If you smile
With your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll find that life is still worthwhile
If you just Smile...
Smile and maybe tomorrow
You'll find that life is still worthwhile
If you just Smile...
A filmografia de Chaplin é bastante diversificada, para não dizer contraditória. Para muitos ele não passou de um diretor que se valeu do mesmo personagem e do mesmo gênero (comédia) para construir sua fama. Mas esse é um pensamento equivocado, já que Chaplin foi um dos cineastas mais versáteis em usar suas obras como formas diferentes de enxergar o mundo. No caso de Luzes da Cidade é possível conferir a visão mais romantizada e inocente do cineasta, livre da maioria dos duplos sentidos satíricos e ferozes que acompanham a maioria de seus outros trabalhos. Desta vez ele está mais leve do que de costume, mas igualmente melancólico e emotivo. É um filme de belezas tristes, humor inocente, momentos sinceros e verdades inegáveis que somente alguém com a alma de artista consegue enxergar. Uma obra-prima que remete ao que há de mais valioso num filme: seu coração.
Desta vez podemos conferir o clássico personagem Vagabundo se apaixonando por uma florista cega, que acredita que ele é um milionário galante. Para poder manter sua farsa de homem rico, Vagabundo usará a ajuda de um verdadeiro milionário que salvou do suicídio um tempo antes. A partir desse ponto se inicia então um verdadeiro conto romântico e inocente sobre pequenos detalhes da vida que todos nós despercebemos, desde a pureza dos apaixonados até as mentiras inconseqüentes que contamos àqueles que amamos. Tudo coroado pelo cenário divino de uma noite na cidade grande e tudo o que ela pode trazer de bom ou ruim.
A genialidade de Chaplin nesse filme está bem mais afiada do que de costume. Ele infantiliza elementos tão fortes, como o amor e a mentira, a fim de passar uma mensagem com o dobro de força que um filme mais sério poderia passar. Ele acaba criando um verdadeiro drama, mas nunca de uma forma pesada ou cansativa, mas sempre com surpreendente leveza e amabilidade. A forma como ele consegue realizar tantas proezas encima de uma premissa tão simples só pode ser considerada como genial, tanto cinematograficamente quanto artisticamente. É quase impossível ver outro trabalho que consiga ser tão profundo e comovente apenas usando elementos tão primários de uma ficção.
Ainda que rebelde com o cinema falado, Chaplin fazia questão de colocar som em suas obras, por mais contraditório que isso possa parecer. Luzes da Cidade, apesar de não possuir falas sonoras, é embalado por sons de fundo e por uma trilha sonora soberba (me arrisco a dizer que talvez seja a trilha mais bonita composta por ele em toda sua filmografia). A música "Smile", que tem um trecho seu supracitado, talvez seja uma das composições musicais mais belas já feitas não só para o cinema como para o mundo da música em geral. Possui um ritmo envolvente e triste, completado por sua letra melancolicamente otimista, naquela mistura tão oposta de tristeza e positividade que somente Chaplin conseguia realizar. Uma jóia para o cinema e para a música.
Sem dúvidas, Luzes da Cidade é um trabalho que transpira genialidade em todos os momentos. Talvez não seja tão satírico como os famosos "Tempos Modernos" (Modern Times, 1936) e "O Grande Ditador" (The Great Dictator, 1940), nem tão inocente e puro como "O Garoto" (The Kid, 1921) e "O Circo" (The Circus, 1928), mas com certeza é uma das obras mais verdadeiras de Chaplin. Uma comédia romântica eternizada na memória do cinema como sendo uma das mais pueris, leves e ao mesmo tempo impactantes e emocionantes. Obra-prima sem igual, feita por um cineasta que via, antes de mais nada, o coração de cada um dos seus filmes como sendo o fator mais importante.
Desta vez podemos conferir o clássico personagem Vagabundo se apaixonando por uma florista cega, que acredita que ele é um milionário galante. Para poder manter sua farsa de homem rico, Vagabundo usará a ajuda de um verdadeiro milionário que salvou do suicídio um tempo antes. A partir desse ponto se inicia então um verdadeiro conto romântico e inocente sobre pequenos detalhes da vida que todos nós despercebemos, desde a pureza dos apaixonados até as mentiras inconseqüentes que contamos àqueles que amamos. Tudo coroado pelo cenário divino de uma noite na cidade grande e tudo o que ela pode trazer de bom ou ruim.
A genialidade de Chaplin nesse filme está bem mais afiada do que de costume. Ele infantiliza elementos tão fortes, como o amor e a mentira, a fim de passar uma mensagem com o dobro de força que um filme mais sério poderia passar. Ele acaba criando um verdadeiro drama, mas nunca de uma forma pesada ou cansativa, mas sempre com surpreendente leveza e amabilidade. A forma como ele consegue realizar tantas proezas encima de uma premissa tão simples só pode ser considerada como genial, tanto cinematograficamente quanto artisticamente. É quase impossível ver outro trabalho que consiga ser tão profundo e comovente apenas usando elementos tão primários de uma ficção.
Como em todo trabalho do cineasta, há sempre um contexto histórico que o motivou a criar sua obra. Nunca Chaplin fez um filme só por fazer. Ele fazia com o intuito de expor ao mundo os sentimentos que o invadiam em determinado momento de sua vida, como se fosse um diário. Em Luzes da Cidade, por mais que possa parecer que o diretor estivesse passando por uma fase mais leve e sonhadora, tudo não passa de uma obra voltada para mostrar a melancolia que o corroia. O cinema mudo estava ficando extinto e não atraía mais público nem crítica, de forma que todo o charme costumeiro de suas obras estava seriamente ameaçado. Ele se recusava a evoluir com o cinema, com medo de que isso acabasse matando seu personagem mais amado e cultuado. Luzes da Cidade, um filme mudo lançado na época em que os falados ainda eram novidade e estavam super na moda, foi um pequeno protesto da parte de Chaplin para deixar claro que sua forma de ver o cinema ainda era a mesma e o quanto seu coração estava despedaçado em ter de aceitar que Carlitos já não era mais um personagem viável. Toda a atmosfera triste desse filme, mesmo que embalada por momentos singelos e otimistas, não passa de uma retratação desse sentimento que devorava o cineasta por dentro.
Ainda que rebelde com o cinema falado, Chaplin fazia questão de colocar som em suas obras, por mais contraditório que isso possa parecer. Luzes da Cidade, apesar de não possuir falas sonoras, é embalado por sons de fundo e por uma trilha sonora soberba (me arrisco a dizer que talvez seja a trilha mais bonita composta por ele em toda sua filmografia). A música "Smile", que tem um trecho seu supracitado, talvez seja uma das composições musicais mais belas já feitas não só para o cinema como para o mundo da música em geral. Possui um ritmo envolvente e triste, completado por sua letra melancolicamente otimista, naquela mistura tão oposta de tristeza e positividade que somente Chaplin conseguia realizar. Uma jóia para o cinema e para a música.
Sem dúvidas, Luzes da Cidade é um trabalho que transpira genialidade em todos os momentos. Talvez não seja tão satírico como os famosos "Tempos Modernos" (Modern Times, 1936) e "O Grande Ditador" (The Great Dictator, 1940), nem tão inocente e puro como "O Garoto" (The Kid, 1921) e "O Circo" (The Circus, 1928), mas com certeza é uma das obras mais verdadeiras de Chaplin. Uma comédia romântica eternizada na memória do cinema como sendo uma das mais pueris, leves e ao mesmo tempo impactantes e emocionantes. Obra-prima sem igual, feita por um cineasta que via, antes de mais nada, o coração de cada um dos seus filmes como sendo o fator mais importante.
Nota: 10.0
Belíssimo filme, extremamente sensível e com Chaplin no auge da forma.
ResponderExcluirAbraço