para suas obras, está foi uma década bastante equilibrada, tendo concebido alguns bons trabalhos e outros nem tanto.

Primeiramente, há muito a se falar (interna e externamente) sobre o filme em questão. O Sonho de Cassandra, terceiro ambientado em Londres, aborda a história trágica dos dois irmãos, Ian e Terry, que almejam apenas melhorar de vida. Terry de uma forma mais simples, querendo abrir seu estabelecimento de artigos esportivos e ser feliz vivendo ao lado de sua namorada, porém ele é viciado em jogos e apostas, misteriosamente o mesmo entra numa boa maré de sorte, o que lhe faz arriscar até os limites de suas condições financeiras. Para que os resultados venham, sejam para o bem ou para o mal.

Ian por sua vez projeta ambições muito maiores, como viagens internacionais, investimentos caros, carros, e a partir de quando passa a se envolver com a linda atriz de teatro Angela, suas ambições passam a crescer ainda mais, já que este pretende abandonar o trabalho no restaurante de seu pai para construir uma vida de luxo e riqueza ao lado da mulher que ama. Então, para ambos realizarem suas vontades futuras, eles apelam financeiramente para o seu influente tio Howard, ídolo de ambos desde suas infâncias, e seu exemplo como pessoa (isso também com ajuda de sua mãe, que cultuou a imagem inabalável de seu tio rico).

Eis que entra na trama, o tio Howard, a figura do orgulho para a família, então todo o ritmo da história se inverte, abandona os ares mais calmos (ainda que sua narrativa seja ágil) e parte para uma atmosfera mais densa, já que o tio expõe aos sobrinhos seus interesses particulares, e a partir daí desenvolve-se uma seqüência de tragédias e desastres.

O Sonho de Cassandra é um filme pessimista, de mensagens e resoluções negativas, que expõem os destinos das pessoas sobre altas ambições, isso observando um prisma realista sobre a natureza dos atos humanos e os resultados (irreversíveis) destes. Para encarnar nos personagens desta trama, foi escolhido um elenco firme, que desempenha um trabalho igualmente eficaz. Nos papéis dos protagonistas temos Ewan McGregor, como o ambicioso Ian, e Colin Farrel como o instintivo Terry. Fazendo juz à qualidade do elenco, Tom Wilkinson entra no papel do tio Howard, reforçando o elenco coadjuvante.


Propriamente, o filme não agradará a todos pelo seu ritmo inconstante, horas acelerado demais, horas equilibrado, ou até lento. Isso também se concretiza em seu desfecho que, definitivamente, não funcionará a todo o público, não pelo resultado final, mas sim pela maneira com que tudo foi exposto, pois Allen construiu um desfecho com um ritmo mecanicamente acelerado, dando a leve impressão que sua vontade era apenas da um fim, a qualquer modo, aquilo tudo (internamente o desfecho é genial, tecnicamente poderia ser mais bem realizado).

Analisando desde o princípio, é notável a mudança de rumo que a história encontra, isso não interfere de maneira nenhuma na qualidade do projeto, pelo contrário só prepara os pontos para um trágico desfecho.

Logo de início, as ambições dos dois irmãos são limitadas, sendo o maior sonho de ambos comprar um barco simples, para apenas velejarem livremente. Eles conseguem realizar este sonho, e conseguem um barco de segunda mão parceladamente, e o nomeiam de O Sonho de Cassandra, fazendo alusão a tragédia grega de Cassandra.

No fim das contas, O Sonho de Cassandra carrega em sua essência a destreza e habilidade de seu diretor em criar uma obra relevante e original de uma abordagem feliz sobre as ambições humanas. Um poderoso filme que, apesar de esbarrar em algumas falhas, consegue ressoar e manter-se na mente de seu espectador tempos após sua projeção.

Familía é família.
Sangue é sangue.

Nota: 8.0

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