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sábado, 15 de janeiro de 2011

Um Crime Americano (2007)

Eu não sei o que acontece, mas, para mim é muito mais difícil falar dos filmes que eu mais gostei, do que dos outros. Talvez seja porque a gente adquira um sentimento pelo filme, não o vemos somente como algum produto audiovisual e é sempre mais complicado utilizar um olhar crítico para algo que temos um sentimento. É isso que acontece comigo e o filme Um Crime Americano, de 2007, e dirigido por Tommy O’Haver.

Eu sei que este filme possui falhas que poderiam ser evitadas se o diretor tivesse a ambição de realizar algo maior, já que a história é suficientemente forte para isso. Pois bem, Sylvia Likens e sua irmã Jennie, foram deixadas por seus pais (que viajam muito, pois trabalham com um circo) na casa de Gertrude Baniszewski, mãe solteira de sete crianças, durante alguns meses. Nesse meio tempo Gertrude se revela uma mulher desequilibrada e agressiva.


Durante o tempo em que as meninas moram com a família Baniszewski, Paula, uma das filhas de Gertrude, descobre que está grávida e conta isso para Sylvia. Em uma tentativa de impedir que Paula se machuque, Sylvia acaba revelando a situação de Paula, e o fato acaba se espalhando pela comunidade em que elas vivem. Paula, com sede de vingança, conta para a mãe que a menina espalhou mentiras sobre ela. E a partir daí, Gertrude passa a punir, duramente, Sylvia. Apesar de nunca ter tido motivos fortes para bater na menina, Gertrude continua com isso até um ponto que não teria volta.

O filme foi baseado na história real que chocou os EUA, em 1965. Mas tamanhas são as atrocidades cometidas contra Sylvia Likens, que você pensa que é algo impossível de acontecer. A menina é agredida e torturada não somente por Gertrude, mas também pela maioria das crianças da comunidade em que moram.


Este filme deixa bem claro que Gertrude queria que sua filha Paula fosse igual Sylvia. Enquanto Paula é uma menina “fácil” e irresponsável (um tanto quanto influenciada pela mãe), Sylvia é responsável e madura. Talvez seja esse o real motivo pelo qual a matriarca da família Baniszewski cometia tantas atrocidades contra a menina.

Outros momentos no filme mostram que Gertrude tinha problemas com sua sanidade mental. O que nos faz pensar que talvez seja esse o verdadeiro motivo pelas agressões a Sylvia. E porque todas as crianças e jovens da comunidade também agrediram Sylvia? A resposta pura e simples era que eles não sabiam. E porque nenhum deles não contou nada a ninguém? A resposta era que não deviam se meter na vida daquela família. O mesmo acontece com os vizinhos da casa da família Baniszewski que sempre ouviam os gritos de Sylvia, mas não fizeram nada porque também achavam que não deviam se meter.


Se Gertrude estivesse mesmo com problemas mentais, chego à conclusão de que seus filhos e as crianças e os jovens daquela comunidade foram facilmente influenciados por ela, e talvez foram até piores do que ela, pois agrediam a menina sem motivo algum (alguns até demonstravam prazer em fazer isso). Está certo que os filhos de Gertrude tinham medo do que aconteceria se desobedecessem a mãe, mas por pior que fosse, isso não é desculpa.

Na minha opinião, todos tem culpa pelo o que aconteceu à menina. Os pais dela, por deixá-la com pessoas, até então desconhecidas por eles. Todas as crianças e jovens da comunidade por torturarem ainda mais a menina e se não bastasse isso, foram cúmplices, pois não contaram o caso para a polícia, ou para alguém, sequer. Os vizinhos que ouviam os gritos, mas que não quiseram se intrometer na vida daquela família. E Gertrude, obviamente.



Talvez o sentimento que adquiri sobre o filme seja apenas raiva dos culpados, ou pena de Sylvia, não sei. Ou talvez, esse sentimento venha do fato de que Um Crime Americano foi um dos poucos filmes me fizeram roer todas as unhas. Perturbador, eu diria, mas também simples e brilhante.

Nota: 9,5




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