"Em outubro de 1994, três estudantes de cinema desapareceram na floresta próxima a Burkittsville, enquanto filmavam um documentário… Um ano depois as imagens foram encontradas."
Esse slogan resume por si só o impacto que A Bruxa de Blair providenciou em meados do fim da década de 90. O filme tornou-se a maior surpresa de seu ano, pois mesmo contando com um baixíssimo orçamento, o filme arrecadou um sucesso astronômico e conferiu uma febre mundial em volta de seu título. Este pseudo-documentário baseado numa lenda urbana americana conseguiu através de uma maneira bastante eficaz, assustar e definir seu nome e reconhecimento internacional.
A Bruxa de Blair não constrói seu horror através de banhos de sangue ou cenas de alto nível de violência. Absolutamente. A atmosfera de pânico se constitui através da tensão a qual os três protagonistas são submetidos, em meio a uma densa e úmida floresta, assombrados por um ser invisível. Isso mesmo. A “bruxa” (ou o ser que os amedronta) não aparece em momento algum durante toda a projeção, tornando o medo e a aflição ainda mais subjetivos, coisa que se intensifica com à medida que os dias se passam naquele lugar, e os jovens já se encontram psicologicamente desgastados.
Heather, Josh e Mike são jovens estudantes de cinema comuns, que durante a idéia de filmar um documentário sobre uma lenda urbana local, acabam perdidos em meio à estranha floresta, eis que então coisas estranhas passam a acontecer naquele lugar. A história do filme é relativamente simples, porém com a destreza dos dois cineastas - Daniel Myrick e Eduardo Sánchez - que fazem frente ao projeto, a arquitetura e a ambientação de todo aquele conto de horror torna-se algo consideravelmente primoroso.
Mesmo mantendo sua filmagem como algo que hoje tornou-se redundante e enfadonho, A Bruxa de Blair foi um dos precursores da utilização das imagens supostamente reais. Este, diferente de muitos filmes que aderiram a este truque, foi feliz em conciliar essa forma de gravação com sua proposta inicial, resultando assim num grande feito para seus realizadores, e eventualmente para o grande público.
A Bruxa de Blair foge dos padrões de seu gênero, e cria em volta de si características próprias e peculiares, desde a forma como constrói minuciosamente seu clima de tensão, até seus momentos mais aterradores, capazes de assustar o público apenas com sons longínquos ou imagens imprecisas. Estes e outros aspectos que tornaram A Bruxa de Blair um valioso exemplar de seu gênero, foram ao decorrer destes anos imitados e até satirizados por produções de nível mais baixo, o que reforça ainda mais sua importância em meio público e cinematográfico.
Durante todos os seus cáusticos minutos de duração, somos submetidos a uma veia intensa de terror e mistério, somos então transportados, juntos com os três jovens, aquela escura floresta e acompanhando suas trajetórias, onde prevaleceram muita aflição e agonia, afinal estamos falando de pessoas inseguras, assombradas por um mal que elas (e até os espectadores) desconhecem. O vilão invisível e silencioso, que mesmo não mostrando sua identidade, provoca o medo e o horror.
Em seus minutos finais (respectivamente a cena na casa abandonada), o clima de pavor em A Bruxa de Blair se torna algo sufocante, culminando num desfecho abrupto e chocante. Vemos então com a subida dos créditos que o que presenciamos não foi apenas um mero título do suspense, mas uma muito bem vinda surpresa para seu gênero, e para todo o público que se agregou a ele, e foi conquistado por sua originalidade. A Bruxa de Blair é um exemplo perfeito de que o cinema sempre está adepto a nos entregar mais e mais modelos de inovação, saudando o público com obras cada vez mais personalizadas, e por assim dizer, inesquecíveis.
Nota: 8.0
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