V de Vingança (2005)

Herói. Homem extraordinário pelos feitos guerreiros, valor ou magnanimidade.

(Vocabulário Aurélio)

Herói. Este é o termo mais exato para designar aqueles que lutam por seus objetivos, com determinação e coragem sempre em prol do bem e da justiça. Em V de Vingança vemos o real modelo deste termo, um homem que usa de sua vingança para lutar pela justiça e se torna o representante de uma sociedade medrosa e aflita com seus problemas. Isso pode parecer clichê ou manjado. E é, na verdade. Pois embora muitas adaptações e modificações sejam feitas, a essência de um herói não muda e nunca mudará. Ele continuará sendo o exemplo da coragem que sua sociedade necessita.

O filme em questão possui uma narrativa singular, conseguindo (deferente de muitos filmes de super-herói) ser completo sem em momento algum tornar-se abrupto, isso sem necessitar de seqüências ou auto-explicações ao decorrer de sua projeção. Os méritos de V de Vingança estão todos dentre sua duração de pouco mais de duas horas, isso já foi o necessário para contar uma história madura e conclusiva.

Ao enredo, temos a história ambientada em Londres, que mostra a trajetória de um herói mascarado tentando libertar seu país da opressão da Alemanha. Isso em meio a sujeiras políticas e uma sociedade reclusa ao próprio pavor. Os irmãos Wachowski após o estrondoso seu sucesso com Matrix, adaptam das histórias em quadrinhos de Alan Moore, a saga do vigilante V para as telonas, e deixa a cadeira da direção a cargo de James McTeigue. O resultado de toda essa parceria deu-se em 2005, quando finalmente V de Vingança foi lançado ao mundo.

V não é o tipo de herói que necessita de forças sobre humanas para realizar justiça. Todo seu poder advém de treinamentos que o mesmo fez ao longo de sua vida para completar seus objetivos. Essa é uma das muitas diferidas de V de Vingança a um filme de super-herói convencional, pois os motivos aqui são mais concretos, como batalhas sociais e motivos políticos, escapando do irrealismo de aranhas radioativas e crianças com forças supremas. Vale ressaltar que não estamos falando de um herói de moral inabalável. Pelo contrário, o que determina V é seu instinto de vingança e para realiza-lo ele fará de tudo que for necessário.

Ao elenco foram escolhidos nomes de competência, encarnando seus respectivos papéis de forma eficaz e aderindo aos pontos positivos deste projeto. A protagonista Evey foi encarnada na atriz Natalie Portman, sempre desempenhando interpretações primorosas, e ainda que esta não seja um de suas grandes interpretações é bastante relevante ao conjunto. Outros nomes como John Hurt e Hugo Weaving aderem ao equilibrado porem grande elenco.

O mais bonito do filme é a crescente ligação entre Evey e V, duas polaridades que de início pareciam tão opostas, mas que ao decorrer da trama mostram seus sinônimos e seu afeto crescente, e ainda que as indecisões constantes da personagem de Portman atrapalhem um pouco, esta relação mostra-se muito bonita. Não é a relação clichê de mocinha e herói. Não. Temos aqui uma relação madura entre duas pessoas de objetivos e obstinações em comum e que com bases nestes nutrem um afeto mútuo.

O melhor em um filme de super-herói é provocar sensações diversas em seu espectador em suas cenas de ação, ou em seu clímax. Bem, V de Vingança consegue isso e mais, em meio as suas cenas de luta ou qualquer tipo de ação corporal, o filme sempre põe nosso cérebro em ativa, pois não estamos falando de ação desmiolada. A cada cena observada aqui, contém um propósito por trás, não se resume em momento algum a um filme de ação sem conteúdo.

V de Vingança é uma obra dotada de características próprias e elementos fortes que só realçam seu brilho perante o cinema. Tem seus defeitos, sim. Mas o mérito da produção é encará-los de frente sem tentar maquiá-los, pois se trata de um filme que reconhece seus êxitos e suas falhas. E que mesmo assim, consegue permanecer por muito tempo na mente de seu espectador, assim como a vingança no coração de V.

Freedom!

Forever!

Nota: 9.0