Os vampiros e sua mitologia já foram incessantemente explorados pelo cinema. Desde Nosferatu, de 1922, passando por Drácula de Bram Stoker, e chegando até a atual saga Crepúsculo, os sugadores de sangue sempre encontram alguma nova ótica a ser vista (Stephenie Meyer que o diga).
2019 – O Ano da Extinção traz mais uma visão diferenciada sobre os vampiros. Após a pandemia de um misterioso vírus, quase toda a população é composta por vampiros que passaram a viver de uma forma semelhante àquela dos humanos, mas ainda dependentes do sangue e sob extrema intolerância a raios ultravioletas. Praticamente dizimada, o resto da raça humana é caçada e seu sangue comercializado como alimento. Com a escassez cada vez maior do sangue humano, o governo decide criar um substituto do alimento dos vampiros. O cientista Edward Dalton (Ethan Hawke), um vampiro que não aceita a própria natureza e luta pela conservação da raça humana é um dos encarregados de projetar a substância, mas em meio a fracassos e ao caos da falta de sangue, ele acaba se juntando a um grupo de humanos que poderão ajudá-lo a salvar a humanidade.
O filme tem uma cena de abertura interessante, onde uma garotinha comete suicidio por não suportar as condições em que é obrigada a viver pelo fato de ser vampira, como a eterna aparência jovem. Para muitos, isso poder soar como uma incoerência, afinal, a imortalidade sempre foi retratada como uma dádiva em filmes do tipo, mas aqui, os diretores Michael e Peter Spierig decidem dar um novo passo no gênero, retratando sobre uma perspectiva diferente.
A dupla de diretores também mostra preocupação em trabalhar a complexidade dos conflitos dos personagens, não apenas sobre aprender a lidar com seus poderes e a discriminação que sofrem (o que nos remete diretamente a série X-Men), mas também a negação do protagonista aos seus instintos e desejos, e até em determinado momento, aceitando tornar-se humano sem hesitação.
Mesmo com todas essas surpreendentes qualidades, o filme encontra sua parcela de falhas, vindas especialmente do roteiro. Ainda que os conflitos se mostrem suficientemente complexos e interessantes, alguns deles não são muito bem desenvolvidos, como é o caso da relação entre Frank e seu irmão, que ao contrário dele, gosta da vida de vampiro. As diferenças entre os irmãos poderia ter gerado algo interessante, caso não fosse esquecida de forma tão abrupta. Do mesmo modo, o vilão, que apresenta uma personalidade bidimensional (mesmo se importando com a filha, ele não hesita em transformá-la em vampira), surge como uma figura interessante, mas cujo desenvolvimento também é deixado de lado.
Talvez o que tenha atrapalhado este ponto crucial do filme (e que poderia ter gerado algo maior) tenha sido a preocupação dos diretores em retratar a civilização em que a sociedade vive agora, o que acabou impedindo que outros fatores fossem melhor trabalhados.
Mas os diretores se saem muito bem em retratar a civilização em que os vampiros vivem. A direção de arte de Bill Booth usa traços sofisticados e elegantes, sempre predominados por tons escuros, que misturamo branco e o vermelho, traduzindo bem as caracteristicas que marcam os personagens. Os figurinos também possuem cores neutras, mas com uma caracterização meio retrô, o que serve de contraponto a fraca fotografia de Bem Nott, que até tenta criar uma atmosfera interessante, mas sem sucesso. O trabalho de maquiagem evita qualquer resquicio de artificialismo (fato bastante presente na saga Crepúsculo, por exemplo), permitindo que o tom pálido da pele dos vampiros adquira uma aparência bastante realista. Uma pena que os efeitos especiais tenham se mostrado tão fracos (alguns ultrapassa a barreira do risivel), mas são compensados com cenas de ação que trazem bastante impacto e tensão ao espectador.
Trazendo um interessantissimo conceito sobre os vampiros, 2019 – O Ano da Extinção acaba falhando por não trabalhar melhor suas intenções. Mas estas intenções já são suficiente para garantir os 90 minutos de filme, que podem ser bem divertidos, se você não ligar para tantas falhas.
Nota: 6.0
o autor do filme leu todos os livros de meyer e reuniu tudo num filme. acho muito parecido com a hospedeira e igual twilight.
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