Beleza Americana (1999)

“Vende-se a (suposta) felicidade familiar. Preço: Sua vida.”

De acordo com o american way of life é dessa forma que a sociedade norte americana é mostrada, como um anúncio de vendas onde o produto em oferta é uma felicidade de fachada. Em Beleza Americana todo o plástico é rasgado mostrando a realidade por baixo da máscara, e analisando o quão hipócrita e dissimulada é a sociedade atual.

Sam Mendes destilou toda sua audácia em tocar nas feridas de sua sociedade exibir para o mundo problemas verídicos enfrentados por esta, delatando apenas os fatos e deixando nas mãos do espectador o poder do julgamento e de suas conclusões. Beleza Americana não é apenas o espelho de uma única nação, mas sim, os problemas e situações corriqueiras que podemos vivenciamos em nossos cotidianos, problemas estes escancarados, mas que por algum motivo tapamos os olhos para não enxergar.

Para ilustrar o foco do que Beleza Americana quer repassar, o filme narra à história de Lester Burnham, o chefe de uma família desestabilizada por problemas, desde sua filha rebelde a sua esposa infiel que são o complemento para essa crise. Lester então passa a livrar-se da passividade e começa a tomar suas próprias decisões, então ele larga o emprego, e passa a malhar para dessa forma atrair a atenção da melhor amiga de sua filha.

O roteiro canaliza todo a sua sátira mordaz aos retratos familiares tradicionais, que demonstram uma felicidade embalada, fajuta, escondendo seus verdadeiros anseios e suas respectivas personalidades. Temas fortes são absorvidos pelo filme com destreza e intensidade, aderindo ainda mais poder no filme em si, entre eles: As drogas, a homossexualidade, os problemas juvenis e as relações familiares.

Em seu desenvolvimento Beleza Americana adere para si, uma áurea de tensão e mistério, fazendo o espectador questionar-se de como será o destino de cada personagem, de cada trama, eis que somos apresentados ao glorioso desfecho, que ilustrará com perfeição toda a crítica social que o filme direcionou. Por mais impactante que seja, as cenas derradeiras só são uma representação de acontecimentos reais de toda uma realidade contemporânea.

Mesmo repassando uma mensagem contundente e verossímil sobre acontecimentos de nosso cotidiano, talvez, o maior triunfo de Beleza Americana não seja apenas expor uma análise social, mas sim fazer com que essa reflexão dos problemas chegue a cada espectador de forma impactante, fazendo o se identificar, se indignar e até se admirar com uma história que faz um perfeito meridiano entre a ficção e a realidade, ou melhor, entre a sociedade imperfeita e a figura do ser humano.

Beleza Americana é um dos filmes mais importantes e decisivos da década de 1990, que incluiu seu nome e relevância perante toda a história do cinema, e faz valer, até hoje, cada troféu que enalteceu seus visíveis méritos. Sua conquistas não vieram apenas de seus atributos cinematográficos, mas sim da maneira feroz com que atacou o modo de vida americano, destruindo a cortina que cobria cada uma daquelas belas casas da vizinhança. Sublime. É a melhor e mais plausível palavra para designar o que o filme de Sam Mendes.

A mensagem final do filme, narrada por Lester Burnham ressoará em nossas mentes e em nossos corações como uma previsão de que aquelas situações que vimos durante todos os seus cáusticos 122 minutos de duração são nada mais do que o podemos enfrentar durante nossa vida, durante nossa existência. Sendo assim, Beleza Americana somos nós. Eu, você, e todos, sendo analisados bem de perto, não como personagens de uma ficção, mas simplesmente, como seres humanos.

Nota: 10.0