Maio de 2003. O montanhista Aron Ralston recebe repercussão mundial quando é apresentada sua história de fibra e coragem, onde durante um acidente numa fenda, ele teve seu antebraço preso a uma pedra; até que por muito tempo, ele teve de tomar uma decisão difícil para garantir sua sobrevivência. Tudo dura um período de 5 dias. A notícia ganha o mundo, e em 2010, Aron tem seu drama reproduzido em filme por Danny Boyle.
James Franco encarna o difícil papel do corajoso protagonista, extraindo de si próprio um desempenho grandioso que segurará os pilares desta trama. Danny Boyle acerta em contar sua história num ritmo mais acelerado que o convencional, sendo os primeiros momentos do filme ágeis, para culminar de imediato ao fatídico acontecimento; em seus primeiros momentos acompanhamos o jovem em mais uma de suas amadas caminhadas e escaladas, onde ele depara-se em seu percurso com duas belas jovens, ele acaba servindo como guia, e passa com elas uma diversão agradável, após a despedida, ele continua seu esporte sozinho, eis que o acidente acontece (nos primeiros 20 minutos de filme), Aron escorrega durante uma escala, e ao cair uma preda prende seu braço contra os rochedos, dando início ao sofrimento e a agonia do jovem.
Boyle se manteve o mais fiel possível a fantástica história, entretanto por ser uma história densa e relativamente sem muita movimentação, o desafio foi ainda maior do que se pareceu a princípio, e mesmo Franco ancorando uma interpretação esplêndida, em certos momentos a trama se desgasta pela fadiga proporcionada pelo próprio drama, pois, mesmo que o ritmo narrativo seja ágil, a monotonia daquela situação acaba por fazer com que seu desenvolvimento perde-se o interesse. Mas isso foi um risco que todos já tinham ciência, mesmo muito tempo antes de o filme estrear; Boyle ousou em filmar uma trajetória desafiadora, e conseguir manter a atenção do público com ela, talvez isso justifique o excesso de artifícios ilustrativos que intervém a cada momento na obra, fazendo-a em alguns momentos parecer mais uma propaganda comercial que um longa cinematográfico.
127 Horas, mesmo com alguns recursos que não importam a trama, consegue manter a tensão constante em qualquer espectador, sendo angustiante ao público, depara-se com mais de uma hora de projeção detidos em uma fenda montanhosa, tendo como único foco de atenção a agonia e o desespero de Aron. Nisso o acerto da produção fica evidente, em criar momentos vertiginosos em seus espectadores, bem como a sentimento inevitável de pena por todo o drama daquele corajoso rapaz. Por conter uma trama simples e estática demais para os padrões de cinema, 127 Horas não contém uma duração extensa, pelo contrário é deveras rápida, e isto foi uma qualidade que o filme integrou para si próprio, pois talvez com mais tempo de projeção, a trama não tivesse - e não teria – sobrevivido tão bem quando o fez com seus 94 minutos.
Mesmo com a força da história, e por o público saber que esta se trama de um drama tristemente real, a força da película não se detém apenas ao que narra, mas sim a atuação de James Franco, que emprega a seu personagem toda a força e o desespero necessários para modelar um personagem que mais se aproxime - e nos aproxime - da realidade. No fim de tudo, 127 Horas detém uma energia e tensão peculiares, advindas de seu elenco, estética e trilha sonora, que fazem o público querer acompanhá-lo até o desfecho de toda a provação de Aron.
127 Horas consegue ser, apesar de suas falhas, um filme acima da média, mesmo não se fazendo valer ao Oscar de Melhor Filme pelo qual foi indicado. Boyle estendeu as pequenas projeções de seu filme a um entretenimento qualificado, que transmite ao público a tensão e agonia necessárias à história, que por fim garantem uma boa sessão. Só que após os créditos finais percebemos que na mesma proporção que 127 Horas chega ao seu público, ele se evapora como uma produção que serve apenas para o entretenimento, mas que facilmente cairá no esquecimento. E isso é realmente uma pena, pois a emocionante história de coragem de Aron Ralston, definitivamente merecia uma adaptação a altura de sua própria determinação.
Nota: 6.0
Eu até concordo sobre o Boyle, a direção dele incomoda um pouco mesmo, é como se o filme não fosse pra ele.
ResponderExcluirMas a força da história, por si só, já faz valer o fime, sem falar no maravilhoso trabalho do James Franco. Achei um filmaço, mesmo com a mão pesada do diretor.