Todo e qualquer cinéfilo, gostando ou não, sabe que Clint Eastwood é firmemente um dos cineastas mais intensos que se tem notícia. Isso porque, ele, especialmente nestes últimos tempos, interliga tramas humanas a uma carga emocional forte, onde somos cúmplices da trajetória dos personagens centrais, seja o grupo de amigos abalado em Sobre Meninos e Lobos, ou a batalhadora pugilista em Menina de Ouro. Para o bem ou para o mal, as recentes obras de Eastwood carregam consigo uma densidade dramática pesada, onde o cineasta guia com maestria, onde com isso adquire prêmios e elogios onde passa.
Gran Torino não é diferente dos demais, pois concilia o destino de um velho rabugento e um jovem introspectivo num laço afetivo, onde durante toda a projeção, o relacionamento é mergulhado numa intensa proporção emocional. A história dar-se na narrativa da vida de Walt, um velho amargurado após o falecimento da esposa, onde ele acaba por afastar-se de seus filhos e netos, passando a viver solitário como guia de sua própria monotonia diária. Eis que uma família coreana moradora da casa vizinha fará Walt reavaliar seus valores e seus próprios conceitos.
É visível certa semelhança com alguns filmes do próprio Eastwood. Em especial com alguns elementos de Menina de Ouro, onde presenciamos o próprio Eastwood vivendo o personagem central desta trama, que muito lembra sua performance como o treinador de boxe no filme de 2004. Propriamente dizendo, isso não seria uma falha, mas sim um deslize por parte do roteiro (ou da própria atuação de Eastwood), pois, querendo ou não, a moldagem de um personagem rabugento que a medida do tempo vai amadurecendo com a ajuda de outro ser, não é original desde muito antes da criação de ambas as obras. Entretanto, diferente de Gran Torino, em Menina de Ouro foi repassada uma força e uma construção tão bem montadas ao personagem que nos esquecemos deste aspecto, e nos entregamos a sua trajetória estupenda.
O que se percebe ao decorrer destes últimos anos é que a cada filme realizado por Eastwood serve como um prenúncio de que no próximo trabalho ele amadurecerá mais e aprimorará mais suas qualidades. Em Gran Torino há um regresso da vitalidade demonstrada em As Cartas de Iwo Jima (seu trabalho anterior), pois neste, o cineasta empenhou-se mais na questão emocional que, propriamente contar uma boa história. Assuntos ricos de debate como a xenofobia, o preconceito são tratados de forma planificada e estática durante todo o filme, e no decorrer deste, vem à ciência de que Gran Torino foi aquilo do que pretendia fugir, um filme de emoções plásticas, fragilizado por seus problemas internos.
A montagem de personagens aqui não é tão bem modelada quanto em outros projetos. Sei que é desagradável pôr obras diferentes em comparação, mas ao termos a noção do quão grande poderia ter sido (mesmo com uma matéria prima restringida), damo-nos que a vitalidade que Eastwood demonstrara antes, aqui se encontra anônimo.
Mesmo não correspondendo ao talento de seu diretor, Gran Torino alcança de forma precisa o grande público, vindo a ser bem aceito por muitos que se aterem a um drama convencional (mas de teor emocional alto), sem o esmero e o brilho que o diretor imprimira com obras anteriores. No fim, o motivo pelo qual Gran Torino emerge seus defeitos é por seu desfecho, onde todo o cenário despenca e somos apresentados ao verdadeiro filme, uma concretização de tudo que a trama escapava até então. Do próprio vazio.
Achei este filme mto bom, talvez nao um dos melhores de Eastwood mas nao fica pra trás em nada de alguns outros mais fracos dele. Acho que o final, apesar da dramaticidade, foi bastante surpreendente.
ResponderExcluirAbs!
Discordo da crítica, acho Gran Torino um filmaço
ResponderExcluiricenema12.blogspot.com
Também discordo da critica. Acho o filme um estudo de personagem maravilhoso, que só peca pelo final extremamente previsivel. Eastwood dá um show em todos os aspectos: direção, roteiro e atuação!
ResponderExcluirParece que estou contra a maré mesmo. (Hehehe)
ResponderExcluirMas, talvez foram minhas expectativas em Gran Torino que afundaram as proporções da obra, eu esperava um filme no nível de "Menina de Ouro" e "Sobre Meninos e Lobos", mas fazer o quê... (não o detestei apenas achei-o regular[6.0])
Mas de qualquer forma, respeito todas as opiniões de quem aprecia a obra.